Era uma vez no tempo em que as matas eram ainda virgens, uma centopéia muito vaidosa que não estava nunca contente com o que possuía no seu recanto.
Vivia preocupada só com sua aparência e se sentia desprezada andando na rua sempre com a cabeça baixa.
Seus familiares se preocupavam com ela, porque a sua insatisfação era tanta, que fazia exigências inusitadas.
As vezes quando todos da família achavam que tinha entrado na normalidade dos normais, vinha ela com aquelas exigências descabidas, sempre acompanhadas de um choramingar intolerável, afinal de contas, já era uma moca feita, e bonita! Mas e’ bem verdade que os seus pais tinham uma dose de culpa, pois a criaram fazendo todas as vontades, desde criança, agora quem sabe, o costume moldara sua personalidade.
Acontece que desta vez, convidada para a festa do "Congraçamento Ecológico da Mata", evento que a Prefeitura comemorava todo ano, para conscientizar a comunidade da necessidade de se manter o equilíbrio sustentável, pois a harmonia existente entre as comunidades era naquela época, considerada um fato consumado!
E como dizia: Desta vez, ela queria por que queria ir calcada na festa, todas iam ‘a festa calcada e ela descalça? Queria por que queria ir ‘a sapataria experimentar sapatos, ficar bem elegante, dizia olhando se no espelho.
La foi ela pro sapateiro, assentou se e danou a experimentar sapatos nos seus cem pesinhos, dando ao empregado um trabalho extra da manha ate à tarde, entre escolher experimentar e calcar, CEM sapatinhos, cuja numeração, em alguns pés as vezes não conferia, eram tantos...Mas a sua teimosia também era uma arte, não saiu de la’ sem comprar os cinqüenta pares que satisfariam sua vaidade...E foi para casa, toda alegre, satisfeita mesmo de ter naquele momento o objetivo alcançado.
No grande dia, tão esperado, vestiu seu melhor vestido, passou batom, pó de arroz e se empetecou como devia. Com muita paciencia, foi calcando um a um os sapatinhos, nos seus pezinhos, e como a numeração às vezes era um pouco diferente, ela calcava assim mesmo, um apertando daqui outro servindo ali, porque não e fácil acertar nos seus cem pezinhos, o calcado na medida exata...
E la foi ela pra festa, calcada, caminhando contra o vento, com o convite na bolsa, porque sem convite, nem pensar..
.Na chegada, todos tiveram a atenção voltada para aquela criatura, principalmente das centopéias suas amigas, que nunca pensaram numa coisa daquela, ir a um baile calcadinhas. Não estava feia não, mas também não me arrisco dizer que estava bonito: Estava, vamos dizer: Diferente!
E eis que um belo cavalheiro lhe tira para dançar, coisa que em outras ocasiões não tinha acontecido!
Não disse? Pensou ela: Estou bem vestida, por isso fui tirada para dançar! Partindo toda alegre para dançar com seu guapo par.
La pelas tantas, descontrolando com o ritmo, começou a pisar no pe’ de seu par. . Pisa daqui, pisa dali, eram tantas pisadas, que ele se queixou, mas eram tantas, que o cavalheiro se desorientou e não teve alternativa que deixa- la no meio do salão, saindo de lado, mancando, pois levara mais de cem pisadas...Não precisa dizer o estado que ficou nossa personagem, desolada! Chorando, saiu do baile correndo, indo embora para casa...
Sua mãe a acolheu, ponderando que ela precisaria ouvi la mais, pois tinha mais experiência de vida, que a vaidade não levava a nada...
E aos prantos no colo da mãe, envergonhada e confusa, jura que daqui para frente iria mudar de vida, que em outra não cairia, passando a ouvir mais os conselhos de sua mãe...
Sobre a obra
Conto escrito em 2007 BH. Minas, Brasil.
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