quinta-feira, 6 de maio de 2010

A carroça de leite...

De madrugada eu escutava quase dormindo
O barulho da carroça do "Cabo Quinze"
"Matraqueando" nos "pe's-de-moleque" da calçada
Ate' parar na porta de casa

As garrafas de leite batiam umas nas outras
Deixava o litro no alpedre de casa
La' com certeza, ja' estava o pão...
Meu pai, conversava baixinho, eu ouvia

Esperava o jornal que era jogado la' da rua
O barulho agora era o jornal que batia na porta
Meu pai mais que depressa levantava
Queria saber das noticias do dia

Viro na cama
Puxo as cobertas
Ainda bem que hoje e' s'abado
Durmo novamente!

O projeto arquitetônico...

Conversava com a Selma no momento em que o Britto
Arquiteto do Banco da Lavoura, me entregou um papel, dizendo:
Toma a planta de "ensolação" do terreno
Projeta uma Loja, Sobreloja e tres apartamentos por andar

O predio tera' onze pavimentos, no centro de Uberlândia!
Me entegou o papel e sumiu pro Rio de Janeiro
As medidas estavam nele e localização do terreno
Me senti um Niemeyer...

Esbocei o projeto, deveria ter uma marquize que chamasse atencão
Um "Livro aberto" era a idéia
Duas colunas perfurariam o" livro", que ficaria" suspenso no ar":
Projetei Loja e Sobreloja, os elevadores e tres aptos. por andar

O Arquiteto aprovou o estudo, autorizando a execução
Desenhei definitivo...oito pranchas de papel "linho" inglês!
O prédio foi construido, está lá: ll pavimentos, ate' hoje!
Em Uberlandia...

Eu mesmo nunca vi', sempre tive vontade de ver...


Ficha técnica: O arquiteto era muito ocupado e passava as obrigações para a gente, depois aprovava ou nao... e o servico ia saindo...Banco da Lavoura, Centro de Belo Horizonte MG.

A árvore...

Eu sou a árvore
Dou sombra, dou frutos
Dou galhos secos parar queimar
Dou brotos para brotar

Dou sombra pra' sombrear
Os frutos, não precisa roubar
Quem quiser pode levar
Apurar as sementes para plantar

Se vai arar, pode arar
Com minhas sementes
Também semear...
So' peço que cuidem...

Não arem e deixem a terra secar!!!

Pois as sementes podem matar
Mas se quiserem podem voltar
E novas sementes podem levar!!!

Seria bom , muito bom também, não me podar!

"Fidel e a Sierra Maestra"

Minha pequena moto roncava pela Av. Parauna
Parava nos gramados do meio, na Av, Afonso Pena
A turma estava reunida todos os dias ali'
Turma boa, tinha músicos e compositores e se discutia política...

Nunca fui chegado nessa de compor
Ouvia, participava cantando, porque violão, neca!
O Beto , numa noite, daquelas normais
Me chamou no canto, sério me disse:

Voce, tenho reparado, suas posicões políticas
Estamos arregimentando um pessoal ai'
Para ir prá "Sierra Maestra", em Cuba!
Tudo pago, pra' ajudar o "Comandante Fidel"

Ele ta' embrenhado na montanha no meio do mato
Muita gente ja' foi
Cê quer ir também?
Vou ver, amanhã te dou a resposta:

No outro dia não fui la'
Mas tomei uma séria decisão:

Nunca mais discutiria política!!!

"Hilda Furacão"

O "Bar do Miro" ficava em frente ao ponto de ônibus...
Eu jogava "sinuca"
Quando disseram:
IH! A noiva largou o noivo no altar!

"Sumiu no mato"
Como? Sumiu???
E', deixou ele sozinho !!!
Saiu devagarinho, segurando a ponta do vestido...

Deu uma "corridinha" no final da "passarela vermelha"
Desceu as escadas e pegou o primeiro taxi que apareceu!!!
A escadaria ficou cheia de gente!
Gente que estava la' dentro!

A notícia chegou

No primeiro ônibus que veio do centro!


Ficha técnica: Fato acontecido em Belo Horizonte, somente depois da novela Hilda Furacao da Rede Globo é que ligamos um fato ao outro.
Novela escrita por Gloria Perez, baseada no livro "Hilda Furacão" de Roberto Drumont.

Uma sueca no meu caminho...

A matinê do Minas estava lotada naquele carnaval!
Meu irmão me alertou, na entrada:
Tem uma loirinha te esperando la' na "roda"
Entrei na roda, era uma linda, fantasiada de "Grega"

Chamei-a pra' dançar...
"Ai lourinha deixa eu gostar de voce", cantava!
Ela deixou!
Encontrei -me com ela por nove meses...

De manhã, de tarde e de noite...
Naquele ano, tomei "bomba"!..

Conheci o amor mais puro...

Brigamos! Ela chorou por mim e eu chorei por ela!

Não sei como duas pessoas que se gostavam tanto, se separaram...

Conheci o amargo do fel...

'As vezes, quando o amor e' demais, não da' certo!!




Ficha técnica: Ainda bem que não deu certo, porque vivo muito bem com minha esposa e filhos... O fato aconteceu no Bairro Santo Antônio.BH.MG
Jânio Quadros iria falar em BH
A União dos Estudantes Secundaristas, fez a convocacão
A " Praça Sete" estava com propagandas do " Lott"
"Torres de petróleo", com dizeres:" O Petróleo é Nosso!"

