quarta-feira, 5 de maio de 2010

João Gilberto e a vaia...

João Gilberto e as vaias...

Estava no intervalo da hora dançante
No Minas Tênis Clube
O Microfone estava só
Quando entrou João Gilberto,

Vim cantar para vocês...
Começou a dedilhar o seu violão
Cabeça curvada bem perto do microfone
Começou a cantar, baixinho...

Era uma vez um lobo mau que resolveu jantar...
Todos conhecem a música
Mas no final da música
Lobo bobo...uh!uuuuuuuu!!!

Todos acompanharam,
Fazendo UUU...UUU, alguns riram
Ficou parecendo uma vaia, mas não era
Só que o dono da Bossa Nova não achou

Ficou envergonhado, pegou o violão e saiu...

Sobre a obra
Corria o ano de 1957 e na "Hora dançante do Minas" receberia no intervalo um artista para cantar. Ninguem conhecia João Gilberto mas sua música já era conhecida. No final da música ensejou um acompanhamento nada maldoso. Era o UUUUU do uivado do Lobo que resolveu jantar alguem... Só que ficou parecendo uma vaia e o cantor imediatamente saiu de cena... Pena o equívoco, pois estava começando as apresentações do "pai da Bossa Nova". Acontecido: Registrado. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Eu e os "Harlem Globetrotter"

Eu e os "Harlem Globetrotter"

Estava na arquibancada do Minas
Estádio lotado para ver os artistas da bola
Jogavam como ninguem
Passes mágicos, nunca vistos!

Enterradas mil, sempre sorrindo
A plateia delirava
Ficou gente do lado de fora
Os portões até foram abertos

Quando acabou o jogo
Queria um autógrafo...
Cheguei perto do maior deles
"Ei? Ta fazendo frio ai em cima?"


Ele me deu uma Coca-Cola
Daquelas de "cinturinha"

Sobre a obra
Ano de 1956, estádio do Minas Tênis lotado para ver os Globetrotters. Deram uma verdadeiro show de como jogar ...Belo Horizonte, Minas, Brasil

A fita do "Holter" como testemunha...

Estava com um aparelho e eletrodos pelo corpo
Monitorando os batimentos cardíacos
Deitado na poltrona da sala
Dormi, sozinho em casa

Bateram na porta? Tocaram campainha?
Me levantei fui atender
Abri a porta, vi uma luz muito clara
Muito forte, tentei ir adiante

Um túnel de luz muito brilhante
Voltei, me dirigindo pra sala
Me vi deitado no sofá
Deitei-me novamente aonde estava

Abri os olhos, acordei assustado!

A fita do Holter foi a única testemunha!!!

Sobre a obra
Fazia o monitoramento cardíaco com o aparelho "Holter" e ele registrou o exato período do acontecido, marcações que não condizem com resultados do aparelho. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

A uma " Santa"

Tu és o quelso do pental ganírio,
Saltando as rimpas do fermim colério,
Carpindo as taimpas num furor solírio
Nos rúbios calos do pijon sitério

Es o bartólio do bocal empíreo
Que ruge e passa no festim sitéreo
Em tiroteios de partano estéreo
Rompendo as gambas do horto mogenéreo

Teus lindos olhos que tens barcalantes
São comecurias que corguejam lantes
Nas cavas chusmas de nival oblôneo
São cormentórios de um côrce matálio

Nas duas pelias porque pulsa obálio
Em vertimbáceas de pental Perôneo

Resposta feita por Vinicius...

Tu és um mento sarjo querelante
Condinejando em mitos latinéreos
Guisufas rude mau corruscolante
Vituperando a coorde dos catéreos

És um corupináceo queliante
Daqueles que lampedem cemitérios
Tuas pegadas salem-trucoliante
Fantasma mor e estil dos hemisférios

Teus olofernes xistos sindinosos
São dois estopins sinorosos
Que salem duras cristas de xiroes
Eburnescente e límpico sendal

Os que te empecerem no tendal
Se não se nirvanarem são heroes

(Vinicius)




















Sobre a obra
A "uma Santa", autor desconhecido do Nordeste, ( Poesia sonante)
A resposta foi feita por" Vinicius" (pseudônimo que meu pai usava) Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

A Grampolândia...

Grampolândia, este e' o novo apelido...
Brasília de certo não gostou
Grampearam conversas escusas
Das autoridades que a gente votou!

Fala o Juiz na TV, fala também Senador.
Se reunem com o Presidente,que horror!
Que logo toma uma "providência"!
Afastando- os, em nome da decência...

O que eu disse, o que eu falei ?
O medo ronda o Planalto
Tentam se lembrar das conversas, direi
Agora e' falar baixo, não alto

Uma luz , uma ide'ia, foi sugerida
Arranjar " bandeirinhas", diz o "doleiro"
Comunicar de um Ministério a Outro
Agora, só "Semáforo", como faz o escoteiro.



Sobre a obra
Grampolândia é o novo apelido dado pelo "Jornal Nacional" ao novo escândalo que (não) abala o Govêrno Federal...

"Além do Código Internacional de Sinais, existe um semáforo de duas bandeiras operado por um sinalizador. Foi utilizado principalmente pela Marinha dos EUA no século passado, mas seu curto alcance fez com que gradativamente entrasse em desuso. Hoje em dia seu uso está limitado a certos tipos de comunicação do tipo administrativo ou técnico"...

Os pobres de Boston

Barbudos, reunidos com seus carrinhos de supermercado
Tem colchonete, cobertor, escova de dentes
Na praça assentados
Cada hora um...

Fica pedindo, "do you have change?"
Com seus tênis de marca
Bem vestidos ?
O que eles querem? Trocados?

O dinheiro arrecadado vai para a turma
Dormem na praça
Os vigias da noite
Informações? Sabem do movimento

Compram as bebidas que os separaram de casa...
Os amigos são sua família
Todos os conhecem
Com os pobres de Boston

Aprendi uma lição...



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Belo Horizonte MG poesia
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Autoria Autor:Victorvapf
Ficha técnica Os pobres de Boston, usam os carrinhos de supermercado para carregar seus pertences. Tem cobertor, colchonete, escova de dentes, mas nao usam gilete para fazer a barba nao...Vi que tem uma amizade muito grande, uns pelos outros...(Copley Square)
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A "Guerrada Lagosta" e o "Pre-sal"

"Guerra da Lagosta" e o "Pré-Sal"

Os pesqueiros nordestinos reclamaram
"Tem navios da França protegendo seus barcos de pesca,
Concorrendo com nossas jangadas
Tirando mesmo, nosso ganha pão"

O Brasil manda seus navios
Se posicionando para guerra!
A fragata francesa volta pra França...
De Gaulle revoltado, arma sua frota

Os gastos de guerra são feitos
Se prepara para zarpar!
O Brasil, mais que depressa, se retira.
Deixa o cenário de guerra as moscas...

De Gaulle é avisado, vocifera!
Este não é um país sério!
Agora, no pré-sal, o Brasil cedeu áreas.
Duas firmas participaram do achado:

Uma firma Inglesa e outra americana
A Petrobra's tem 55 por cento e os outros, 45...
Querem mudar o contrato! Alegando que o mar e' nosso!
A "Quarta Frota" americana já está lá !

Para fazer cumprir o contrato?..

Não sei, mas está coerente com que diz o "Slogam":

"Brasil, um país de todos"

Sobre a obra
A "Guerra da Lagosta", já ficou na história... Agora surge um novo problema, na área do Pré-sal, pois os engenheiros da Petrobrás sugeriram mudar o contrato, que eles tem com diversas firmas, neste caso, afetaria uma dos EEUU e outra da Inglaterra...Os nossos "amigos" do Norte já mandaram a "4a. Frota" pra área, sob alegação de exercício no "Mercosul "... Deram uma liberdade para o Lula, que está "reclamando" desta presença, mesmo porque, as eleições se aproximam e o nosso Presidente tem que dar uma de autônomo, pra ver se fatura uns votos a mais, na apuracao das urnas.

A quebradeira...

Quando entrei no Banco do Brasil
Ele era também um Órgão Fiscalizador
Mantinha os Bancos sob forte controle
Ele tinha a "Fiban", fiscalização de bancos

Veio a "Revolução" com patrocínio dos banqueiros
E a primeira coisa que fizeram
Foi acabar com a "Fiban"
Tiraram do Banco sua força e influência

Quase o privatizaram...
Agora, livres, leves e soltos
Começaram a fazer de tudo
Mas um dia, um belo dia

A coisa passa a degringolar
Liberdade demais pro dinheiro
Ele vai para "outros bolsos"
Então a gente começa a pensar:

Volta Banco do Brasil...volta Fiban!

A colheita...

Eu já estava de posse do sítio
Tinha comprado do Luiz T. Silva
Não tinha pago nem a primeira prestação...
E a laranjeira estava lotada, pronta pra colheita!

O "Botão" meu colega, tinha uma camionete
Antiga, Ford 29, se ofereceu para ir até lá.
Debaixo da laranjeira, laranja "campista"
Ficou a carroceria do fordeco.

Balencei os galhos e as laranjas iam caindo
A camionete lotou de laranjas...
Fomos para cidade vendê-las
Ninguém quiz comprar

Na saìda de um grupo, enchemos as pastas dos meninos
Ainda sobrou muita laranja!
Que no Banco, eu distribui nas mesas dos colegas.
Era uma surpresa prá quando chegassem!

"Qual foi o puto que colocou estas laranjas aquí?"
O colega falava e jogava-as no lixo...
Muitos não gostaram do "presente!
Parecia até "laranja madura na beira da estrada"...


Sobre a obra
Eu tinha comprado um sítio em Lavras, local que eu tomei posse no Banco do Brasil. Tinha muitas laranjeiras, laranjas campistas daquelas antigas, plantadas em formação e estavam carregadas, prontas para colheita. Foi a minha primeira colheita, como não consegui vendê-las, resolvi´distribuir entre os alunos de um Grupo Escolar e o que sobrou, achei que seria uma boa distribui-las para meus colegas, mas parece que n-ao foi uma boa idéia... Lavras, Minas Gerais, Brasil, ano de 1965.
"Botao" era o apelido do meu colega.

O Comprador de gado...

Tinha recebido minha gratificação, a primeira
Estava na fazenda de minha futura sogra
Avisei que gostaria de comprar um "gado"
Aplicar um dinheiro, disse impressionando o pessoal

O João Chaves é que tem o melhor gado!
João Chaves era tio do Aureliano Chaves
Arrematou o primo da minha namorada.
Famoso que era pelas grandes compras e vendas...

Com o caminho aprendido, fui no meu "fusca" 66
Perto de Coqueiral eu avistei o fazendão
Casarão antigo, terreiro imenso com secadores de café'
O Seu João me recebeu, mandando entrar todo educado

Gostaria de ver umas vacas? Leiteiras, completei
No curral centenas delas...
Disponho de tudo, dependendo da oferta!
Separava o gado, vi as mais vistosas...

Dou tanto para cada cabeça!
Oferta boa, irrecusável...
Aceito! Bom que paro de tirar leite de uma vez...
O senhor então separa estas duas para mim...

Tinham ate nome:
Argentina e Gigolette...
O Seu João, pego de surpresa, não falou nada...
Na mesa da copa enquanto ouvia as nove badaladas do carrilhão!

Deixei o pagamento!

O Seu João ainda mandou entrega-las na fazenda...




Sobre a obra
Seu João era tio do Governador Aureliano Chaves, me recebeu com um cafezinho na imensa mesa da copa. Atrás, no alto pude notar o relógio antigo de parede dando nove badaladas daquela manha de julho. Não era para aceitar o nego'cio proposto, pois o preço oferecido era bom para o gado todo... Tanto e' que aceitou a oferta pensando que eu iria arrematar tudo... A fazenda tem o mesmo aspecto, com duas imensas chaminés da época em que funcionava uma usina beneficiadora de cana. Na época o preço do leite para o produtor estava abaixo da critica, talvez por isso tenha resolvido de uma maneira ou de outra, aceitar a oferta... (A minha inexperiência pra comprar gado, talvez tenha me ajudado) Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil. Ano de 1967.

Elpídio e seu " fraque "

Na fazenda, viviam os dez tios da minha esposa
Dona Sianinha, teve doze, duas moças completavam
O Elpídio é quem tirava o leite da fazenda
Passou por lá um vendedor que esquecera sua maleta

Como demorou voltar para buscar o esquecido
Reviraram seus pertences, pouca coisa havia
Destacava um fraque meio surrado, mas um fraque!
Mês de junho, mês frio, pra protejer as costas

Elpidio vestia o fraque, de lã, manga comprida
Lá estava o Elpídio, assentado no banco de um pé
Jogando para trás dois rabichos de ponta
Enquanto ajeitava as tetas da vaca, para o leite tirar

Poucos na roça estranhavam a vestimenta...
Mal sabiam que ela poderia ter vestido, quem sabe,
Um famoso maestro, quiçá um comendador ate' governador!
Mas o que interessava é que agasalhava o retireiro

Que do frio se livrava e o leite da manhã tirava
Pra Dona Sianinha, com ele quitandas fazer
Que levavam como merenda, na capina do cafezal
Depois da tarefa, comiam numa sombra, perto da mina...



