Alí, bem do lado da casa do meu primo
Existia um casebre, bem pobre...
Aonde morava o Toroba, como era conhecido
Meio abobalhado, coitado, sem maldades
À tarde, quase noite, saía da casa de meu primo
Ouvia, lá do barraco, o Toroba gritar:
"Toroba num ganhou guinguiça"
Arroz e feijão, era o prato deles
Linguiça, temperava a mistura
Toroba não tinha ganho, talvez depois...
Era assim a comida dos pobres
Arroz e feijão, vez por outra linguiça
Hoje, se tivesse o Toroba nas humildes casas
Gritaria por certo na hora do jantar:
Minha marmita ta vazia:
"Toroba num ganhou a janta"!...
Sobre a obra
Ano de 1948, Bairro do Prado, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Eu ia na casa de meu primo brincar, voltava pra casa na hora do jantar, quase sempre ouvia o Toroba gritar lá dentro do seu barraco. "Toroba num ganhou "guinguica", cantalorando, era a linguiça que esqueceram de colocar na sua marmita, só arroz e feijão...Ficava com muita pena dele...pensava sempre no Toroba, as vezes chorava de pena... A maneira dele pedir cantalorando ficou gravado na minha memória.
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