Ele era o candidato da situação, retratos do Getúlio e tudo!
O comício seria na "Praça da Estação"
Nos reunimos na "Praça Sete"
A Polícia chegou, perfilada, batendo no peito!!!

A correria foi total...A cavalaria avançou em cima
Montes de "rolhas" jogadas no chão
Cavalos caiam com o pisoteio
Bombas de gas lacrimogeneo

"Quebra-quebra" geral, Onibus, Banco Mineiro...
Voltei pra' casa...
Dormi! Quando acordei, fiquei sabendo:
Quebraram o açougue que tinha perto de casa!!!!


Ficha técnica: O Comício era do Jânio Quadros, com o slogam: "Jânio Vem ai com a vassoura na mão"...Os estudantes estavam com ele...BH Minas, Praca Sete e o Quebra quebra. O comicio foi realizado na Praça da Estacao, na presença de uma verdadeira multidão!

A teoria da relatividade de Einstein e o caipira...

O sol está se pondo atrás da serra!

"Oia sô, que beleza! Pena que vai esconde!!

Vá `a cavalo na serra e voce verá ele de novo!...

Uê é mesmo, daqui eu vejo de novo o sol se pondo!!!

Vã atrás da outra serra 'a cavalo que voce continuara' vendo!

E' mesmo, tô veno ele ainda, e' so' corrê atrais dele!!!

Pois e', você corre atrás, que ele nunca vai se por!

E' assim: Se a gente correr atrás, o tempo pára!

Quer dizer que se eu andar atrais do sol o tempo p=ara?

E lo'gico, quando voce" anda" o tempo "pára"
Quando você para, o tempo "anda"!
E' relativo!!!

Uê, num precisava um cientista genial descobri isso não uê!
Qualque um de no'is descobria isso!

E', mas ele descobriu primeiro! E' gênio então!

E', próxima vez, vou pensa numas coisa assim!!!

A Adil e o "Che Guevara"...

Adil morava na rua Leopoldina, no Bairro Sto Antônio
Fui numa festa na casa dela.

O "Che Guevara" fora convidado pelo Jânio para ser condecorado
Quando voltasse da reunião da OEA, no Uruguai

Eu vou a Brasília só prá ver o "Che" e pegar um autógrafo dele!
Ninguém acreditou na Adil...

A Adil foi em Brasília
Esperou a condecoração prometida:"Ordem do Cruzeiro do Sul"

Foi no Hotel que ele estava hospedado
Viu ele de perto!

Pegou o autógrafo dele
E dormiu por lá também...


Jânio Quadros , dizem, atendeu um pedido do então Presidente Kennedy... para aplicar no Brasil os investimentos provenientes da Aliança para o Progresso...Jânio convidou Che Guevarra, na volta da reunião da OEA, que viesse em Brasilia para receber esta alta comenda, o que realmente aconteceu...A Adil, dizem foi a Brasília e se encontrou com o Che...
Quanto ao Jânio, dizem que foi um "desabafo" etílico do nosso mandatário maior, a sua renuncia...

Meu amigo"Candinho"

Quando fui procurar o "Chefe do Funcionalismo"
Eu estava com um cartão na mão
Do "Seu Candinho", secreta'rio do "Superintendente"
Que me dera uma ajuda, a meu pedido...

Não conhecia, pois apareci sem querer em sua sala!
O Chefe olhou assustado o cartão:
Quem disse que tem vaga em Lavras? A vaga vai abrir ainda...
Pois e', o "Seu Candinho" disse sobre esta vaga e eu quero ir pra' la'!

Meia hora ele ficou calado e eu tambe'm, esperando ...
Vou lhe mandar pra' la', como exedente, não tem vaga, vai abrir!!!
Obrigado Seu Dercely, obrigado! Fiquei euforico, acalmado por ele!
Leva este memorando, apresenta ao Gerente la' em Lavras!!!

No dia da posse, fui conhecer primeiro a Cidade passeando...
Dia 19 me apresentei ao meio dia no Banco
Mas era ontem o dia! Tenho que dar posse com data atrasada!
Não tem mesa pra' voce assentar...

Quem nomeou voce pra ca' como exedente?Pergunrou o gerente
Foi o "Candinho", secreta'rio do "Superintendente"
AH! o "Candinho"...?
Dai' pra' frente, comecei a ser tratado como gente!!!

Brasil e Hungria...

Estava indo pela estrada de Nazareth de Minas
Pra' fazenda de minha sogra
O jogo estava 1 a zero pra' Hungria
Copa do Mundo de 1966

João Saldanha comentava pelo ra'dio
Esse time da Hungria não e' de nada!
O Brasil vira este jogo...
Desce Puskas,passa por um´, por dois, entrega pra' Lantos...

Gool da Hungria! Gooool da Hungria, 2 a zero e' o placar!
Isso não da' em nada, e' sorte, o Brasil vira o jogo!
O tempo passa e o Brasil faz um gol!
Não disse! O Brasil vira este jogo!

Vai descendo Czibor, entrega pra Hidegkuti, pra Kocsis, pra Puskas
Goool da Hungria! Goool da Hungria!!!
Juiz apita! Fim de Jogo! Fim de Jogo! Hungria vence o Brasil 3 a 1 .!

Nunca mais levei a se'rio comentarista de futebol!!!

A república...