Sobre a obra
O Elpidio era o retireiro, no mês de junho fazia muito frio, com geadas e o que ele achou mais adequado para enfrentar a baixa temperatura, foi o "fraque" e o que o incomodava era os dois rabichos do paleto' que tinham que ser jogados para trás, toda hora que assentava no banquinho de um pé só. Fazenda "Soledade", sul de Minas...Caso à mim contado, guardado e escrito.

O "Turista"

O "Turista"...

Quando vim trabalhar no Banco
Estava cursando o terceiro científico
Consegui me transferir para o Gammon
Famoso Colégio que tem em Lavras...

Frequentava as aulas pela manhã
Meio dia, teria que estar no serviço
Quer dizer, a última aula teria que matar
Aula de matemática, professor aplicadíssimo!

Meu número era 44; ao fazer a chamada
Eu respondia e pedia licença para sair...
Aos poucos, fui fazendo amizades...
Não demorou muito, durante a chamada...

Ele falava: 42: Presente! 43: Presente!
Quando chegava no meu número
Ao invés de chamar 44, ele falava:
"Turista":

Presente!..

Sobre a obra
O Colégio Gammon de Lavras e' um dos melhores do Estado. Conseguí me transferir em setembo, coisa difícil, mas contei com a compreenção do Reitor, na época o Senhor King Karr.O meu apelido pegou e as vezes até hoje, me encontro com um colega da época, que me chama de "Turista". Minas Gerais, Brasil.

A grande jogada...

A Grande jogada...

Naquela reunião do "Círculo do Poder"
Resolveram se livrar das ações e aplicações
A bolsa já tinha subido bastante
Há muito vinham vendendo, em todos pregões

Depois de se desfazerem delas...
Espalharam o boato de que o mundo quebraria
A queda foi geral, quase 80 por cento!
O medo de recessão veio junto...

Sorrateiramente adquiriram seus ativos
A preços aviltantemente baixos...
As bolsas começaram a se recuperar
Bancos Centrais injetam dinheiro nos mercados

Compactuando assim, com o diabólico plano
Este grupo decide tudo, ate' na poli'tica:

Quem vai ser candidato...
Quem vai ser presidente!

Porque não decidir quando a bolsa cai,
Quando a bolsa sobe?


Sobre a obra
Falam que existe um "Círculo do Poder" que decide tudo: Na política, quem vai ser candidato e até quem vai ser presidente...Quando o presidente não joga na cartilha deles, eles eliminam o dito cujo...O mundo, para eles se compõe de "protetorados" como na Roma antiga. Agora parece, que estão agindo nos mercados, porque matar presidentes já caiu de moda...Além do mais, faturar uns 80 por cento em cima de boatos e bem melhor e' menos arriscado.

O fazendeiro do asfalto

Quando eu trabalhava no Banco,
Tocava muito bem a fazenda
Plantava café, milho e arroz
Colhia muito, tem arroz até hoje guardado

Aposentei, vim morar aqui
Dificilmente estou plantando
Cuido do cafezal e olhe lá
Quando quero colher, vou ao supermercado

Tiro um leitinho, que dou pro camarada
Meu filho muito animado reformou a casa
Gastou um dinheirão, plantou mais café
Mesmo com preço ruim, plantou!

A gente avisa, que dá prejuizo...
Não adianta, eles sabem da estória
Quando a saca valia 400 cruzeiros
E veio uma geada, liquidando tudo!

O café estourou em alta na bolsa
Atingindo o astronômico preço de 4.500
Enriquecendo muita gente
Até eu ganhei uns trocadinhos...

Sobre a obra
O café estava muito baixo o seu preço, parecendo os dias de hoje...Veio uma geada que acabou com o cafezal, inclusive do Paraná que era um dos maiores produtores do Brasil. O produto passou a ser muito procurado, por causa dos baixos estoques dos importadores dos EEUU. Geada mais baixos estoques e' uma equação infalivel, que provoca alta nos preços... Mas não na valorização que aconteceu, pois o preço foi de 400 cruzeiros para o teto absurdo de 4.500 cruzeiros!!! Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil.

O anel

O anel

Era época de festas juninas
O quintal cheio de gente
Mesas lotadas, muitas bandeiras
Copo de cerveja cheio, alí...

Bebi de um gole só!
Daí a pouco faz efeito!
Rosto fica vermelho
Eu eufôrico, não sabia o porque

Convido uma, para dançar
Parece pluma, nome: Lídice!
Com duas voltas, quase enlouqueço
Rosto colado, festa acabando...

Ela vai embora, deixando comigo seu anel
Anel de brilhantes, para devolver...
Escrevo no vidro embaçado do carro:
Eu te amo, fazendo um coração!

Só tem o meu nome e
O local marcado para encontrar.
Vai embora, olhando para traz...
Eu fico sòzinho, mais um céu estrelado,

Daquela noite fria de junho...






Sobre a obra
O nome dela era Lídice, linda que era, dançarina de balé, leve como uma pluma...dancei, sentindo que estava nas nuvens .
A cerveja que tomei, devia estar "benta" porque nunca me sentí tão eufôrico e animado. Fiquei com seu anel de brilhantes e o devolvi, no primeiro encontro...

A greve

Trabalhava no Banco ha seis meses
Estoura a greve dos bancários!
Sete mil , este era o número dos grevistas
Quatro mil, era o que queriam!

Vou pro sindicato ajudar
Fazendo desenhos e slogans
O primeiro que fiz, foi aprovado:
"SETE MIL PEDEM QUATRO MIL'

Desenhei um Relógio de Ponto
Entre teias e aranhas tecendo...
Coloquei a frase bem destacada:
"E ELE FICOU PARADO"

Depois o Banco Nacional adere também
Como o Magalhaes Pinto era o seu dono...
Coloquei em letras garafais, num cartaz,
Desenhando-o e citando Drummond:

"E AGORA JOSE" ?..


Sobre a obra
O dono do Banco Nacional era José de Magalhaes Pinto. Desenhei ele andando pra lá e pra ca, fumando, preocupado... Eu trabalhava no Banco da Lavoura...
Ano de 1961, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

O De Gaulle

Quando fui para Lavras
Tomar posse no Banco
O meu pai me avisou:
-Meu filho não se meta em política!

Cheguei em setembro de 62
Por coincidência, a política fervia!
Em outubro, seria eleito o prefeito
Todos no Banco não falavam noutra coisa

Em quem voce vai votar? Pergutavam:
Eu respondia: No De Gaulle !
Ele não é candidato? Respondia rindo...
Estava isento! Livre dos entreveros...pensava !

Naquela manhã, quando fui chegando no Banco
A turma ficava na porta, de longe me viu
Gritaram, parecendo combinado:
"- O De Gaulle, O De Gaulle, Victor De Gaulle! "

O apelido pegou! Nem de Victor me chamavam mais...

Era De Gaulle mesmo!



Sobre a obra
Queria ficar longe da política naquela cidade, mas o envolvimento era tão grande, que tive que inventar um candidato, achei que citanto o presidente da França, seria engraçado e me deixariam de lado...Mas aconteceu o contrário: Peguei um apelido que ninguém me conhecia a não ser por "De Gaulle", de vez em quando, "Victor De Gaule", mas, muito raro... Lavras, Minas Gerais, Brasil. Setembro de 1962.

A experiência...

Aquele experimento que os cientistas fizeram
Soltando milhares de macacos
De diversas raças, numa pequena ilha
Foi muito interessante, dando o que pensar...

Faço uma correlação com a Globalização,
Quer dizer, dá pra fazer...
Pois estão transformando o mundo, que era diversificado
Num só! Como se fosse uma grande ilha!

Não sendo preciso levar ninguém,
Estão "confinando" as diversas sociedades
Num único tipo de modelo universal
Única moeda, único banco, quem sabe único govêrno

No caso dos macacos...
Aconteceu uma violenta disputa na ilha!
Uma guerra mesmo! Até que apareceu uma liderança!
E tudo passou a ter paz, naquele lugar...

Aqui estamos na fase da violenta disputa!
Desemprego, descontrole econômico, quebradeira!
Guerras diversas, ocupação de territórios...
Agora, recessão...

Estamos portanto na última fase do experimento...

Feito muito antes, desta idéia de Globalização!

Só falta, portanto, aparecer quem vai ser o lider!

Sobre a obra
Soltaram milhares de macacos numa ilha, começando uma intensa disputa, matança mesmo, até que surgiu uma grupo, que passou a liderar todos outros. e um lider só!..

A ilusão perdida

A ilusão perdida...

Quando comecei o namoro
Foi o primeiro...
Quando dei aquele beijo
Foi o primeiro...

Ai, conheci o amor
Foi o primeiro...
Tive um ciume louco
Foi o primeiro...

Naquela noite nos brigamos...
Foi a primeira
Veio a separacao...
Fiquei na ilusao da volta...

Eu sempre esperando reencontrar, mas
Nao sabia que o amor tinha esquina
Pois naquela esquina...
Fui assaltado!

Levaram minha ilusao...

"Curto-circuito" o Vagalume

Há muito tempo atrás, quando se olhava para o céu à noite, para ver estrelas:
Existia uma comunidade de vaga lumes, que vagava
ao redor de um brejo, que hoje está quase seco ...
A comunidade vivia em plena harmonia e todos sempre alegres, menos "curto-circuito", que com um defeito de nascença, não conseguia acender, ficando constantemente apagado.
O pior de tudo, para seu desconforto, é que o confundia com mosquito, uma coisa que o diminuía ainda mais...
Mas o Rei, devido aquele ambiente propício, resolveu dar uma festa no Céu, festa esta que todos seriam convidados e a ordem principal era que não se economizassem em nada...

Chegado o esperado dia, todos se dirigiram ao local e o Rei todo exibido, não se continha dentro de si de alegria...
O curto- circuito ficava sempre num lugar protegido, com luz e' lógico, porque luz própria, necas de pitibiriba!
Não conseguia segurar uma lágrima, porque era o resultado da dor sentida... Mas, o que mais doía curto-circuito, era que não notavam sua presença, as vezes cara a cara!
Mas, lá pelas tantas, no auge da festa, sugeriram fazer um passeio pelos seus domínios, aonde poderiam voar juntos "em formação".
Com autorização do Rei, todos foram, mas todos mesmo! Menos curto-circuito, é lógico, também o que ele poderia acrescentar nesta bela noite sem lua a não ser mais escuridão...
E lá foram eles, dando vôos rasantes, uma vez aqui, outra vez ali...A gente olhava para o brejo e via aquele belo rastro luminoso.
Acontece que o velho sapo, também via aquelas evoluções, marcou o local que eles estavam dando rasantes, se posicionou e ficou a esperar o jantar que aquela noite lhe faltara...
Qual uma seta fulgurante, eles foram entrando um atrás do outro, na velocidade que vinham, na boca do sapo, que só teve o trabalho de abri-la bem, para que não escapasse ninguém. Realmente todos foram parar na barriga do velho sapo, que nem resolveu sair do local...

Lá em cima no céu, já se preocupava o Rei com a demora dos seus súditos... Depois de tanta preocupação, resolve pedir ao curto-circuito que fosse até o brejo, verificar o que acontecera...
Muito solícito, extremamente solícito, seguiu prontamente as ordens do Rei, se sentindo honrado com o pedido...
Primeiro curto- circuito se dirigiu às beiradas, depois no meio do brejo, nada vendo. Quase desistindo, viu um sapo diferente, pois sua barriga brilhava...
Chegou bem perto, sem ser visto, não tinha perigo e verificou que aquela barriga estava iluminada, talvez pela sua comunidade, que há pouco, virara a sua janta!
Teve uma idéia, genial, pois, diga- se de passagem, desenvolvera um raciocínio sempre espirituoso, não sei se devido ao seu defeito.
Pegou um graveto bem forte e ficou a espreita: Uma hora ele iria arrotar, abriria a boca... ai' eu meto este graveto nela, travo sua boca ...pensou...Não deu outra, ameaça... e dá um arroto, daqueles que a gente ouve da cama, nas noites quentes...
Curto-circuito, sem perder tempo, trava -lhe a boca com o graveto...e travado, pode curto- circuito andar até a garganta do sapo e gritar prá turma sair da barriga!
Imediatamente, o sapo começou praticamente a soltar fogo pela boca, tal era a velocidade que todos sairam, pois tiveram vida salva, por "um milagre". A saida foi tão tumultuada que curto -circuito fora jogado bem longe e todos só queriam se safar, voar pra cima, voltando ao encontro do Rei...O Rei ficou muito alegre de vê -los e foi contada toda história para ele.
O Rei preparou então, uma recepção para curto -circuito, que muito tímido, atordoado mesmo, demorara a voltar. Quando chegou, curto- circuito foi recebido com todas honrarias, pois salvara a comunidade ...e de que valeria um rei sem suditos?
Curto -circuito teve o reconhecimento merecido e até hoje os que não sabiam da história, comentam que um sapo soltava fogo pela boca e que um vagalume que não piscava, salvou um reino.


