quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Peroba...

Dona Sianinha, avó da minha esposa
Me deu uma madeira, peroba rosa
Da mata da Thereza
Tinha caído, fazia uns vinte anos, numa tempestade!

Fui a cavalo ate' a serraria do João da Hermínia
Depois de subir o morro, passar por quatro porteiras, cheguei!
Lá bem no alto da serra, fui por ele recebido
Sorriso nos olhos, caboclo humilde, convidou-me pra entrar

Casa grande, antiga, assoalho taboado, bem lavado
Sua irmã serviu café, num bule de lata comprido
Pedi ajuda, pra achar a peroba que tinha caido na mata
Ele me disse que sabia desta historia, e podia ajudar

No outro dia, nos encontramos na mata
Olhando pra cima, o João viu uma falha nas copadas
É' aqui' Vitinho, achei! Exclamou apalpando a tora caida
Limpou em volta com foice, eu vi a tora!

Media mais de vinte metros, de uma grossura so'
Tinha um metro de quina
Fez um estaleiro no local, desdobrou a madeira
Vários dias eu via ele com o traçador e ajudante serrar...

O tio de minha esposa denunciou...
João da Herminia ficou sabendo
Varreu toda a serragem de sua oficina
Ficou uns tempos sem trabalhar

Ia construir uma casinha com aquela madeira
Não sei porque nada construi, vendi a madeira!
Com o dinheiro, paguei o conserto de meu carro
Que tinha fundido o motor!




Sobre a obra
A Mata da Thereza está até hoje intacta. A tora que foi tirada foi dada pela mãe da Thereza que era inválida. Eu ia construir uma casinha na fazenda de minha sogra, mas desisti porque fiquei aborrecido pela transtorno causado ao João da Hermi'nia, por isso resolvi' vender a madeira...a t'ecnica de achar no meio do mato a tora, era olhar pras copadas, quando via uma clareira, era sinal que tinha cai'do alguma coisa ali', mesmo apesar de tanto tempo...o sinal sempre fica!

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