Estava em Montes Claros passando as férias
Na "república"de meu irmão
Ela ficava entre a Matriz e a "Zona Boêmia"
Virando 'a esquerda era a "Zona"

Virando 'a direita era a" Praça da Matriz"
Não que eu quizesse virar so' a esquerda...
Mas preferia, porquê de bicicleta era melhor na descida
Todos dias eu descia a rua que dava na" Zona""

As mulheres ficavam nas janelas
Eu cumprimentava quando passava pela manhã
Ia ate' a "Praça de Esportes" que era no final da rua
A casa da "Roxa" tinha uma luz vermelha

Aquelas ruas eram alegres e movimentadas
De dia e diziam que de noite muito mais...
Um dia, presenciei uma briga entre duas mulheres na rua:
Não e' igual homem não , a briga e' muito mais violenta!

O Trem para Montes Claros...

Ia de trem para Montes Claros de "Leito"
Era noite, e aquela mulher me convidou para jogar cartas
Eu comecei a jogar cartas com ela
Não sei, não me lembro qual jogo...

So' sei que era uma mulher casada, nunca tinha visto
Ela se insinuava, jogava, mas olhava muito
O trem balançava, nos baques dos trilhos...
Parecia um "batuque", um acompanhamento

Uma mu'sica que não tocava
Mas o "batuque" pedia uma mu'sica que não aparecia...
Eu bem que queria tocar a mu'sica
Mas não sei porque não toquei

Acho que devia so' ter o acompanhamento
Os trilhos e as rodas faziam muito bem...
Não tinha maestro, não tinha ningue'm, so' eu
Ela queria que eu tocasse a mu'sica

Porque o acompanhamento, ja' tinha de sobra....

O Parque Xangai...

De casa eu ouvia os auto falantes do" Parque Xangai"
Eles estavam instalados no terreno acima da Praça Raul Soares
Certa noite, meu pai me levou la'
O "Parque" era imenso, barracas, jogos, tudo!

Tinha um " foguete" que girava...
Visitamos va'rias "barraquinhas", o trem fantasma
"Alvarenga e Ranchinho" cantava e a multidão aplaudia
"Eram duas caveiras que se amavam ..."

Eles faziam o desafio em versos..
Meu pai prestava muita atenção
Dois "caipiras" no alto do palco
Uma multidão se espremendo ca' em baixo

Todos riam muito!
Alia's, todos estavam alegres...
Meu pai ria e batia palmas!
Tinha muita alegria no ar...

Ganhe um carro, usando sabonete Lifeboy...

O sabonete "Lifeboy " lançou uma campanha
Ache a chave de seu carro dentro do sabonete
Tinha uma estoria
De algue'm, que tomando banho

Se arranhou com uma chave
Tinha ganho um carro!
A propaganda foi bem feita
Pelo ra'dio, televisão não existia

Sonhava em achar uma chave do carro
Dentro do sabonete
Furava todos eles
Pela capinha mesmo

Agulha não era boa
Boa mesmo era faca
Pontuda afiada
Que o sabonete estragava

Silki, o faquir...

Era na Galeria "Dantes" em Belo Horizonte
Que Silki o faquir queria bater o recorde
Ficar sem comer 132 dias
Acorrentado numa urna de vidro

Deitado em cima de pregos
Cercado por mais de tres cobras
Usando uma tanga indiana
Um turbante...

Dois soldados se revezavam na vigia
Nada de comida, jejuar geral
Eu passava la' todos os dias
Na sai'da da aula do Colegio Anchieta


Olhava as cobras. deitado nos espetos
A placa dizia, 80 dias jejuando
Eu com uma fome descontrolada
Desde a hora do recreio sem comer...


Ficha técnica: O Edificio Dantes, fica no Centro de Belo Horizonte, o Colegio Anchieta era na rua Tamoios, perto do Centro. Como nao pagava pra entrar, ia todos os dias la'. O Faquir bateu o recorde mundial jejuando 132 dias, saiu debilitadissimo da urna, alias direto pro hospital.

Um ráio não cai duas vezes no mesmo lugar...

Furnas estende um dos seus braços
Separando Nazareth de Minas de fazendas
Do outro lado eu via o Sítio do Guinho que estava 'a venda
Ia vê-lo, mas armou uma tempestade, o céu escureceu

Tudo ficou negro...
Um ráio cortou o firmamento, caiu no terreno
Uma nuvem negra se formou em cima do lugar que ia visitar
Desprende outra faisca, explode no gramado!

A tempestade começou justamente naqueles belos pastos
Eu contei uns vinte ráios que caiam no mesmo lugar
Me contaram que tinha alguma coisa lá que atrai ráios
O espetáculo era belíssimo

Quem não devia gostar era o Guinho
Que colocou tudo 'a venda
Desistí de ir la'
Um ráio não ca'i duas vezes no mesmo lugar...

Cái vinte vezes!!!


Ficha técnica: Nazareth de Minas fica no Sul , e' conhecida como "Sapecado". depois dela e ' o Porto dos Mendes, que de barca atravessa a represa de Furnas para ir para Campo Belo.O Sitio do Guinho, ficou abondonado, ele se mudou prá outro lugar, depois é que alguém se arriscou e o comprou.

Põe Água na luz!..

tarde já ia embora, na fazenda "Soledade"
Primeira noite que iria passar la'
Namorava a minha futura esposa.
Fomos no final do rego d´a'gua verificar o di'namo

A correia estava bamba !
Meu cunhado entrou no fosso, viu a ponta da cetilha
Regulou a boca de sa'ida d' a'gua
Trocou o carvãozinho...