Sobre a obra
Conto escrito em 2006...

A centopéia vaidosa

Era uma vez no tempo em que as matas eram ainda virgens, uma centopéia muito vaidosa que não estava nunca contente com o que possuía no seu recanto.
Vivia preocupada só com sua aparência e se sentia desprezada andando na rua sempre com a cabeça baixa.
Seus familiares se preocupavam com ela, porque a sua insatisfação era tanta, que fazia exigências inusitadas.
As vezes quando todos da família achavam que tinha entrado na normalidade dos normais, vinha ela com aquelas exigências descabidas, sempre acompanhadas de um choramingar intolerável, afinal de contas, já era uma moca feita, e bonita! Mas e’ bem verdade que os seus pais tinham uma dose de culpa, pois a criaram fazendo todas as vontades, desde criança, agora quem sabe, o costume moldara sua personalidade.
Acontece que desta vez, convidada para a festa do "Congraçamento Ecológico da Mata", evento que a Prefeitura comemorava todo ano, para conscientizar a comunidade da necessidade de se manter o equilíbrio sustentável, pois a harmonia existente entre as comunidades era naquela época, considerada um fato consumado!
E como dizia: Desta vez, ela queria por que queria ir calcada na festa, todas iam ‘a festa calcada e ela descalça? Queria por que queria ir ‘a sapataria experimentar sapatos, ficar bem elegante, dizia olhando se no espelho.
La foi ela pro sapateiro, assentou se e danou a experimentar sapatos nos seus cem pesinhos, dando ao empregado um trabalho extra da manha ate à tarde, entre escolher experimentar e calcar, CEM sapatinhos, cuja numeração, em alguns pés as vezes não conferia, eram tantos...Mas a sua teimosia também era uma arte, não saiu de la’ sem comprar os cinqüenta pares que satisfariam sua vaidade...E foi para casa, toda alegre, satisfeita mesmo de ter naquele momento o objetivo alcançado.
No grande dia, tão esperado, vestiu seu melhor vestido, passou batom, pó de arroz e se empetecou como devia. Com muita paciencia, foi calcando um a um os sapatinhos, nos seus pezinhos, e como a numeração às vezes era um pouco diferente, ela calcava assim mesmo, um apertando daqui outro servindo ali, porque não e fácil acertar nos seus cem pezinhos, o calcado na medida exata...
E la foi ela pra festa, calcada, caminhando contra o vento, com o convite na bolsa, porque sem convite, nem pensar..
.Na chegada, todos tiveram a atenção voltada para aquela criatura, principalmente das centopéias suas amigas, que nunca pensaram numa coisa daquela, ir a um baile calcadinhas. Não estava feia não, mas também não me arrisco dizer que estava bonito: Estava, vamos dizer: Diferente!
E eis que um belo cavalheiro lhe tira para dançar, coisa que em outras ocasiões não tinha acontecido!
Não disse? Pensou ela: Estou bem vestida, por isso fui tirada para dançar! Partindo toda alegre para dançar com seu guapo par.
La pelas tantas, descontrolando com o ritmo, começou a pisar no pe’ de seu par. . Pisa daqui, pisa dali, eram tantas pisadas, que ele se queixou, mas eram tantas, que o cavalheiro se desorientou e não teve alternativa que deixa- la no meio do salão, saindo de lado, mancando, pois levara mais de cem pisadas...Não precisa dizer o estado que ficou nossa personagem, desolada! Chorando, saiu do baile correndo, indo embora para casa...
Sua mãe a acolheu, ponderando que ela precisaria ouvi la mais, pois tinha mais experiência de vida, que a vaidade não levava a nada...
E aos prantos no colo da mãe, envergonhada e confusa, jura que daqui para frente iria mudar de vida, que em outra não cairia, passando a ouvir mais os conselhos de sua mãe...


Sobre a obra
Conto escrito em 2007 BH. Minas, Brasil.

Zimbim e o cirurgião Uvu Patangá

Zimbim era um mosquito que vivia pelo chão do quarto. Naquela nova casa olhava sempre para o teto porque não podia voar.
Sofrera um acidente, quando ele e sua turma foram expulsos da Granja, por um grupo rival e na pressa de entrar para seu novo habitat, ao passar pela fresta da veneziana, ficara agarrado nela, acabando por perder sua asa direita...
Transitava sem uma asa, porque tentar voar com uma só era impossível, pois ate' isto tentara...
Seus amigos tramavam a volta, no teto da casa e ele não podia fazer nada, pois ficara isolado contra sua vontade do resto do pessoal...
Eis que um dia, um belo dia, quando estava dormindo na borda do cobertor que cobria a cama do casal, fora jogado para cima, pois a “arrumadeira” antes de dobrar a coberta, abanou-a violentamente para dobra-la depois, fazendo o milagroso favor de jogar Zimbim para o alto, podendo desta maneira se agarrar numa abertura que existia ali, ficando novamente junto com seus companheiros...
Como dizia: Eles foram expulsos da Granja, lugar pródigo em alimentos, para este local, no teto daquela casa, sendo chamados preconceituosamente de “com tetos”, bem como muitas outras comunidades existentes naquela cidade, que suportava ter um complexo de Granjas naquela localidade, pois mantinham 500 empregos diretos, não obstante ser um verdadeiro chamarisco de insetos...
Que bom estar novamente junto com a “turma”: Pensou alegremente Zimbim, posso agora ficar por dentro das novidades...
Realmente ele tinha razão, pois fora informado que seu problema poderia ser solucionado: Era só manter contato com um famoso cirurgião plástico, que morava numa ilhota do riacho que banhava o lugar...
Tinha feito maravilhas, dentre as quais, implantado um dedo num famoso chefe de governo...
O problema era a fila de transplantes, imensa, teria que ter uma apresentação de grande influência, para obter no banco de órgãos a asa direita perdida...
Mas com ajuda dos chefes influentes do lugar, conseguira não só um atendimento com o famoso cirurgião plástico, bem como obteve uma asa direita, porque asas esquerdas, sobravam no banco de órgãos...
Levado pelo "Mosquitóptero", graças a uma "ONG" que atuava no local, dando atendimentos de urgência, composto de quatro mosquitos em formação, carregaram numa maca, Zimbim, para atendimento naquela ilhota, que não ficava muito longe do local!
Desnecessário dizer que foi um verdadeiro sucesso a operação em Zimbim, feita pelo famoso Uvo Patangá, que usou "Laser" de úlltima geração, "Botox" de ótima procedência e "Silicone" importado da Suécia... A colagem no "toquinho", ficou tão boa, que não se notava qual era a asa direita e qual era a esquerda que fora operada..
Todos queriam agora era ver o primeiro vôo, depois da operação....
O primeiro vôo de Zimbim, foi feito na presença de inúmeros amigos, que inicialmente pediram que desse um vôo em volta da Torre " E' Fel ", que e'um marco na Praça principal da cidade. Queriam provar assim, ser possível um mosquito voar com as “próprias asas dos outros”...
Depois deste primeiro vôo, Zimbim ficou famoso, sendo considerado o primeiro vôo do mosquito com asas implantadas do mundo, apesar da contestação dos irmãos Raite, estrangeiros, que afirmavam, o voo ter sido presenciado por uma "bagatela" de testemunhas naquela "praca "...
Volta Zimbim à rotina e fica atuante no Sindicato dos " Com Tetos " que ele mesmo idealizou e fundou e por ter destreza política, conseguiu que seus pares, voltassem vitoriosos à Granja, abandonando desta maneira, as velhas instalações daquela casa, pois o comentário geral, era que aquela cidade não suportava mais o incômodo daquela invasão!..

O lugar passou a ter paz, com as Granjas, lotadas de mosquitos, graças a Zimbim e a cidade livre deles, pois passou a ser usado também para isto, um potente repelente...


Sobre a obra
A estória e' ficção, mas a cidade existe, Sul de Minas, Brasil

"Pim" o Cupim

Pim era um cupim de gosto apurado!
Desde pequeno, já demonstrava isto: Enquanto a turma toda gostava de comer madeira, ele pensava num belo frango assado, com batatas, filé com fritas, bife a cavalo, porque dizia sempre para seus irmãos: " Madeira não tem gosto de nada"! Fazendo sempre com a boca assim: “Ueki!!!” Não tem gosto de nada!!!
Às vezes seus pais ouviam o que dizia e muito nervosos o repreendia! Dizendo-se assustados, querendo saber aonde tinha aprendido aquilo? Punham-no de castigo. Deixando no quarto fechado o seu alimento, que detestava: Um tôco podre!
Quando saiam para buscar alimento, ele ia junto, na esperança van de encontrar o que sonhava: Um belo prato feito, com bife e batatas...
Voltava sempre de estômago vazio.
Aquilo já preocupava seus pais, que viam dia a dia, Pim definhar, pois comida trivial, necas mesmo!
Como já estava meio crescidinho, já cursava o primeiro ano ginasial, resolveram deixar o pediatra, que há muito não o procuravam e buscar ajuda com um psicólogo que estava acostumado atender a todos.
Inicialmente, Pim foi submetido a uma terapia, dita de regressão, via hipnose.
Sob efeito da hipnose, descobriu- se que ele descendia de romanos, mas estava um tanto obscuro, de quem descendia, porque parecia que era um general romano ou mesmo um imperador romano... O fato e' que todos eles gostavam de lautos banquetes, regados ao vinho, com assados bem temperados, na mesa farta!
Ao acordar do “passeio” analítico, Pim foi perguntado o que tinha mais vontade:
Novamente, disse que queria comer carne assada e beber vinho tinto!
O psicólogo não teve alternativa: Chamou os pais ,dizendo que o caso era sério: Nunca tinha visto algo parecido no seu consultório e não sabia como proceder, aconselhando que levassem seu filho de volta para o Murundu, porque não tinha jeito mesmo o seu caso...
Chegando em casa, seus pais tomaram uma decisão: Cederiam às vontades de Pim, mesmo porque, não tinham alternativa, viam-no definhar...
Depois de perguntarem o que queria, ligaram" 0800 ", pedindo um "motocupi”, que trouxesse tudo que Pim queria comer...
Mal tocou a campainha, Pim correu para atender: Recebeu todo afoito, um frango assado com batatas e uma garrafa de refrigerante bem geladinho...
Pim colocou tudo na mesa e começou a comer com uma boca tão boa, que seus pais ficaram com vontade e resolveram dar uma ajudinha no filho faminto.
Inicialmente comeram uma coxa do frango, com a cara de quem não queria nada, mas foram tomando gosto, lambendo os beiços e sua mãe também não resistindo, entrou na onda, acompanhado com seus irmãos, comeram tanto, que ficaram somente os ossos... O refrigerante foi dividido por todos da família, que naquele dia deixaram de ir ao toco para fazer a refeição da noite!

O final da estória é bem fácil de se imaginar:
Os costumes mudaram naquela casa, passaram acompanhar o gosto do filho, que de debilitado passou a ser o mais forte daquele Murundu, seguido por seu pai, que criara uma barriga bem avantajada e de seus irmãos e sua mãe, que estava certa quando sempre dizia: “Pau que nasce podre, não tem jeito morre podre”
Porque aquilo se espalhou por toda comunidade e os paus podres comecaram a sobrar naquele condado, que passaram a receber a visita somente do Pica Pau!





Sobre a obra
Daqui de minha janela vejo como o pasto esta tomado de cupins...
Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil...

