Uma pequena estória
Acho que eu nunca soube que estava no mundo...
Quando meu irmão jogou um garfo em mim e o mesmo fincou na minha canela, juro que não me lembro de ter feito nada que merecesse isto:
Apesar da dor, ver um garfo balançando na minha canela...
Eu devia ter uns 11 anos então... Mas tento me lembrar daquele dia:
Vem na memória, somente aquele garfo e o injustificado ato do meu irmão...
Eu já estava com duas repetências nas costas, mas justifico-as pelas constantes mudanças de casa, pois em três bairros já tínhamos morado e eu não tinha me estruturado em nenhum Grupo Escolar, nunca fazendo uma turma e talvez isto tenha me desmotivado nos estudos...
Minha mãe era professora e meu pai trabalhava ate` tarde e nunca tinha tido uma ajuda sequer, que eu me lembre, nas tarefas de casa.
Lógico que eu me encolhia também, os amigos estavam sempre por perto e o jogo de bola me chamava a toda hora...
Não justifico aqui minha atuação nos estudos, mas como sempre ouvia minha mãe dizer:
"Este menino vai ser um filósofo"
Ia mesmo: Pensar era comigo... Eu deitava e ficava pensando, não me lembro em que, mas estudo, isto tenho certeza que não era...
Quem sabe isto implicava meu irmão, justificando quem sabe, o seu ódio momentâneo?
O tempo, e` lógico, foi passando e meu irmão foi aprovado num concurso do Banco do Brasil, sendo nomeado para Montes Claros, ficando eu e meu irmão mais novo...
Nesta época, já estávamos definitivamente em nossa casa, que meu pai tinha comprado, com a ajuda de meu irmão e minha irmã.
Ali, comecei a me estabilizar e ver as coisas com mais presença de espi'rito.
Meu histo'rico e`de uma rara e uma verdadeira preciosidade:
Uma repetência no segundo ano do Grupo Jose' Bonifa'cio
Admissão no Colégio Loyola(não concluída)
Quinta se'rie,(Grupo que me esqueci o nome) Admissão no Colégio Anchieta, repetência no terceiro ano do mesmo Anchieta
Transferência para o Afonso Celso,
Primeiro cientifico no Anchieta
Primeiro ano no Colégio Arnaldo
Repetência no segundo ano do Colégio Arnaldo
Segundo ano no Colégio Santo Antonio
Repetência e segundo ano no Colégio Afonso Celso
Terceiro ano no Afonso Celso e aprovado no concurso do Banco do Brasil, nomeado para Lavras terminando o Terceiro Cientifico no Instituto Gammon daquela cidade...
Antes disto, de Montes Claros, meu irmão me mandava apostilhas, de como ser um técnico em Eletrônica, curso por correspondência da National School, ele temia que eu não desse para nada, mas nunca me alertara sobre um concurso do Banco do Brasil, sendo eu avisado pelo amigo Aldo, vizinho, que ia fazer o tal concurso, para preenchimento de vagas abertas em Governador Valadares, cuja inscrição fiz no u'ltimo dia permitido, pois no outro, estouraria na idade.
O funcionário que fez minha inscrição ficou admirado dizendo:
Se você viesse amanha, não poderia lhe inscrever, pois passaria da idade...
Aquilo soou como um estalo! E nunca estudei tanto para um concurso como aquele que fiz pela primeira vez:
Era das sete da manhã até as duas da madrugada, com minha mãe me pedindo para parar!
O resultado veio, colocando-me num honroso 72 lugar entre mais de dois mil candidatos...
Da sede do Banco do Brasil em Belo Horizonte, na qual meu irmão já estava trabalhando, recebi um telefonema dizendo que eu tive sorte e estava aprovado no concurso do Banco, coisa e lógico que ele não esperava e acho mesmo que ninguém esperava: Eu ser aprovado naquele concurso...
O filósofo tinha passado num concurso, que nem o Delfin Neto com toda a sua sabedoria, tinha sido aprovado... Dizem que tinha tentado três vezes ate' desistir...
Acho que meu anjo da Guarda e' forte, pois no u'ltimo instante, fiz a inscrição e com um currículo bastante inferior ao daquele Ministro de Estado, se e’ que se pode chamar isto de currículo, passei e uma de minhas notas foi 95 em matemática!
O meu amigo Aldo, tirou o primeiro lugar naquele concurso, sendo nomeado para Aimorés e os outros meus amigos foram tomando posse em Floriano no Piauí, Cascavel Paraná.
Fui ficando em casa ate' que chegou o momento de me apresentar no Banco e procurar uma nomeação.
No Rio de Janeiro, sem conhecer ninguém, entrei na sala do secretario do Superintendente do Banco (hoje Presidente) pedindo-lhe que me nomeasse para Lavras MG, pois soube que tinha uma vaga naquela cidade, coisa e' lógico que saiu de minha cabeça, tendo o dito senhor resolvido não sei por que cargas d'água, escrever um bilhete para o Chefe do Funcionalismo, para que me ajudasse...
Consegui falar com o Chefe, de posse de um cartão do Candinho...
Com muita insistência o Senhor Derceli, então chefe todo poderoso do funcionalismo do Banco, me nomeou, creio, a contragosto, como funcionário excedente, pois realmente iria abrir uma vaga, que já' estava prometida para alguém que não seria eu...
De posse do documento na mão, fui para Lavras me apresentando ao gerente espantado, pois nunca tinha recebido um excedente em sua agência,
tomando posse...
Nenhum comentário:
Postar um comentário