Correia esticada, carvão trocado,
Fomos na represa soltar a a'gua
A luz foi chegando aos poucos...
Clareou de vez !

Acendeu o ra'dio que chiava
Chiava mais do que falava
Era assim, toda noite na roça
As vezes, a gente, distrai'dos lá em baixo, ouvia a sogra gritar:

Põe 'agua na luz!..


Ficha técnica: A Fazenda Soledade fica pro'ximo ao Porto dos Mendes, Sul de Minas... Toda noite ti'nhamos que ligar a luz, soltando a 'agua no rêgo para tocar o di'namo que gerava luz para a Sede...Ouvi'amos o ra'dio chiando muito pela interferência do gerador...
Cetilha: boca que regula a sa'ida d`agua ...e toca rodas horizontais...

As férias no Rio...

E'ramos uns oito a passar fe'rias no Rio
O lugar não poderia ser melhor
A Pensão da Dona Dina...
Avenida Atlântica, de frente pro mar¨

Instalados la', surgiu um problema
Aonde guardar nosso dinheiro
Tive a ide'ia na hora, vamos depositar!
Porque deixar na pensão, nem pensar

Fui num dos bancos mais importantes, pertinho dali'
Abri' uma conta, recebi talão de cheques, cadernetinha...
Dinheiro ficou em lugar seguro!
So' que todo dia, ia na agência sacar o dinheiro da turma

O Gerente no inicio me atendeu muito bem
Mas depois foi desconfiando com aquele saque dia'rio
De tanto que entrava e sai'a, o homem desesperou ...
Pediu meu talão de cheques, mandou sacar o resto que havia

Depois de rasgar meu talão falou raivoso:
Cliente igual a você o Banco agradece...
Peguei o dinheiro no caixa...
Sai' devagarzinho, pisando naqueles tapetes chiques!!!


Ficha técnica: Ano de l960, Pensão da Dona Dina, Avenida Atlântica, posto 5...Uma das poucas casas grandes de frente para o mar, transformadas numa pensão. O Banco que eu fui, era o mais chique de Copacabana, e eu achei normal abrir uma conta para controlar nas fe'rias...So' que o gerente não contava que eu so queria segurança para meu dinheiro (tarifa zero ) .So' saque e trabalho dia'rio para o caixa...Realmente não esperava uma atitude como aquela, mas pensando bem, eu era um cliente bem desnecessario...

O Carneiro da Maroca...

Acho que corria o ano de 66, quando estava junto com meus cunhados, na venda do Vantuir, alia's, a 'unica do "Sapecado", lugarejo, aqui pertinho da fazenda de minha sogra.
Cavalo arreiado e amarrado à porta, garantia de volta. Me espalhei na poltrona da salinha do amigo, sorvendo uma da boa e beliscando o carneiro. Dali mesmo, via a cozinha da Maroca, esposa fiel, cumpridora de seus deveres, movimentando, soprando o braseiro, fazendo as panelas chiarem, tal qual maestro regendo sua orquestra!
Meus cunhados, mais chegados ao dono, metiam a mão nas panelas e via a Maroca toda risonha, achando graça nas liberdades ali tomadas e adquiridas...
Estava um pouco sonolento, para falar verdade, apesar do medo que sempre tive de bebida, estava deixando rolar, porque realmente o ambiente era de festa, pois, la' fora, não disse ainda, comia feio, o comício que o Doutor Dario estava fazendo...

Lugarejo sem luz, em cima de um caminhão iluminado por gerador, miravam o holofote para a multidão reunida, naquele, que era uns dos primeiros comícios permitidos pela "jovem" revolução...
A venda era iluminada por lampeões, pouca luminosidade, nos permitia na escuridão da saleta, algumas deselegâncias, tais como, comer com as mãos, tirando da travessa na mesa de centro, pedaços do carneiro, que só ela sabia fazer.

Quando tinha já tomado uns bons tragos, eis que chega um "mensageiro" afoito, dizendo, que o Doutor Dario me pedia para falar sobre a instalação de uma Agência do Banco do Brasil no Município que ele disputava a campanha. Ora, o que falaria? Se soubesse que seria convidado, teria preparado um "improviso", brinquei...
Tentava escapar deste incômodo convite, mas não deu, porque meus cunhados em coro, apoiaram a iniciativa! Pois, adoraram a idéia de me ver sair desta situação: Falar para o povo!
Mais que depressa, disse-lhe: direi algumas palavrinhas.Pedindo para avisar a hora, completei o recado com uma boa talagada, esta seria para me dar coragem pois, a sentia fugindo...
Nem pisquei, quando pelo alto falante, ouvi em alto e bom som, chamarem: -Agora daremos a palavra ao "Victor Silva"...
Como Victor Silva? Ah! E' por causa de sua sogra que se chama Silvia! Mas ela se chama Silvia! E não Silva... É engraçado o povo daqui, tem mania de ligar uma pessoa a outra, eu fiquei, parece, ligado `a minha sogra. Mas, isso não tinha importância, estava ligado era no que iria falar e como falar...
Subi na carroceria do caminhão...
Comecei a falar pausadamente, devagar, como manda o figurino,
aos poucos, aumentando o volume da voz...me empolgando...