"006" e as minas do Rei "Salopé"

006" estava numa missão quase impossível: Entrar naquela reserva Indígena, para localizar as lendárias minas do Rei Salope’...Deveria ter feito isto antes dos Juizes representantes do” inverso” da vontade popular, terem decidido que os Índios tem o direito a uma reserva imensa e que poderiam chamar a sua “reserva” de Nação, o que agora lhes da' o direito soberano sobre sua terra, inclusive de proibir quem quer que seja de adentrar nos seus domínios.
Tudo ficara difícil para o destemido "006", depois desta desastrada decisão do Juizado Maior...Mas apesar das adversidades," 006 "resolve transpor as novas fronteiras, qual imigrante, para procurar o que muito bem mostrava no seu velho mapa: AS MINAS DO REI SALOPE’
"006" adquiriu o mapa de um velho Page', seu amigo, desprendido, pois o egoismo não era seu companheiro...
Seguindo o mapa, indicava claramente que as lendárias minas estavam perto da divisa daquela Reserva com um pai's visinho.
Ao tentar atravessar a nova “fronteira”, "006" e’ pego em sua pequena embarcação e levado a primeira aldeia que monitora todas as passagens para aquele novo território!
Foi levado a presença do cacique chefe da aldeia que queria saber qual era sua missão naquele lugar, pois seria expulso mesmo... "006" disse que estava perdido, pois conhecia o lugar e estranhou que não havia mais os habitantes ribeirinhos que sempre lhe davam acolhida nas suas andanças por aquelas plagas..
O que? Foram todos expulsos, agora nos somos os únicos habitantes supremos desta imensa a'rea, pois foi exigido e’ lógico um espaco bem grande para cada cidadão indígena que habita esta nova reserva...afirmou o Page.
"006" ficou abismado, mas como tinha que cumprir sua missão, pediu e com muito custo convenceu o chefe indígena que o liberasse...
Com seu “passaporte” carimbado, pode "006" se dirigir para o referido e tão sonhado local, o local aonde estavam escondidos os tesouros das Minas do Rei Salope’
A mata era densa, mas depois de três dias de viagem, chega ao local exato marcado no seu velho mapa...
A entrada da mina estava visivelmente obstruída, mas muito tapada! Com cuidado, conseguiu entrar na galeria principal, que o levou a inúmeras outras e estas a outras, quer dizer: Ficou completamente tonto, mas ele era o "006", deixara marcas nas paredes para que não se perdesse...
Súbito! Vê de relance, uma galeria que poderia ser o local procurado...Passa por uma tosca ponte de troncos, com o teto pingando um li'quido das pontas de milhares de estalagmites... Eis que finalmente acha o local:
Maravilhado! Extasiado! Este e’ o termo: "006" fica extasiado! Milhares de diamantes, mas milhares, saindo de baús imensos, o chão todo coberto deles, via sem acreditar: Milhões mesmo, pedras, diamantes amontoados !!!! Estava rico! Rico! Mas como tirar aquele tesouro dali ? Como?
Depois de lacrar novamente a abertura da mina, "006" volta e consegue chegar com uma sacola cheia de diamantes, que sem mais delongas leva a Bolsa de Valores de Pedras Preciosas, aonde costumava fazer suas aplicações financeiras... Mas a grande descoberta logo se espalhou pelo lugar, pelo pais, depois para o mundo...
O Tesouro das Minas do Rei Salope’ tinha sido encontrado!... Milhares, milhões de diamantes.!.. Tenta vender pela cotação do dia, o seu produto, mas incrédulo, vê dia a dia, os valores caírem sem que a venda seja efetivada... Procura seu corretor que lhe informa que o produto, diamantes, estava supervalorizado, caracterizando uma verdadeira “bolha” de valorização naquele mercado, que agora estava se desfazendo... procurando seu verdadeiro valor... Pois tinham conhecimento que eram tantos os diamantes achados que inundariam o mundo em pouco tempo, teriam na verdade, mais diamantes que bola de gude a venda no mercado!
Em pouco tempo, o valor do produto desabou, desvalorizando 98 por cento do seu valor do dia anterior...desvalorizou tanto, que os que são detentores deste mercado se esgoelaram e ficaram a procura de "006" por todo mundo para pedir satisfações.

Hoje, só eu sei aonde esta' "006"... Mas não posso dizer, somente digo, que não usa mais o apelido de "006" e que descobriu, porem um pouco tarde, o motivo pelo qual o Rei tinha tapado tão bem a entrada daquela Mina...

Ele não faz mais realidade, acha muito perigoso, dedica-se somente a ficção, pois foi contratado e agora esta fazendo filmes em Hollywood...

Papai Noel é o pai da gente!

Papai Noel e’ o pai da gente!

Estava pertinho do Natal, já tinha visto os presépios da Igreja de Santa Thereza, os carneirinhos e o menino Jesus. Meu pai sempre me levava lá...

Naquele dia, sem mais nem menos, meu irmão me disse que Papai Noel não existia e que era o pai da gente quem dava os presentes no Natal.

Mentira! Retruquei espantado com a informação. Não era possível, sempre me disseram que era um velhinho de barbas brancas, tem retrato dele por toda parte, até nas vitrines no centro da cidade... que estória e esta? Porque esta falando isto? Perguntei pro meu irmão...
-Você vai ver ele chegar com um monte de embrulhos, são os presentes que comprou na cidade...Falou correndo, me chamando de bobo!
Nem corri atrás, não deu vontade, preferi ficar na cama pensando no que tinha me falado...

Será? Mas como? Porque meu pai faria isto? Dizer que os presentes são dados por Papai Noel, sendo que ele é quem compra? Não pode ser ele não... Dormi... Dormi até a noite...
Quando acordei, pensei que tinha sonhado sobre o que dissera meu irmão... Mas vi que era verdade, não tinha sonhado!
Mas, pode ser mentira também...

Quando meu pai chegou, não vi embrulhos, não carregava nada! Fiquei tão alegre, pois meu irmão mentira! Meu pai estava com o mesmo jeito de todos os dias.

Amanhã será Natal, minha ansiedade era cada vez maior...
Mas, naquela tarde, vi, sem querer ver, em cima do armário do quarto de meus pais, um embrulho redondo! Subindo num banco, pude ver melhor:
Um embrulho, que só poderia ser de uma bola, tão bem embrulhada, num papel vermelho! Via mais ou menos, que tinham outros embrulhos lá em cima...
Desci, fui para meu quarto, pensando no que falara meu irmão... Era verdade o que falara: Papai Noel não existe! A bola que tinha pedido estava lá em cima daquele armário...
Meu pai deve ter trazido numa hora que eu não estava, ou então teve a ajuda de meu irmão...
Deitei só pensando nisto:

Amanhã recebo os presentes que meu pai comprou...

Não posso dizer pra ele que sei de tudo, coitado!.
.
Ele comprou tudo e procurou esconder os presentes de mim, para que eu continuasse acreditando que

Papai Noel existe...


Sobre a obra
Eu morava no Bairro Santa Thereza, realmente a descoberta que era mentira a existência de Papai Noel, foi um choque para mim. Mas fiquei com pena de meu pai, não revelei para ele que já sabia de tudo, porque não queria decepciona-lo, acho que era este o sentimento.
Bairro de Santa Thereza, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Tarde noite...

Eu não sei quando começa a noite
Só sei que a tarde vai...
Fiquei observando e não vi a tarde ir
Mas ela foi...

Começou a ficar turva a vista
Era a noite que chegava!
Ela é assim:
Chega cobrindo tudo...

Acho que a gente é como a tarde:
Não vemos a velhice chegar
Mas ela chega...
Devagar, mas chega

Ainda bem, que ainda vejo
A tarde ir...
E a noite chegar...

Ovos e frangos: O Brasil depende das importações...

Naquele ano de l976, eu trabalhava no exame de guias de importação, na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil. Minha função era examina-las, conferir os preços e ver o enquadramento tarifário. Uma guia um dia, chamou-me à atenção: Uma importação de "pintos avós, de linhagem macho" e pintos avós, de linhagem fêmea", de uma firma nos EEUU, que detinha e detém o conhecimento genético das aves. Como na guia estava escrito que a importação era destinada "à reprodução", vinha costumeiramente sendo autorizada sua emissão. Mas, naquele dia não! Fôra por mim descoberta uma "furada" naquele serviço: A prole importada, no meu raciocínio não poderia servir "para reprodução" uma vez que as aves importadas não geravam descendentes, depois dos netos, vinha uma raça híbrida, que servia apenas, e serve, sòmente para consumo, pois não deixam descendentes, fechando o ciclo com a vida útil do plantel reprodutivo importado. Logo tudo se resumia em: "Importação para consumo", o que é proibido! Obviamente, relatei por escrito o fato e passei o problema aos meus superiores. A importação ficou paralizada, e a firma interessada procurou-nos, dizendo que iria parar a produção de ovos e carne, caso não emitíssemos as guias...O fato é que, o assunto foi parar na mesa do então Ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen, que depois de um mês a liberou, mandando um "Telex", afirmando para emitirmos as guias, pois a Granja Guanabara estava desenvolvendo um "estudo" e até que tenhamos o "conhecimento genético" próprio, dar prioridade a estas guias de importação, principalmente para não faltar frangos e ovos no mercado brasileiro. Pois é, o fato é que até hoje, importamos os "reprodutores" e nos pautamos ainda naquele velho "telex", pois a operação com aves e ovos "para consumo", ainda e' proibida!
A Granja Guanabara sediada no Rio de Janeiro foi comprada, não sei por quem, e o conhecimento genético próprio, teve um final totalmente desconhecido!







Sobre a obra
Até hoje, as importações continuam, visto que o Brasil fez poucos investimentos em pesquisa, não possuindo portanto um conhecimento genético próprio e econômico...Se parar a importação, que é proibida e permitida precariamente, vai faltar ovos e frangos e as granjas do Brasil fecham...Portanto, já somos totalmente dependentes destas importações dos EEUU. Os milhões de dólares despendidos nestas operações para consumo, deveriam ser direcionados para uma pesquisa séria, pois um país não pode ficar refén de outro, principalmente em alimentos...
Existem pesquisas inconclusivas, pois o segredo, a descoberta, acontecida nos EEUU, se encontram guardadas a "sete chaves"!
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Fimatosan

Fimatosan

Meu pai chegava em casa
Depois do trabalho
Sempre trazia pasteis lá do Centro
Um dia ele chegou perguntando:

Só dou pasteis pra quem disser:
Quem matou Zan?
Ora, que pergunta era aquela?
Quem matou Zan?

Não demorou meu pai falou rindo:
Fi!... “Fimatosan”
Fimatosan era um conhecido remédio
Tinha aprendido isto no centro

Todo mundo riu muito
Comendo os pasteis


Sobre a obra
Naquela época era muito comum inventar piadas com as propagandas..." FIMATOSAN ", para bronquites, ainda existe e tinha uma música no rádio e uma da estrofes dizia assim: "Fimatosan, melhor não tem, é o amigo que me convem... Fi ...ma...to...san"As propagandas dentro dos bondes é que inspiravam as brincadeiras...

Ary Barroso...

Ary Barroso...

Devia ser umas cinco horas da tarde
Minha mãe me puxava pelo braço
Estávamos na Rua dos Tamoios,
Do lado aonde seria o Cinema...

Ary Barroso iria se apresentar
Primeira vez que vinha em Belo Horizonte
Famoso que era pelo seu programa
“Calouros em desfile”

Como sempre dizia:
“Um programa que procura revelar novos valores”...
He! He! Pois sim!Dando uma risadinha
Desacreditando do que pretendia seu programa.

Parece que todos gostavam dele
Da sua critica, sua sinceridade...
Eu estava ali, sem entender nada
Danado esse Ary Barroso!

Ficou ate gravado na minha memória...


Sobre a obra
Naquela epoca era somente o radio. Ary Barroso era famoso pelo seu programa "Calouros em Desfile". Certa vez foi em Belo Horizonte, se nao me engano se apresentou numa emissora da epoca que ficava ao lado do Cinema Tamoyo, que ja nao existe mais.
Avenida Olegario Maciel, Centro, Belo Horizonte, Minas Gerais Brasil.

O Córrego do Leitão

O Córrego do Leitão

Bem perto de onde morava
Passava o Córrego do Leitão
Numa tarde, fui com a empregada ver os peixes
Eles subiam aos montes, pulando!

Do beiral do córrego encanado, eu via:
Não sei que tipo de peixe era...
Eram muitos, saiam do Arrudas
Subiam o córrego, até à nascente

Onde hoje é a barragem Santa Lúcia
Não é atoa, que todos pescavam no Arrudas!
Na “piracema” mostrava quanto peixe tinha...
Dizem que vinham do Rio das Velhas...

Caudaloso, dava até pra navegar
Com cuidado é lógico!
O nome do Rio foi dado por D Pedro II,
Quando visitou Sabará de barco,

Ao observar muitas velhas lavando roupas...


Sobre a obra
Morava na Avenida Olegário Maciel, no Centro de Belo Horizonte. Era mes de setembro, mes da piracema...Diziam, que muitos peixes pulavam no Córrego do Leitão e eu pedí a empregada que me levasse lá para ver. Da muretinha do córrego eu via : Uma quantidade incalcula'vel, pulavam sem parar na direção contrária...Mas eram muitos mesmo! Vinham do Rio Arrudas, porisso todo mundo pescava lá...
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

As aulas de alemão...

