Jose' Juca
A tarde cai'a morna naquela cidadezinha do sul de Minas...
Os sinos da igreja dobravam, sinalizando mais um cortejo até o cemitério daquela cidade....
Como de costume, depois da missa de corpo presente, todos saiam subindo aquela rua da Matriz, que terminava no cemitério da cidade.
José Juca era acompanhante de todos enterros da cidade. Sempre dava um jeito de segurar na alça do caixão, mas tinha um detalhe: Não passava da Casa Deca, que ficava na esquina, a poucos metros do cemitério…tinha medo de entrar la'!
Dava-se por satisfeito, ajudar a carregar por um instante, o defunto, fosse de quem fosse...
Levava tão a sério sua atitude, que até se aprontava, quando na rádio local anunciava a hora de novo cortejo...
Mas um dia, os sinos dobraram forte, pois uma pessoa ilustre do lugar tinha faltado em vida...
Todos se dirigiram para o velório e a missa de corpo presente na Matriz...
A saída da Igreja fora concorrida, carregando o caixão, todos se revezando nas poucas alças...e o cortejo foi subindo a rua...
Nada do José Juca conseguir uma vaguinha pra carregar o defunto. Suava de aflição, pois saía uma, entrava o José Orlando, saía este, entrava o Doutor Dario, o Juiz entrava e nada de dar chance para o José Juca, que estava já se desesperando, pois a Casa Deca se aproximava perigosamente. Era o seu limite!
Não tinha perdido nenhum enterro...Em todos tinha cumprido sua missão!
Quando abriu uma vaga, corre para pegar na alça, eis que o Prefeito se antecipa, pegando na alça deixando-o " a ver navios"...
A Casa Deca chega e chega seu limite!
José Juca desolado, para! Olha o cortejo continuar seu trajeto!
Vira as costas, desce a ladeira vociferando, gritando mesmo em voz alta:
"Fia da Puta! Enfia este defunto no cu cambanda de fominhas ...Fios de uma puta!"...
Todos se assustaram, vendo José Juca gritar e chorar, tomando o rumo de sua casa...
Sobre a obra
Jesé Juca levava a sério sua tarefa, dada por ele mesmo! Nada podia dar errado... Mas um dia...
Sul de Minas, Minas Gerais, Brasil.
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