Num relance, vi no foco do holofote, meu cunhando se atracando com sua namorada no bambuzal em frente! Quase perdi o fio da meada... Mas, como dizia, fui me empolgando e além de falar sobre o Banco do Brasil, onde trabalhava, resolvi por conta própria, enaltecer as qualidades do candidato, que realmente não me pedira isto. Estrapolei demais, eufo'rico que estava, estimulado pelas calibrinas, via no silêncio da multidão, um apoio não esperado às minhas palavras...Estaria agradando? Dizia: -Quem for meu amigo, devera' votar no Doutor Dario, candidato que apoio firmemente para Prefeito ... Nazareth de Minas, tem que votar em massa neste candidato, que e' o melhor dos três!
Tinha tomado o cuidado para não chamar o lugar pelo apelido: "Sapecado", como é conhecido, mas, ignorado pelos amantes do lugar, que não saberia dizer quantos, mas, sabendo, que meu novo apoiado perderia uns bons votos.
Finalmente, bateram palmas, sendo abraçado pelo meu novo aliado politico, que dizia: -Você foi bom demais para comigo! Não merecia tanto!
Mas o tempo foi passando e levado pela curiosidade , interessei- me pelo resultado da eleição: Qual seria o resultado, sera` que eles dariam bons votos para meu "candidato"?
As urnas foram abertas e so' queria saber do resultado .
O Doutor Dario perdeu em todas as urnas e fato ine'dito foi: Ganhara em Nazareth de Minas dos dois outros, dando- lhe, pelo menos esta satisfação...
Continuei levando minha vidinha, desligado da politica, pensando mais no carneiro da Maroca e, agora, com um novo amigo arranjado...

Zorba! O Grego...

Quando saimos do Cine Tupy
Depois de assistir "Zorba, o Grego"-
Era tarde noite e fomos pela rua dos Carijós
Com os dedos pra cima imitando o ator...

O clima era de festa,
Tínhamos passado no Banco do Brasil
Paramos na "Cantina do Ângelo"
Macarrão na mesa e vinho tinto

Música do filme, não saía da cabeça
Combinamos sair sem pagar
Cada hora um saía, no sorteio
O Aldo ficou por último

Lá de fora a gente via, na sacada da cantina
O Aldo pular para marquise
Dependurado na marquise tentava saltar no passeio
Os garçons sairam, nós vimos

Sendo carregado para dentro
Ainda abanava as mãos
Como se tivesse comemorado um gol
Lá dentro, pagou tudo

Ainda deu gorgeta ...
E disse para o dono:
Isto aqui é pro garçom
Pelo seu senso de observação...

A Cantina do Ângelo...

Tinha recebido meu primeiro sala'rio
Funciona'rio que era, do Banco da Lavoura
Dinheiro no bolso,
Rumei pra' Cantina do Ângelo

La', pedi' espaquete e um vinho "Barbera"
Vinho famoso na 'epoca, "Tinto suave"
Me atendeu, um garçon atencioso, o Giovanni...
Era doutori pr'a ca', doutori pr'a la' !

Comi a beça!
Pedi' a conta, dei vinte cruzeiros de gorjeta
O Giovanni, agradeceu demais, pois não sabia
Que o dinheiro sobrava do meu primeiro sal'ario.

Tempos depois, vi' na avenida um letreiro:
Cantina do Giovanni
Fui conferir: Era o pr'oprio.
Montara uma cantina, ainda trouxe seu irm'ao da Ita'lia...

Com dinheiro que juntara das gorjetas

Cauby Peixoto...

Quando Cauby vinha a Belo Horizonte
Geralmente, depois de sua apresentação
A turma o pegava, ia com ele para serenatas
Piano na carroceria de uma camionete

Rodava o bairro todo,
Nas madrugadas frias
Esquentada pelas bebidas
Cantava com acompanhamento.

"Conceição, eu me lembro muito bem..."
Estarei sonhando?
Pensava a musa
Cantava alto, pra' todos ouvirem

Muitos não acreditavam
Cauby, sucesso da época
Cantando, cantando!
E um piano acompanhando !

Um dia em Harvard...

Minha filha me convidou para passar o dia em Harvard
Fui de manhãn'zinha, tinha parado de chover
Alia's, como chovia !
Entrei, subi' para o quarto andar

O laborato'rio tinha va'rias divisões
Cada um com a sua, material particular
Coisa bem equipada
Tinha pesquisador do mundo todo

Indiano, canadense, ingles e americano
A brasileira era minha filha
Fazia tres anos que estava la'
Eu passei o dia inteiro na Universidade

Conheci a sua coordenadora
Conheci o faxineiro, portugues de Açores
Convidou- me para visita- lo
Harvard e' um lugar como outro qualquer

So', que de gente simples...

Zé da Cobra...

Estava na varanda, deitado na rede
Quando chegou o Alcides
Carregando seu filho
-Vitinho, leva o Zé pra cidade, a cascavel pegou ele!

Com torniquete já amarrado na perna
A cobra tinha ofendido no calcanhar!
Era uma cascavel de "papo amarelo" velha
-Leva ele correndo, dizia o pai assustado...

Coloquei os dois no carro...
Saí correndo com meu fusca comprado ha´ pouco!
As curvas eu acelerava, nas retas nem se fala
Pelo retrovisor via os dois branquearem

Medo do veneno fazer efeito, pensei!
Chegamos em pouco tempo
Caminho que fazia em 40 minutos, fiz em 20
Fomos no Milton Simas, farmacêutico que tinha soro

Medicado a tempo foi salvo o Zé...
Ganhando o apelido de " Zé da cobra"
O Alcides seu pai não quis voltar de carro
Despediu- se ficando mui agradecido

Dizendo que ir a pé era mais garantido!