As aulas de alemão...

Do lado do Grande Hotel de Lavras,
Morava as filhas de um Juiz.
Todas lindas, da maior a menor
Eu do Hotel via a mais velha

Soube que estudava alemão à noite
No Colégio Aparecida
Não pensei duas vezes entrei também...
Tinha perdido quatro aulas...

O Padre me ajudou pegar a turma
Mas eu queria pegar, era ela!
Um problema de aliança, dizia que era noiva
Mas eu ficava sempre na esperança

Sete meses se passaram, não peguei nada...
Mas quase aprendi alemão!
Meus colegas brincavam comigo:
Já aprendeu alemão?

Abriam a mão e falavam:
Então lê a minha!








Sobre a obra
No Colégio Aparecida, à noite, tinha aula de alemão para quem quizesse aprender. Fui na mesmo hora pra lá, porque queria ver todo dia a filha do Juiz...O Padre me ajudou a pegar a turma, mas eu queria "pegar" era ela.
Quase aprendí falar alemão, pois achei uma língua lógica, facil de aprender, como de fato é.
Lavras, Minas Gerais, Brasil.

A chaleira de café...

A chaleira de café...

Eu ficava de olho na cozinha
Quando a Maria colocava a água na chaleira.
Subia num banquinho olhando e esperando
A água ferver

Não sei por que demorava tanto
Começava dar bolhinhas no fundo
Aos poucos subiam...
Ia ferver!

Maria vinha e colocava açúcar
Parecia que esfriava tudo
Descia do banco, tinha cansado
A espera é longa...

O coador já estava com pó
Parece que agora sai!
Ela pega a chaleira fervendo
Coloca no coador, o café vai saindo...

A ponta do pão já tinha comido
Os pedaços com a mão já ia comendo
Com o café quente na xícara bebendo...

Olhando pra chaleira,

Que tinha demorado tanto, a água ferver...



Sobre a obra
Mais ou menos as duas da tarde, eu já estava na cozinha pra tomar café, com o pão na mão, esperando a água ferver...Não sei porque demorava tanto a fervura, pra passar no coador.

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Ouro Preto

Ouro Preto


O meu pai é de Ouro Preto!
Minha mãe de Diamantina
Quando resolví pintar...
Vejam só que triste sina!

Na descida da ladeira
Meu primo parei pra ver
Disse que ia fazer um frango
Com angu quiabo, bom iria ser

Nós ficamos esperando
No seu sítio que era perto
Sua mulher chegou xingando
Fogão, brasa apagando, devagar quase parando...

Vejam que situação
Que meu primo me meteu
Dei desculpa e fui saindo
Na condução, o caminho fui abrindo...

Cheguei ao centro da cidade
Uma cantina a procurar
Fomos numa típica de porão
Risoto de galinha e camarão...

Resolvi sair pela beira,
Porque era segunda feira
O risoto, camarão? Que era um pingo
Da sobra do frango de domingo

Com três meninos pra alimentar
Duas da tarde, já era o café
Entrei na primeira comida a quilo
Pois já queria dar no pe’

O meu pai é de Ouro Preto
Minha mãe de Diamantina
Quando resolvi pintar...
Vejam só que triste sina!




Sobre a obra
Isto aconteceu quando fui pra lá pintar a Igreja de São Francisco, como de fato pintei...
Ouro Preto, Minas Gerais , Brasil

O estranho caso da máquina de limpar café

O estranho caso da máquina de limpar café

O Seu Farnese, morava "na Brasília" como ele mesmo dizia. Tinha um sítio aqui em Nazareth de Minas, beirando a represa de Furnas, onde criava porcos engordados com as mandiocas que ele mesmo plantava.
Fora chamado pela minha sogra, para ajeitar a "D'Andrea", máquina nova, que estava ainda na caixa, para monta-la e fazer um meio, que pudesse toca-la.
Fazenda sem luz, deveria ser motor a diesel, todos pensavam, pois seria mais lógico.
Farnese, como era das experiências quase sempre bem sucedidas, avisou pra minha sogra, que faria umas adaptações no engenho de cana, que era movido pela grande roda d'água, usando esta mesma força para tocar o descascador.
Explicou a grosso modo, que bastaria substituir umas roldanas de jacarandá, por outras, que ele mesmo faria, colocando uma tal de "polia louca" substituindo a embreagem, para dar embalo no limpador, depois de devidamente montado.
Colocou-se a trabalhar, à sombra da paineira, munido da sua enxó espanhola legitima, marca "bellota", bem afiada, pois os entalhes na feitura de novas engrenagens teriam que ficar perfeitos.
Trabalhou na montagem meses a fio, pois não cobrava por dia, os acêrtos eram feitos no final, caso tudo desse certo, o serviço contratado. Não que minha sogra quisesse, mais porque ele era sistemático no seu modo de agir...
Tudo montado, calculado, lugar livre de algumas marcas do engenho, pois agora o cômodo era bem mais valorizado com a presença de uma maquina de limpar D'Andrea, limpadora para produzir limpos e ensacados, 20 sacas de café bem apurado, apesar de ser ela "bica corrida", com um só expelidor de escolhas...
A confiança era tanta no seu trabalho, pois não era o primeiro que fazia, tinha feito na Fazenda Floresta e outros sítios, tudo saindo a contento, que convidara todos, num sábado, a se reunirem no antigo engenho, para assistirem a limpa de café em coco, que já tinha sido seco, das primeiras remessas que o terrereiro Zico, já tinha preparado.
Grita de alto e bom som para soltarem a água do rêgo, pois as roldanas e engrenagens já estavam bem untadas com azeite de mamona, por ele devidamente preparado.
A água é liberada facilmente, e se encaminha para a roda, que preguiçosamente começa a se movimentar, aumentando aos poucos a rotação, a medida que suas caçambas vão enchendo.
As engrenagens começam a se movimentar, por enquanto livres pela polia, que começa o giro até dar a velocidade necessária ...
Seu Farnese corre e aciona a alavanca, que fará com que a força da roda finalmente faça a máquina trabalhar e proceder a limpa.
Alavanca solta, a maquina recebe a força e começa trabalhar. Começa limpar café: Todos se alegram: A maquina joga café limpo na saca...
Súbito! Um barulho estranho se faz ouvir...O ranger da máquina indica que algo saiu errado...Ela contrapõe a força da roda, joga café em coco pelas caçambinhas, embucham, travando de vez a máquina, fazendo Farnese correr pra alavanca, liberando a força para a polia louca!
Depois de desembuchar a máquina e tentar por quatro vezes, finalmente desiste de continuar suas tentativas...
Todos olham para ele, como que indagando o que acontecera. Afinal quase nunca tinha falhado assim tão desastradamente...
Farnese, sai com a cabeça baixa, envergonhado e confuso, jurando que tinha feito tudo certo, mas já era tarde, arrependido de ter convidado todos, antes de experimentar seu empreendimento...

Minha sogra depois, colocou um motor a diesel potente de "dez cavalos" para substituir todo aquele aparato, mas em vão : O mesmo aconteceu:
A máquina embuchou e quase fundiu o motor.
O pai de minha sogra resolveu comprar-la e leva-la para sua fazenda, instalando-a com um motor elétrico "Búffalo" de "dez cavalos".
Quando ligou o motor pra tocar a limpa, a máquina embuchou novamente, queimando um de seus velhos motores made em USA.
A máquina foi desmontada e colocada no porão...Suas roldanas serviram de reposição e sucata, bem como as polias,,, Até que um dia, contei o caso para um amigo, acostumado revisar máquinas: O que me disse convicto o Zé Murad:
Victor, pega a D'Andrea, compra as peças que estão faltando, que eu monto ela pra você e faço funcionar...
Falei para o avô da minha esposa que compraria a máquina, o que ele me respondeu incrédulo também, que eu faria um favor se a pegasse no porão para desentulha-lo.
Fui com meu jeep e carreta, peguei o que sobrava dela e entreguei para o Zé, que me disse que o problema estava na sururuca, Erro de fábrica, montaram as peneiras invertidas, fazendo o café se amontoar dentro dela mesmo...
O Zé Murad concertou o erro de fábrica, fazendo uma máquina de quarenta anos atrás, ainda virgem, trabalhar compassadamente, silenciosa qual relógio...


Sobre a obra
A máquina é da marca D 'Andrea, de pouca produtividade, somente 20 sacas por dia, mas serve bem a meus propósitos. A Fábrica errou ao inverter as peneiras, se não tivesse ocorrido este engano o "Seu Farnese " teria tido exito no seu empreendimento, não teria se sentido desprezado e minha sogra não teria tido tantos prejuízos, bem como o avô de minha esposa...Mas também, a máquina não teria terminado aqui comigo, funcionando até hoje.
Fazenda Soledade, ano de 1962, Sul de Minas, Brasil.

Horário de verão, deverão atrasar os relógios

Horário de verão, deverão atrasar os relógios

Eu devia atrasar o relógio
A meia noite como mandaram
Só que dormi e não atrasei
Agora não sei o que fazer

Tenho que esperar outra meia noite
Para o relógio acertar
Pois fiz uma coisa errada
Quem mandou não vai gostar

Ces não falam que fiz isto
Pois em alguem devo confiar
Todo ano tem essa coisa
Já devia me acostumar

Eu prometo pra todo mundo
Que no outro ano não esquecerei...

Tive uma idéia! Acho que vão gostar:
Vou deixar o relógio como esta
Só programar tudo agora
E uma hora descontar...



Sobre a obra
Temos que atrasar os relógios à meia noite, mas somente à meia noite...
BH. Minas Gerais. Brasil

A camisa à energia solar

A camisa à energia solar

Eu invento muitas coisas...
Vem outro, registra e ganha!
Não me importo muito com isto,
Pois pouco me lixo pra grana

O que agora eu bolei,
Fico coçando pra contar:
É uma camisa diferente,
Só que é, a energia solar!

Tem uns desenhos nas células...
Que você ao sol tem que andar
Depois com a energia...
Carrega Ipod, Lap-Top e celular

Passear pelas ruas e avenidas
Nunca só, dentro do carro ficar
Deixar de ser preguiçoso...
Senão o invento, não vai funcionar!

E assim caminha a humanidade,
Neste mundo de sobe e desce!
Pois o sol nasceu pra todos...
Mas a sombra, pra quem merece!










Sobre a obra
Porque não usar uma camisa que acumule energia solar? Para eventuais usos, como ligar Lap-Top, Ipod e celulares...Já pensou, ficar sem carga? Com sua camisa a energia solar, isto nunca vai acontecer. Se alguem quizer registrar o invento, beleza! Não ligo pra grana não, mas uma porcentagem é bem vinda...
Brasil.22/02/2009.

O segredo da vida!

O segredo da vida!

Descobri o segredo da vida!
A gente está dentro de um espelho!
Acha que está fora, mas está dentro
A vida verdadeira e' lá

A vida se passa lá dentro
Mas a gente pensa que vive aqui
Os que já foram não aparecem
Estão vivendo lá dentro

Você acha que vê sua imagem
Mas você é que é o reflexo dela
Ao fazer a barba, cortar cabelo...
Mas o espelho é a única ligação

Entre os que pensam que estão fora
Com os que realmente estão...
O reflexo, é nossa verdadeira imagem
Ela é que tem a vida...

Quando não tem mais,
Vai viver eternamente...
Tranqüila e serena,
Sem precisar aparecer,

Pra fazer a barba, cortar o cabelo!


Sobre a obra
O espelho nao e' somente um espelho, e' mais que um espelho!

A Formatura no Gammon

A Formatura no Gammon


Os meus colegas preparavam a formatura
Minhas notas não davam pra passar
Ficava calado, participando de tudo
Meu nome foi gravado junto a todos, num banco do jardim

Seria festa de gala, os parentes iriam
Eu falava da minha formatura...
O gerente perguntava e os colegas também
O meu diploma, dizia: Vou pegar!

No dia da festa, vi o gerente, abraçando um parente,
Que recebeu o diploma, vestido a caráter
Batiam palmas, eu batia também!
Sabia que não me chamariam...

Não deram por minha falta, mas alegre fiquei
Num canto, quase escondido observei
Coçando o meu olho, um cisco talvez...
Uma lágrima escorregou, caindo no chão eu deixei...


Sobre a obra
A formatura do científico, foi no Gammon em 1962, data de minha posse no Banco do Brasil. Como eu me matriculei em setembro, para completar o ano e como havia um total desencontro de matérias, eu realmente não consegui acompanhar os meus colegas,apesar das boas notas que trazia do Colégio Afonso Celso em Belo Horizonte. Participei normalmente dos festejos, nem meus colegas souberam que eu não obtivera aprovação naquele ano.Meu nome ficou gravado num banco lá no jardim do Colégio, junto com os da turma, como era o costume naquela época.
Lavras, Minas Gerais, Brasil

Debaixo do meu travesseiro...