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Belo Horizonte MG poesia textos-literatura
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Autoria Autor:victorvapf
Ficha técnica Fazenda Soledade: A cascavel o mordeu no calcanhar, mas com o torniquete feito e na velocidade do atendimento, sua vista nem chegou a escurecer, o veneno foi neutralizado com dez aplicações de soro na barriga, feitos pelo farmacêutico do lugar, que era especialista neste tipo de atendimento. Sul de Minas, MG.

O Ágio...

Comprei um sítio em Lavras
Era do Luiz T Silva
Pagava todo mês, prestações
De um total de 500.000 cruzeiros

Tinha café, duas casinhas, pasto pequeno
Uma aguada boa e pés de jabubicabas
Estava namorando na cidade vizinha
Todas sextas feiras ia de carona...

Entrei num consórcio de carros
O primeiro do gênero!
No sorteio, ganhou o Helio Gil
Corri atrás dele, ofereci um ágio

Um milhão e seiscentos mil...
O valor exato da venda do sítio!
Não ia mais de carona ver meu amor
Podia até dar umas " incertas" no meio da semana

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Belo Horizonte MG poesia
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Autoria Autor:victorvapf
Ficha técnica Primeiro consórcio de automóveis, idealizado pela AABB Belo Horizonte, Minas, Bairro da Pampulha. O sorteio era realizado na Sede da Agremiação. Ofereci um valor para que me entregasse o carro, sem querer, estava criado este sistema de ágio que se espalhou por todo o Brasil. Corria o ano de l965

Vito "Paca"...

Caçador inveterado
Tinha vinte cães farejadores
Perdigueiros "Americanos"
Todos os sábados, colocava a matilha no "trio"

Sexta Feira chegou chuvosa
Chuva miuda, que ele gostava
Pois, na manhãnzinha de sábado, era só seguir o rastro da caça
Dizem que até cheirava o chão, endireitando os cachorros

Mas eis que um mensageiro, traz pra ele a notícia:
Sua sogra desenganada, doente, não passaria daquela noite!
Falando baixinho, pra não acordar sua esposa:
Despediu -se do cavaleiro, sem convida-lo pra entrar....

A caçada não posso perder, ainda mais com esta chuvinha
Pensamento bem forte tapando a razão
Resolvera ficar calado, e na manhã, antes do sol nascer:
Saiu como de costume, sem acordar a esposa querida

Coitado do Vito! Todo mundo no velório e ele caçando !
Não soube de nada, saiu de manhã...
Tomara que não se assuste muito, quando ele chegar
Comentava a esposa, com o pessoal do lugar...



Sobre a obra
"Vito Paca" é seu apelido. Esta vivo e reside perto de Nazareth de Minas. Era viciado na caça de veados. Nunca matou um, só pelo prazer de encontra lo. Mas a caça fora proibida, mesmo assim saia com os cachorros e sua buzina. Sua sogra estava muito doente e desenganada, apesar da notícia, ele foi caçar, porque como ele mesmo dizia: Sair de manhã, depois de uma chuvinha era o que mais esperava. Ele chegava a cheirar mesmo o chão... Sul de Minas.

A "Inocência"...

Na chegada da fazenda de minha sogra,
Tinha uma beirada de terreno, uma beleza!
Fiquei doido pra compra'-la:
Pertencia ao Tino, que morava em Varginha

Perguntei ao seu vizinho, o Dico Meneses
Amigo ! O Tino vende este terreno?
Vende, respondeu solicito o Dico
Eu queria topar com ele, como encontra'-lo?

Se quizer, posso leva-lo ate' ele...
Fomos no meu carro, conversando, passando por Coqueiral...
Disse- me que o Tino era gente boa, plantava de meia com ele
E que estava doidinho para vender as terras!

Chegando no bar, aonde reunia os fazendeiros
Encontrei o Navantino, fui logo falando do nego'cio
Pelo espelho, enquanto conversava, vi o Dico sinalizar...
Fazia "não" com o dedo, piscando va'rias vezes

A fisionomia do vendedor mudou, desanimando o nego'cio!
Tinha trazido o Dico a passeio:
Aproveitara a viagem, pra colocar as conversas em dia com seu meieiro
Nunca, "nunquinha", teria chances de comprar aquele terreno!!!



Sobre a obra
O terreno que queria comprar era uma beleza, ficava no pe' de uma bela montanha. Inocentemente perguntei ao vizinho que era meieiro do dono das terras. Nunca pensei que seria usado para levar o informante para colocar seus interesses em dia com o "vendedor". Varginha , Minas Gerais.

A Peroba...

Dona Sianinha, avó da minha esposa
Me deu uma madeira, peroba rosa
Da mata da Thereza
Tinha caído, fazia uns vinte anos, numa tempestade!

Fui a cavalo ate' a serraria do João da Hermínia
Depois de subir o morro, passar por quatro porteiras, cheguei!
Lá bem no alto da serra, fui por ele recebido
Sorriso nos olhos, caboclo humilde, convidou-me pra entrar

Casa grande, antiga, assoalho taboado, bem lavado
Sua irmã serviu café, num bule de lata comprido
Pedi ajuda, pra achar a peroba que tinha caido na mata
Ele me disse que sabia desta historia, e podia ajudar

No outro dia, nos encontramos na mata
Olhando pra cima, o João viu uma falha nas copadas
É' aqui' Vitinho, achei! Exclamou apalpando a tora caida
Limpou em volta com foice, eu vi a tora!