Debaixo do meu travesseiro...

O controle para mudar canais
Controle da parabólica
Radinho pra depois da meia noite
Óculos, porque vou escutar

Radinho ligado até dormir
Acordo na madrugada
Com seu chiado...
Desloco os óculos, a lente cai!

Tenho com o canivete raspar...
Excesso de Super Bonder
Que tenho reservado pra colar
A lente que teima sempre cair...

Ou eu que teimo,
Debaixo do travesseiro
Ele deixar...


Sobre a obra
A quantidade de aparelhos que controlamos e' incrivel. Outro dia eu contei uns quatro, sem falar que a lanterna fica sempre perto, no caso de faltar luz !
Deveriam fazer um controle para os controles, porque o que desaparece da vista...e e' sempre aquele que a gente precisa.
Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil.
Um dia

Aquele dia, não diria
Que foi dia, mas uma noite
Daquelas bem danadas
Eu no alto, na escada

Dizendo bobagens
Pra minha amada
Fiquei bravo, furioso
Ela dizia que eu parecia

Um "tourro"que veio da “tourrada”
Com seu sotaque sueco
Eu ainda ri entre os dentes
Mas, continuei com palavras quentes

Sem saber que a dor doida
Fica quieta, escondida,
Pronta pra sair, sem ser pedida
No caso de uma despedida!





Sobre a obra
A gente briga, diz tanta coisa que nao quer dizer
Fica pensando que nao vai sofrer
Que nao faz mal se tudo terminar...
(Dolores Duran)

A poesia

A poesia

Tem uma coisa
Que coça lá dentro,
Não consigo atingir o lugar.
Assim, escrevo pra ver se acalma,

A vontade de faze-la acabar.
Então, eu penso em quem já gostei
E os senões que ficaram pra traz...
Ponho em dia, assim minhas lembranças

Que agora, melhor posso lidar
Escrevendo eu vou peneirando
Separando o que é bom pra ficar...
Muita coisa eu já separei,

Muita coisa eu vou separar
As pessoas que um dia na vida
Deixaram marcas que nunca esperei
Até aquela, que foi importante

Que um dia, pensei que amei!

O trem

O trem


O trem corria batucando nos trilhos
Eu andando de um vagão a outro
Gostava de passar por todos eles,
Só para ver quem estava no trem

Da janela eu via os pastos
A viagem não ia terminar
Mal sabia que o tempo passava
Nas batidas das rodas do trem

Hoje eu vejo como passou
Nada alcança esta velocidade
A fumaça e’ minha lembrança
Do trem do tempo

Que o vento levou


Sobre a obra
Indo para o Rio de Janeiro, antes de chegar em Lavras...
Janeiro de1959. Minas Gerais, Brasil.

Jesus Cristo

Todos dias, quando
Saía do Colégio Anchieta
Eu passava pela Igreja São José
Que é no Centro da Cidade

Na passagem pelo caminho de volta
Eu ajoelhava num dos últimos bancos
Ficava fitando a figura pintada de Jesus Cristo
No alto da parede curva do altar,

Em posição de dar a benção aos fieis.
Eu rezava e pedia que Ele mexesse os braços
Queria porque queria que mexesse a mão...
Ia embora, no outro dia , a mesma coisa

Hoje eu penso naquela cena
Eu pedindo e Jesus pensando no alto do altar:
Lá esta aquele fiel insistente...
Pedindo novamente pra mexer os braços

Sobre a obra
Devia ser a fome da volta para casa... Pois muitas vezes tinha a sensação que mexia os braços...
Belo Horizonte, Igreja São Jose'(foto), Minas Gerais Brasil, ano 1955...

Primeiro encontro Minas, São Paulo

Primeiro encontro Minas, São Paulo

No primeiro encontro
Minas, São Paulo
De Minas, veio victorvapf mano!
De Sampa, veio o Alcanu

No batizado do meu neto.
Aproveitamos pra encontrar
Ele falava daqui,
Eu, falava do lar...

Falou da Cintia, do Pedro
Do Azuir, da CD, da Julia
De outros mais
Bem, é claro. pois também falei demais

Falamos que o Overmundo
É um site muito bom
Mas que precisa, em muitos casos
Quem sabe, até mudar o tom

Não deixar sair
Gente boa, que faz falta
Incentivar quem vai entrando
Pois só assim

A coisa vai melhorando






Sobre a obra
Festa de batizado do meu neto em Sampa...O Alcanu esteve presente...Foi a primeira reunião do G2, pra tentar salvar a firma Alcanus, da crise que se instalou no planeta!
São Paulo, Brasil...

A queda dos cabelos

Primeiro peguei caspa no Minas...
Pois pedia pente emprestado!
Nunca tive isto
Apareceu depois!

Meus cabelos saiam no pente
Ficava nervoso
Não sabia quantos caiam
Ate que tive uma idéia!

Tomar banho de banheira
Pra contar quantos caiam
Entrei de cabeça na água
Depois penteava pra traz

Lavava tudo com sabonete
Passando bem a escova
Fiquei parado pra ver,
Quantos tinham caído

Não dava pra contar
Com as duas mãos, por baixo
Levantei todos de uma vez
Uma “bandeja” de fios

Parecia tudo, menos cabelo!




Sobre a obra
Acho que quando peguei caspa, foi o começo da queda progressiva dos meus cabelos...com 2o e poucos anos eu ja escondia as entradas que mais pareciam saidas. O cabelo ia caindo eu ficava nervoso, quanto mais neervoso, mais caia.
Minas era o clube...
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Semana santa

Semana santa

Em frente de casa tinha um buracão
Com mato rasteiro, cheio de trilhas
Nossa rua era calçada, pe’de moleque
No meio da rua tinha um coqueiro

Dava uns coquinhos...
A gente quebrava o coquinho
Comia aquela gosminha amarela.
Na semana santa,

O matinho enchia de flores silvestres
Todas da mesma cor
Um laranja desbotado...
Muito bonito de se ver

Um dia apanhei uma braçada delas
Levei pra minha mãe enfeitar a casa
Colocou nos vasos...
Mas não ficava bonito não...

Elas eram bonitas livres no mato...


Sobre a obra
O buracão era uma depressao que tinha em frente de casa...O mato tomava conta daquele imenso lugar. Seu Pimenta tinha umas vacas la, que tirava leite. Na semana santa era epoca das flores rosa amareladas tomarem conta do lugar. Era muito bonito, mas colocadas nos vasos, em casa, minha mae não gostava.
Belo Horizonte, Bairro Santo Antonio, Minas Geerais, Brasil.

O cafeicultor

O cafeicultor

Já plantei muito café...
Eu plantei com muita fé
Pegava a semente,
Que secava no jornal...

Pra tirar a umidade
E plantava sem maldade.
Agora na minha idade,
Ainda planto com saudade

Café em curva de nível
Pra água não escorrer
Aquela beleza incrivel
Lá no Google a gente ver


Das fazendas aquí de Minas
Que produzem bom café
Bem tratado pelo rodo
Exportar pro mundo todo


O café que da bebida
Bebe "duro" ou bebe "mole"
Senão o dinheiro encolhe.
A safra tem que ser vendida

Quando a bolsa der subida...






Sobre a obra
As fazendas antigamente, empregavam e mantinham familias no local de trabalho. Com o aviltamento dos preços de um modo geral e a retirada dos subsídios, fizeram com que o campo praticamente quebrasse. O éxodo para as grandes cidades, foi o resultado desastroso desta política, fazendo com que se criassem imensas favelas nas capitais. A extinção do IBC, Instituto Brasileiro do Café, que fazia políticas de retenções, foi a "pá de cal ", que determinou o fim do ciclo cafeeiro. A Alemanha, sem produzir um grão de café, importa quase a totalidade do nosso produto, sendo atualmente o maior produtor de café soluvel do mundo. Uma saca de café para o produtor atualmente é 234 reais, sendo que isto transformado em xícaras de café, rende mais ou menos, 50.000 reais!
O preço de uma saca atualmente, não cobre os custos de produção...O cafeicultor, continua teimando em produzir com as dívidas aumentando...
Sul de Minas, Brasil.

A Manga

A Manga

No quintal de casa
Tinha uma mangueira
Era mes de dezembro
Eu subia em todos galhos

Tinha um que não conseguia
Era onde estava aquela manga
Quase madura...
Meu irmão dizia que era dele!

Muito perigoso aquele galho!
Era no alto, não dava pega…
Meu irmão ria e dizia que ia deixar amadurecer bem
Uma tarde eu tentei, quase caindo…

Apanhei aquela manga!
Desci com cuidado…
Encostado na mangueira,
Chupei ela inteira


Sobre a obra
Eu subia na mangueira la de casa, conseguia ir em todos galhos, menos aquele, que era dificl, pois nao tinha muitos ramos para segurar. Meu irmão disse que aquela manga estava reservada para ele e ia deixar amadurecer bastante. Ela ja estava pintadinha e com muito custo consegui apanha-la, numa daquelas tardes...
Bairro do Prado, Belo Horizonte, Minas, Brasil.

O dia que Papai Noel espetou no Pirulito da Praça Sete

Dezembro corria lascado, naquele ano de 1960 e o Papai Noel, um balão imenso, que tiveram a idéia de coloca-lo amarrado no "pirulito" da Praça Sete, pendia de um lado para o outro, ao sabor do vento, porque furaram-lhe, na madrugada, dizem, com um tiro de carabina, feito por algum concorrente, quem sabe, que ficara incomodado com a publicidade que fazia o nosso velhinho, do Banco da Lavoura e do seu cofrinho de poupança, induzindo as criancinhas a depositarem naquele estabelecimento, pois melhor propagandista não haveria naquele mês.

Cheguei junto do Seu João Gualtieri, mestre de obras daquele Banco, que estava ao lado de um senhor muito agitado com a situação, pois o grande boneco, esvaziando aos poucos, sem querer, assentava na ponta do "pirulito", levando uma espetada de acordo com o vento, ficando hilária a situação: Um imenso boneco, levando espetada de um "objeto" pontudo no qual estava amarrado...
Rindo muito da situação e chamando pelo Seu João, que com uma cara séria, tentava me repreender, sempre piscando os olhos, pois ao seu lado estava um senhor muito agitado, que perguntava, com cara de poucos amigos, quem eu era... Seu João, demonstrando grande presença de espírito, falou que se tratava de um vizinho dele, e que deixasse pra lá...
Lógico que eu vendo a situação, me manquei e saí fora imediatamente, observando de longe os dois...Seu João e aquele senhor agitado ...
A multidão ria da engraçadíssima situação, pois quanto mais esvaziava, mais espetadas levava na imensa bunda...
Já quase vazio, chega os Bombeiros, usando uma escada: Cortaram as cordas e recolheram aquele imenso boneco que passara a noite só e desprotegido, com um furo não se sabe aonde...
Entrei no Banco, pois era ali mesmo na esquina e o meio dia já se fazia presente. Peguei o elevador, com cuidado, pois podia topar com aquele senhor enraivecido, que já desconfiava ser uma pessoa importante, quem sabe daquele banco e tenho certeza, sofreria algum tipo de punição, preço que pagaria por ter sorrido tão abertamente... Desci como sempre no 11º andar, correndo para minha prancheta, pensando no que havia passado!!!
Ainda da janela eu via, lá em baixo, uma pequena multidão em volta do balão sendo enrolado...
Logo depois, topo com Seu Jõao, me dizendo que aquela pessoa agitada era , Gilberto Faria, dono do banco e que eu passei por um risco terrivel, pois seria colocado na rua imediatamente, caso descobrisse que eu trabalhava no seu estabelecimento.


Sobre a obra
O Banco da Lavoura tinha colocado um imenso balão de Papai Noel, naquele mes de Dezembro."Ancorado" no Pirulito da Praça Sete... Plainava ao sabor do vento, fazendo propaganda do "cofrinho" do "Lavourinha", induzindo as criancinhas a depositarem sua poupança naquele estabelecimento. Alguem, não se sabe quem, parece que na madrugada furou com um disparo o belo balão que ao esvasiar, se assentava na ponta do Pirulito, marco da cidade. Quando levava uma "espetada", todo mundo ria...
Mas rir perto do dono do Banco, faz muita diferença...

Dezembro de 1960, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Copacabana posto 3

As ondas estavam calmas
Subia ao seu sabor
Água quente do verão
Atraia, ate' quem não queria

O sol a pino queimava
Ce'u azul a emoldurar
Aquele janeiro estava tão bom,
Na época que apareceu o Tom

No quarto andar, com meu tio ficava
Na rua Marechal Mascarenhas, ele morava
Direto da praia, ia pro banho quente tomar
Almoçava, depois na rua, conversar, passear

Conhecer todo mundo...
As cariocas que puxavam no xis
Gostava de ouvi-las mansinho falar
Quem sabe ate' namorar...

Mas estava ali', em missão impossível
Esquecer de um amor que não dera certo!
Quem sabe, preencher o vazio do peito
Mesmo com tudo isto, vi que não tinha jeito!

O varal

O varal

Estive olhando o varal
Com as roupas nele expostas
O vento batia naquelas peças...
Nada sentia

O vento batia nas minhas camisas
Nada sentia
As roupas dela também estavam lá
O vento batia nelas

Também não sentia nada
Mas quando uma peça caiu
Era dela!
Corri para apanhar

Minha avó

Minha avo’

Minha avo' chamavam de Flor
Tocava violão e cantava uma canção
Mu'sica que em Diamantina, cantavam com amor
Pros entes queridos do seu coração

Como pode o Peixe vivo
Viver fora d'água fria
Como poderei viver
Sem a tua companhia

Era sempre alegre
Boa companheira
Tomava café
Leite da leiteira

Eu chupava as frutas la' do seu quintal
Amora, pitanga, uvas do parreiral
O mamão eu comia, difícil apanhar
Mas com jeito e uma vara fazia derrubar

Vida dura era esta
Falo agora brincando,
Chupar toda fruta da horta
E ainda vê minha avo’ cantando






Sobre a obra
Era so descer a rua Quintiliano Silva, que ja estava na casa de minha avo'...So' voltava a tardinha.
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Os meus seis anos

Os meus seis anos

Como pude com seis anos
Andar pelo bairro todo
Pedir para entrar e assistir um jogo
No campo do Santa Thereza

Eu me lembro muito bem
Da arquibancada eu sozinho
Assistindo um jogo de futebol
De dois times, times de várzea

Lá pelas tantas, depois de um escanteio
Todos entram pra fazer o gol
Começa uma briga no meio da poeira
Pois o campo gramado não tinha

Socos e pontapés saíram na área
Um tal de "Cebola" era o goleiro
Que apanha e dá socos também
Termina o jogo, que tinha começado tão bem

Volto aos pulos pela arquibancada
Erro o pé, bato o queixo no chão!
Uma poça de sangue esfrego com a mão
Os pontos no queixo não me lembro quem deu

Mas, as marcas ficaram
Entre a barba, que não nasceu!




Sobre a obra
Naquela época, eu andava pelo bairro todo, ia ao cinema com meu irmão e até machuquei o queixo subindo a arquibancada do campo de futebol. Tenho a marca no queixo, onde a barba não nasceu...
Bairro de Santa Thereza, Minas Gerais, Brasil.

A sopa

A sopa

Nove horas, deu sinal pro recreio!
Na cantina tinha sopa quente
Sopa de macarrão, sopa de arroz..
Legumes, batata, fubá...

Cada dia uma diferente
Eu gostava da de macarrão
De fubá era mais ou menos
O prato fundo era cheio

A gente tomava tudo, com pão
O recreio era de pouca brincadeira
Batia preguiça
Voltava pra sala devagar

A professora falava, falava
Meu olho ia piscando...
La nas ultimas carteiras
Da sala de aula


Sobre a obra
Grupo Escolar Caetano Azeredo. Todos os dias, tinha uma sopa quentinha as 9 horas da manha. Não gostava da sopa de fuba, mas tomava assim mesmo. Bairro do Barro Preto, Belo Horizonte Minas Gerais Brasil.

A sa'ida do Grupo Escolar

A saída do Grupo Escolar

A saída era corrida e concorrida
Todos de pastas pretas na mão
Uns batendo atrás, para deixar marcas do giz
Saias azul- marinho, as letras ficavam visíveis

A gente escrevia ao contrario
Pra sair certinho na roupa
Todos se distraiam, uns corriam
Eu vi ali na rua, um menino ser atropelado!

Um carro passou por cima dele
Devagar, mas passou...
As rodas não o pegaram, ele passou pelo meio
Apareceu lá atrás, limpando a roupa...

Ajeitando a pasta,
Que ele tinha escrito com giz
Mancando e perdendo a vontade
De carimbar as meninas...



Sobre a obra
A gente escrevia com giz, ao contrario o que quizesse, na pasta para carimbar as roupas escuras de meninos e meninas, geralmente na saida do Grupo. Era uma mania!
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

t

Para o Dia dos Namorados

Não sei se é fato ou se é fita
Não sei se é fita ou se é fato
Só sei, que ela me fita,
Me fita, mesmo de fato!


Sobre a obra
Refrão, usado nas músicas do folclore diamantinense...

Minas Gerais, Brasil

"006" e o segredo da Esfinge...

“006” e o segredo da Esfinge...

Depois de participar da construção das pirâmides do Egito, "006", com muito prestígio, pois tinha intermediado aquelas construções com empreiteiras ligadas aos Faraós, que se locupletaram de riquezas incomensuráveis, foi designado para colocar em andamento mais um projeto:
A Esfinge: Que ficaria tomando conta das três pirâmides, que além de guardar os mausoléus, espantaria os maus espíritos, principalmente os que foram "embolsadomados", como foi afirmado pelo sacerdote Adoniram, o favorito da côrte.
Primeiro, "006" bolou um plano que o enriqueceria, pois afinal de contas tinha que vingar do regime anterior, que o prendera sem razão plausível, só porque participara de um manifesto e ter militado junto com grupos de esquerda e seqüestrado um embaixador da Grampolândia, pais que tinha muita influência junto a comunidade internacional...
Achava "006" que o atual governo é quem deveria ser responsabilizado pelos desmandos que passara, e que ao invés de procurar os meios legais para se ver redimido estava decidido por conta própria a se apossar, surrupiar ou falando um português claro, roubar mesmo do governo, não se importando que fosse dinheiro do povo, povo sofrido que não tinha um atendimento adequado, pois os recursos até então eram escassos...
Mas o que fez "006" ? Primeiro montou uma firma com seu filho. Uma empreiteira, com um endereço que tinha pegado, quando de suas viagens pelo norte do país... Seu filho que não era bobo nem nada, colocou tudo em nome de sua empregada, a mesma que tinha criado até seu pai e já contava com seus 82 e lá vai pedrada, de anos nas costas...
O Faraó Tutocomnamão mais que depressa aceitou a firma desta senhora, pois teve informações privilegiadas de "006", que esta firma adorava superfaturar ...
A construção foi feita de acordo com o projeto de um arquiteto que desenhara um leão em vigia eterna, de olho para o horizonte, bem em frente as três pirâmides, dando aquele ar de mistério que naquela época nada de mistério tinha, pois a construção era e foi apenas para aumentar a riqueza daquele mandatário e lógico atender prioritariamente os desejos de "006" e de sua família, pois se sentia injustiçado, como já foi explicado anteriormente.
Mas aconteceu, um fato inesperado.Como Tutocomnamão vivia desligadamente, sempre em lautos banquetes, comendo frangos, com preferencia pelo "supremo" e tomara empréstimos vultosos, por conta própria, e não ter pagado e tendo em vista as corrupções assolando o pais, com o senado e a câmara totalmente desmoralizados e também, sendo culpado por todos ou a maioria dos deslizes, roubos mesmo, resolveram as forças armadas daquele pais, a mando e' lógico, dos que os controlavam, intervir e tomar para si, o mando e por ordem naquela desordem generalizada.
"006" se escafedeu, indo para lugar ignorado e a construção da Esfinge continuou, mas com uma modificação:
Ao invés de levar a cara de um leão, foi construída no lugar, a cara do Faraó que desestabilizou totalmente o pais com seus roubos e mentiras, devendo aos bancos e principalmente aos trabalhadores, que viveram a construção toda, sobrevivendo a pão e água...
'E' porisso que a Esfinge tem a cara humana no corpo de animal, sendo comum, naquela e'poca ao inve's de dizerem:
"Voce e` cara de pau", passaram a dizer: "Voce e` cara de Esfinge"...

"006" e a Torre de Pizza...

Depois daquela estabanada fuga do Egito, “006” se dirigiu para Roma, não para ver o Papa, e sim para ir de lá para uma cidadezinha chamada Pizza, em busca do amparo da Máfia, pois, Tutocomnamão indicou um “Capo” da região, que o ajudara na fuga , pois um dos “braços” da Cosa Nostra, atingia aquelas plagas...
Bem amparado, vivendo numa pensão popular, “006” recebeu a visita de um mensageiro que o orientou a entrar em contato com um famoso dirigente político daquele pais, que queria também, entrar neste esquema, pois estava em curso um projeto ambicioso do governo e suas maracutaias ficaram famosas, atravessando fronteiras
Seria a construção de uma torre na cidade de Pizza, um marco comemorativo do aniversario do final de uma CPI de uma poderosa empresa, que recolhia betume nos brejos, betume este muito valioso, alias vendido inexplicavelmente por três vezes o valor que era vendido em outros países e que era usado para iluminação nas ruas das cidades mais abastadas, principalmente nas capitais e como a CPI em seu final, não deu em nada... Reuniram toda a chefia daquela organização criminosa, numa cantina daquela cidade. para comemorar a vitoria, com vinhos e muita pizza...
“Era tanta pizza, para tanto chefe, que resolveram, bem antes do projeto ser executado, dar o nome da futura torre : ” Torre de Pizza”, em alusão também a uma torre de pizza, que comeram durante a festa, pois o “Capo di Tutti Capi”, saíu ileso. daquelas já manjadas investigações...
“OO6” se sentiu em casa, pois era tratado com todo respeito, sendo recebido pelo chefe local, que lhe abraçou dando-lhe dois beijos, que se bobeasse levaria um na boca também, tal era a ênfase de tal encontro...
Mas 006 sabia escapar com classe de todas as situações e um beijo a mais um beijo a menos, não iria prejudicar as negociações...
““Tramaram, pois a construção da torre, que deveria ser vista de todos os lugares, seria uma obra de arte, pois os desenhos estavam ali, para demonstrar como seria o futuro pólo turístico, pois a região precisava se desenvolver com” áureos”, moeda local, quando viessem visitá-la
A condição imposta por “006”, foi sua construtora ganhar a disputa, pois era normal e bem honesto fazer uma concorrência publica para escolher a firma que oferecesse preço mais em conta para a construção.. O povo manipulado acreditava piamente nos seus governantes, pois eles eram muito elogiados no exterior... Pelas questões relevantes que levantavam para solucionar, mundo afora, menos na sua terra natal...
Não precisa dizer quem ganhou a concorrência, pois fora feita com “cartas marcadas” e “006” contratou imediatamente um conhecido engenheiro, tocador de obras, já começando superfaturando no ordenado daquele trabalhador, pois ao invés de para o Leonardo dar 20, contratou, outro que poderia dar 30, já embolsando 10, em conluio com o novo contratado...
O material usado tinha que ser distribuído da seguinte maneira:
Como tinha um fiscal de obras que era incorruptível, mas gostava de umas belas donnas, ele colocou uma bela ragazza num lado da torre para atrair o fiscal... Portanto o material usado de um lado da torre seria de primeira, mas do outro lado, alem de superfaturado, seria de terceira categoria.
“Como o fiscal ficava somente um lado da obra, onde estava à bela ragazza,” 006” pode tocar a obra com a tranqüilidade inerente aos desonestos.
A obra ficou pronta dentro do prazo estabelecido, pois o povo so` queria saber se houve cumprimento do prazo... ”Cumpriram o prazo”? Gente honesta! Mas na verdade a “Cosa Nostra” faturou como nunca e participou, e` claro, da inauguração, pois os governantes e comandantes, quase todos, eram prepostos deles...
“006” recebeu a “Comenda do Cavalheiro Trotão”, a maior Comenda já dada a um estrangeiro, que por algum tempo ficou gozando das benesses e do prestigio, ate que um dia. Aconteceu fato inesperado.
A Torre começou a inclinar: Primeiro levemente, depois bruscamente, para o lado do material de segunda, usado desonestamente pelo “nosso herói,” que foi responsabilizado por um possível desabamento...
Mas como a Torre se estabilizou.. não caindo, ficando numa posição inclinada, que chamava a atenção de todos...
” 006” com a lábia, que lhe e` peculiar, convenceu a todos que isto sim e` que era um marco:
Torres tinham em todo lugar, mas inclinada, desafiando a lei da gravidade... Nenhuma!
Apesar de ter se saído bem, “006” novamente se escafedeu, indo para alhures, porque sabe lá, se de uma hora para outra aquela coisa caísse
... Galileu usou a inclinação, começando a dar pitacas na lei da gravidade.
Depois veio Sir Isaac Newton que achou meio fraquinho, provar com maçãs uma lei importante como a da gravidade, que alias estava prestes a ser revogada pelo Supremo, então decidiu comprovar sua teoria, usando a inclinação daquela famosa Torre, para que todos pudessem assistir....