Media mais de vinte metros, de uma grossura so'
Tinha um metro de quina
Fez um estaleiro no local, desdobrou a madeira
Vários dias eu via ele com o traçador e ajudante serrar...

O tio de minha esposa denunciou...
João da Herminia ficou sabendo
Varreu toda a serragem de sua oficina
Ficou uns tempos sem trabalhar

Ia construir uma casinha com aquela madeira
Não sei porque nada construi, vendi a madeira!
Com o dinheiro, paguei o conserto de meu carro
Que tinha fundido o motor!




Sobre a obra
A Mata da Thereza está até hoje intacta. A tora que foi tirada foi dada pela mãe da Thereza que era inválida. Eu ia construir uma casinha na fazenda de minha sogra, mas desisti porque fiquei aborrecido pela transtorno causado ao João da Hermi'nia, por isso resolvi' vender a madeira...a t'ecnica de achar no meio do mato a tora, era olhar pras copadas, quando via uma clareira, era sinal que tinha cai'do alguma coisa ali', mesmo apesar de tanto tempo...o sinal sempre fica!

Milton Soares Campos...

Por indicação de meu pai fui procurar o Ex-Governador
Minha Gulivette, parada na porta de sua casa
Com o barulho, deve ter anunciado minha chegada
Bati 'a porta, pedindo para falar com ele

Fui levado ao seu escrit'orio e biblioteca...
Imensa, com livros ate' o teto
Figura carisma'tica, me atendeu mui educadamente
Disse lhe que gostaria de trabalhar no Banco da Lavoura

Mas tinha que ser indicado por algue'm, na ficha de apresentação
Depois de verificar os dados seria chamado pra fazer provas!
AH! Filho do "Pintinho", pode por meu nome ai!
Agradeci ao Doutor Milton Campos pela atenção

Pouco tempo depois, fui chamado pra fazer as provas...
Nulo em contabilidade, "Me'todo Hamburgues"
Fiz as provas mais ou menos...
Não esperava ser chamado, mas fui !

Meu pai sempre dizia que a UDN, não ajudava ningue'm do partido!
Questão de e'tica, cargos no Governo, nunca!
Mas eu consegui', a autorização pra usar o nome dele!
Iria trabalhar, não no Governo, mas num Banco particular

A e'tica partida'ria estava salva...

Sobre a obra
O Doutor Milton Soares Campos tinha sido Governador e mantinha seu presti'gio. Morava perto da Praça da Liberdade. Meu pai tinha sido um dos udenistas de primeira linha e seu amigo. Mas nunca tinha pedido um emprego no Governo. A e'tica naquela e'poca era levada a se'rio. A indicação na folha de apresentação solicitando participar de concurso, deve ter me ajudado, mas nunca fiquei sabendo...Certeza eu tinha, que era pe'ssimo em contabilidade, por este tal de "Me'todo Hamburgues"...

Olimpíada Colegial...

Depois daquele problema com a prova de biologia, eu pretendia a todo custo me redimir, porque meu conceito estava abaixo da crítica, se posso assim afirmar...

Então procurei o Frei Júlio para fazer um apelo, pois tinha no Frei uma pessoa de personalidade forte e pela sua influência junto a todos, o via muitas vezes orientando, sempre falando com desenvoltura, dentro daquela instituição.
Só para se ter uma idéia das posições que ele tomava, conto entre parênteses, um caso acontecido na hora do recreio:

Uma discussão na quadra de futebol de salão, entre o Fred e o Judeu, foi esquentando, nós viamos lá de cima, nos corredores que davam acesso 'as salas de aulas! Os dois se pegarem! Fui separar a briga, mas o Frei impediu-me dizendo: Deixem brigar, até cansar, complementou! Ainda tinha levado um puxão nos cabelos, quando tentava em vão impedi-los! Dois brutamontes brigando, quem separaria?

Mas, como afirmava, o Frei Júlio impediu e deixou a briga correr, começo de recreio, ela demoraria no mínimo 15 longos minutos. Desimpedidos para brigar, se engalfinharam dando pontapés e braçadas, até que se cansaram, não parando a briga, continuando um ofendendo ao outro e cuspindo até esgotar a saliva...Por fim, desistiram saindo com dedo em riste, agredindo verbalmente, foram os dois para sala, com as orelhas vermelhas e suados.

O Frei Júlio não moveu palha siquer e nem chamou atenção dos dois...
Depois do ocorrido, não vi mais brigas no recinto...o "ringue" liberado, ninguém se habilitou mais!
No meu caso, em que afirmo que meu conceito estava abaixo da crítica, foi o fato de uma prova que fiz, de biologia, chance dada pelo professor, uma vez que faltara a aula que teve a prova, por motivo de doença.

Como não tinha me preparado, pedi ao meu colega de trás de mim, que fizesse a prova, depois ao final da aula, me passaria impecavelmente correta...Foi uma péssima idéia, porque na sa'ida da sala de aulas, o professor trancou a porta, me deixando super desconfiado, pois não era seu costume agir daquela maneira, ainda mais, com a "prova" do crime escondida na minha carteira:

A prova toda ilógica, com respostas inconsequentes em que eu descrevia uma luta de box, que tinha havido entre o Eder Jofre e um "chiado" qualquer, enfim, um besteirol completo...pois a prova correta tinha recebido de meu colega Paulinho Dani..