José Juca...

Jose' Juca

A tarde cai'a morna naquela cidadezinha do sul de Minas...
Os sinos da igreja dobravam, sinalizando mais um cortejo até o cemitério daquela cidade....
Como de costume, depois da missa de corpo presente, todos saiam subindo aquela rua da Matriz, que terminava no cemitério da cidade.
José Juca era acompanhante de todos enterros da cidade. Sempre dava um jeito de segurar na alça do caixão, mas tinha um detalhe: Não passava da Casa Deca, que ficava na esquina, a poucos metros do cemitério…tinha medo de entrar la'!
Dava-se por satisfeito, ajudar a carregar por um instante, o defunto, fosse de quem fosse...
Levava tão a sério sua atitude, que até se aprontava, quando na rádio local anunciava a hora de novo cortejo...
Mas um dia, os sinos dobraram forte, pois uma pessoa ilustre do lugar tinha faltado em vida...
Todos se dirigiram para o velório e a missa de corpo presente na Matriz...
A saída da Igreja fora concorrida, carregando o caixão, todos se revezando nas poucas alças...e o cortejo foi subindo a rua...
Nada do José Juca conseguir uma vaguinha pra carregar o defunto. Suava de aflição, pois saía uma, entrava o José Orlando, saía este, entrava o Doutor Dario, o Juiz entrava e nada de dar chance para o José Juca, que estava já se desesperando, pois a Casa Deca se aproximava perigosamente. Era o seu limite!
Não tinha perdido nenhum enterro...Em todos tinha cumprido sua missão!
Quando abriu uma vaga, corre para pegar na alça, eis que o Prefeito se antecipa, pegando na alça deixando-o " a ver navios"...
A Casa Deca chega e chega seu limite!
José Juca desolado, para! Olha o cortejo continuar seu trajeto!
Vira as costas, desce a ladeira vociferando, gritando mesmo em voz alta:
"Fia da Puta! Enfia este defunto no cu cambanda de fominhas ...Fios de uma puta!"...

Todos se assustaram, vendo José Juca gritar e chorar, tomando o rumo de sua casa...



Sobre a obra
Jesé Juca levava a sério sua tarefa, dada por ele mesmo! Nada podia dar errado... Mas um dia...

Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil.

SOMBRAS D'ALMA

SOMBRAS D' ALMA

Na minha vida eu tenho um sol brilhante,
Que aclara o céu da minha fantasia,
Em cujo azul, passando a todo instante,
Converte a noite escura em claro dia!

Sempre que abro a pálpebra sombria,
Julgando vê-lo longe, bem distante,
Bem perto ele me aquece, fulgurante,
Beijando a minha fronte, nunca fria!

Mas como o sol que lá no céu fulgura,
Caindo sobre a rama que embalança,
Produz na terra alguma sombra escura,

Também assim meu sol que além se espalma,
Se esbatendo nas ramas da esperança,
Projeta negras sombras na minh'alma!

Sobre a obra
Série de poesias do livro SOMBRAS D'ALMA de Salles Mourão, meu avô, feitas em homenagem a sua terra , Diamantina, em 1923.

A mulher brasileira...

Ei-la que vem trazendo a veste curta,
Decote largo, braço em que se espraia
A seda, junto ao corpo que desmaia,
E o aroma sedutor verde da murta!

Certo e', talvez não saiba, disto surta
Meu desejo que faz que uma alma caia,
Por efeito do olhar que tudo furta,
So' vendo o gozo nesta estreita saia!

E' o pecado que vai causando espanto,
Da nau da impudici'cia no conve's,
Fazendo da mulher um inferno aberto!

Como seria bela se, no entanto,
Trouxesse humilde, da cabeça aos pe's,
Seu virgem corpo em flor todo encoberto!



Sobre a obra
Poema escrito por Salles Mourão em 1923, do livro Sombras D'Alma.
(Poesias Diamantinas)

Os buracos negros...

Os buracos negros...

O Universo esta' sendo aos poucos engolido
Existe uma ferramenta que tudo destroe
Os buracos negros tudo atraem, ate' a luz
E assim, o universo sera' consumido...

No reinicio de tudo, so' havera' um buraco negro
Ele engolira' todos os outros menores
Fica sempre o maior, que atrai todos
Depois começa tudo de novo...

Todos falam no "Big Ben"
Mas inu'meros "Big Bens" ja` aconteceram
O "pulsar" do Universo e` assim:
Acaba e recomeça... Acaba e recomeça...

Esta e' uma verdadeira rotina...
No começo de tudo mesmo,
Existia um nada absoluto,
Que nunca mais foi o mesmo:

O nada que existia no começo
Foi reunindo energia...
Porque no nada, não existia o equil'ibrio
Uma fôrça positiva sempre existiu

A fôrça negativa tambe'm...

Deus sempre existiu!
E' a fôrça positiva...

Uma eleição, não é somente uma eleição...

No pais que a gente vive,
Temos que, de tudo esperar
Manipulam os votos no Senado
Na Câmara então, nem se pode falar

Mas um fato curioso, aconteceu:
Uma eleição dos poetas daqui
Muita gente foi esquecida
De boa estirpe, aqui produzida

Não quero falar de mim,
Pois não fica bem e não é do meu feitio,
Mas não deixo de estranhar,
O zero voto, que obtive ao apurar

Não é possivel, mísero voto não ter
Se soubesse mudaria a história assim:
Nos dez votos meus, votados em muitos,
Um deles, devia ter dado pra mim...

Conselho dem ética

Conselho sem ética

Eu queria aconselhar...
Mas não sei o que
Seria pra ajudar
Mas não sei, também a quem

Hoje em dia esta difícil
A gente dar ajuda
Pois desconfiam da gente
Acham que a pessoa mente

Acham que é ser demente
Pois amizade ninguém sente
Dói mais que dor de dente
Saber que o mundo ficou inconsistente

Mas, que fazer num mundo assim?
Pois não adianta nem achar ruim
Ninguém ouve, nem escuta seu lamento,

Ainda acusam, de ser sem ética...

O elemento

A cerejeira

Da janela do meu quarto eu via
Duas folhinhas.
A cerejeira crescia
De um caroço que plantei!

Um ano se passou
Eu acompanhava o seu crescimento
Ali` no corredor, na passagem para os fundos
Nos fundos morava minha irmã

Um dia, quando não estava em casa
Cimentaram a passagem
Tiraram o pe` de cerejeira ja` grande
Arrancaram com a raiz

Replantaram sem cuidado no quintal
Abrindo passagem para o cimento
Quando cheguei, não acreditei
Não tinha mais o pe' de cereja

Dias depois la' estava ele
Sequinho com as folhas caindo
Não tiveram a paciência
De retirar a muda com a terra

Que lhe dava vida

Sobre a obra
Eu tinha chupado a cereja e o caroço eu plantei ali' em frente 'a janela do meu quarto...Eu acompanhei o crescimento dela, quando estava com metro e meio de altura, foi arrancado estupidamente e replantado no nosso quintal. pelo meu cunhado que morava nos fundos de casa...
Corria o ano de 1959, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Uma pequena estória

Uma pequena estória

Acho que eu nunca soube que estava no mundo...
Quando meu irmão jogou um garfo em mim e o mesmo fincou na minha canela, juro que não me lembro de ter feito nada que merecesse isto:
Apesar da dor, ver um garfo balançando na minha canela...
Eu devia ter uns 11 anos então... Mas tento me lembrar daquele dia:
Vem na memória, somente aquele garfo e o injustificado ato do meu irmão...
Eu já estava com duas repetências nas costas, mas justifico-as pelas constantes mudanças de casa, pois em três bairros já tínhamos morado e eu não tinha me estruturado em nenhum Grupo Escolar, nunca fazendo uma turma e talvez isto tenha me desmotivado nos estudos...
Minha mãe era professora e meu pai trabalhava ate` tarde e nunca tinha tido uma ajuda sequer, que eu me lembre, nas tarefas de casa.
Lógico que eu me encolhia também, os amigos estavam sempre por perto e o jogo de bola me chamava a toda hora...
Não justifico aqui minha atuação nos estudos, mas como sempre ouvia minha mãe dizer:
"Este menino vai ser um filósofo"
Ia mesmo: Pensar era comigo... Eu deitava e ficava pensando, não me lembro em que, mas estudo, isto tenho certeza que não era...
Quem sabe isto implicava meu irmão, justificando quem sabe, o seu ódio momentâneo?
O tempo, e` lógico, foi passando e meu irmão foi aprovado num concurso do Banco do Brasil, sendo nomeado para Montes Claros, ficando eu e meu irmão mais novo...
Nesta época, já estávamos definitivamente em nossa casa, que meu pai tinha comprado, com a ajuda de meu irmão e minha irmã.
Ali, comecei a me estabilizar e ver as coisas com mais presença de espi'rito.
Meu histo'rico e`de uma rara e uma verdadeira preciosidade:

Uma repetência no segundo ano do Grupo Jose' Bonifa'cio
Admissão no Colégio Loyola(não concluída)
Quinta se'rie,(Grupo que me esqueci o nome) Admissão no Colégio Anchieta, repetência no terceiro ano do mesmo Anchieta
Transferência para o Afonso Celso,
Primeiro cientifico no Anchieta
Primeiro ano no Colégio Arnaldo
Repetência no segundo ano do Colégio Arnaldo
Segundo ano no Colégio Santo Antonio
Repetência e segundo ano no Colégio Afonso Celso
Terceiro ano no Afonso Celso e aprovado no concurso do Banco do Brasil, nomeado para Lavras terminando o Terceiro Cientifico no Instituto Gammon daquela cidade...
Antes disto, de Montes Claros, meu irmão me mandava apostilhas, de como ser um técnico em Eletrônica, curso por correspondência da National School, ele temia que eu não desse para nada, mas nunca me alertara sobre um concurso do Banco do Brasil, sendo eu avisado pelo amigo Aldo, vizinho, que ia fazer o tal concurso, para preenchimento de vagas abertas em Governador Valadares, cuja inscrição fiz no u'ltimo dia permitido, pois no outro, estouraria na idade.
O funcionário que fez minha inscrição ficou admirado dizendo:
Se você viesse amanha, não poderia lhe inscrever, pois passaria da idade...
Aquilo soou como um estalo! E nunca estudei tanto para um concurso como aquele que fiz pela primeira vez:
Era das sete da manhã até as duas da madrugada, com minha mãe me pedindo para parar!
O resultado veio, colocando-me num honroso 72 lugar entre mais de dois mil candidatos...

Da sede do Banco do Brasil em Belo Horizonte, na qual meu irmão já estava trabalhando, recebi um telefonema dizendo que eu tive sorte e estava aprovado no concurso do Banco, coisa e lógico que ele não esperava e acho mesmo que ninguém esperava: Eu ser aprovado naquele concurso...
O filósofo tinha passado num concurso, que nem o Delfin Neto com toda a sua sabedoria, tinha sido aprovado... Dizem que tinha tentado três vezes ate' desistir...
Acho que meu anjo da Guarda e' forte, pois no u'ltimo instante, fiz a inscrição e com um currículo bastante inferior ao daquele Ministro de Estado, se e’ que se pode chamar isto de currículo, passei e uma de minhas notas foi 95 em matemática!
O meu amigo Aldo, tirou o primeiro lugar naquele concurso, sendo nomeado para Aimorés e os outros meus amigos foram tomando posse em Floriano no Piauí, Cascavel Paraná.
Fui ficando em casa ate' que chegou o momento de me apresentar no Banco e procurar uma nomeação.
No Rio de Janeiro, sem conhecer ninguém, entrei na sala do secretario do Superintendente do Banco (hoje Presidente) pedindo-lhe que me nomeasse para Lavras MG, pois soube que tinha uma vaga naquela cidade, coisa e' lógico que saiu de minha cabeça, tendo o dito senhor resolvido não sei por que cargas d'água, escrever um bilhete para o Chefe do Funcionalismo, para que me ajudasse...
Consegui falar com o Chefe, de posse de um cartão do Candinho...
Com muita insistência o Senhor Derceli, então chefe todo poderoso do funcionalismo do Banco, me nomeou, creio, a contragosto, como funcionário excedente, pois realmente iria abrir uma vaga, que já' estava prometida para alguém que não seria eu...

De posse do documento na mão, fui para Lavras me apresentando ao gerente espantado, pois nunca tinha recebido um excedente em sua agência,

tomando posse...