Minha desconfiança fez sentido, quando volta o professor acompanhado do Diretor, adentrando a sala de aulas, não deixando o professor Chiquinho, de dar aquela olhadinha para trás, prevendo que estava sendo assistido no seu ato.

Dito e feito: Durante a aula seguinte, de química, entra um mensageiro do Reitor, pedindo a minha presença na sua sala.
A primeira coisa que vi ao chegar a Reitoria, foi o Frei, com duas provas na mão: Perguntando sem esperar que eu me assentasse:
Esta prova e' sua? Perguntou com ar de severidade:
E' respondi...
E esta outra? Mostrando a prova feita pelo meu colega, impecável, sem nenhum erro:
É minha...
Como? As duas provas são suas? Pelo que me conste, esta foi o Paulo Dani quem fez, como ela pode ser sua? Responda?

É minha sim! Eu ganhei! Ele me deu!

O Frade não conseguiu segurar o riso, mandando-me voltar pra sala, dizendo antes, que estava suspenso por dois dias...

Como expus no começo da história, estava com o conceito meio abalado e procurei o Frei Júlio, para convencê-lo participar das Olimpíadas Colegiais e que o Colégio não podia ficar de fora etc e tal...
O fato é que, relutante, aceitou participar de Futebol de Salão e Futebol de Campo, e para minha surpresa, estaria encarregado da organização dos times, bem como, ser o técnico das equipes e ja' poderia ir tomando as providências...

Quase caí pra trás, o Frei realmente tomava as medidas mais inusitadas, dar esta responsabilidade para um "ex-irresponsável", porque, a partir daquele momento, seria responsável por dois times do Santo Antonio, na Olimpíada Colegial...

No outro dia, fui bem arrumado, banho tomado, dentes bem escovados e cabelo bem penteado, falando compenetrado, parecendo aluno comportado!.

Sobre a obra
Colégio Santo Antônio, ano de 1958, Belo Horizonte, Minas Gerais. As Olimpíadas Colegiais tiveram a nossa participação, sendo um dos feitos muito comentados, o empate de 3 a 3 com o Colégio Santo Agostinho, no seu campo, pois ganhavam todas nos seus domínios.Me lembro do Noêmio, jogador, depois profissional do Clube Atlético Mineiro, tive a honra de comandá-lo...Ele se tornou um dos maiores goleadores do Clube Atlêtico Mineiro, que este ano faz o seu Centena'rio...

O " Seu Carioca"

Perto de minha casa, mora o Seu Carioca
Ele faz raias pras piscinas dos clubes
Vai la' em baixo, no bambuzal
Corta muitos bambus...

Daqui eu vejo os bambus
Amontoados na frente de sua casa
Ele corta os gomos
Lixa um por um...

Emenda, fazendo uma fileira
Enfiando no meio, uma cordinha
Pinta de azul, gomo por gomo
Ate' secarem enfileirados, nos varais

Foi olhando que fiquei sabendo
Que as raias das piscinas
Eram feitas de gomos de bambus
E o Seu Carioca e' quem fazia.



Sobre a obra
Seu Carioca, como era conhecido no Bairro Santa Thereza, fazia raias pras piscinas de Belo Horizonte, de bambu. Eu observava da janela de casa sua movimentação, ate deixar as raias dependuradas, secando a pintura, como um varal de roupas.Que eu saiba eram feitas de gomos de bambu, pelo menos por estas bandas... Bairro de Santa Thereza, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

O Camelô...

O Camelô

O Mercado Municipal era perto de casa
Da Av Olegário Maciel, aonde morava, era um pulo.
Volta e meia estava lá com meu irmão
Para ver os camelôs fazerem mágicas !

Tinha a "Dona Catarina" uma cobra imensa...
Nem com as varadas dadas na sua caixa, ela mexia
"Dona Catarina" vai dar um pulo e comer uma dúzia de ovos!
Gritava, o Camelô, chamando cada vez mais atenção

Todos se amontoavam em torno dele...
Eu via agachado, la' na frente, a cobra dormir...
Mas ela acorda e pula na mesinha dele, pensava...
Ele abre outra caixa, mostra pra multidão:

Um produto embrulhado num papel celofane amarelo, bonito!
Passa "Pasta Amazonense" ! Cura calos, cravos espinhas!
Ainda tem um brinde dentro, pode ser relo'gio! Dizia...
Puxa! Um relo'gio, pena não ter dinheiro!

Todo mundo comprava,
-Olha so', o amigo aqui ganhou um relogio!!!
Ai aumentou o interesse...
As mãos dele estavam cheias de notas...

Eu, olhava a "Dona Catarina" dormindo,

Não acordava pra nada...



Sobre a obra
Alí, no Centro de Belo Horizonte, no Mercado Municipal, se reuniam os Camelôs para venderem seus produtos(o quadrado a esquerda na foto)...Alguns usavam de mágicas vendendo loções de procedência duvidosa...Todos compravam, ficavam encantados com os possiveis brindes. Os que ganhavam relógios eram os que ja' estavam combinados com o Camelô, mas ninguém desconfiava. A Dona Catarina, famosa cobra, nunca saia da caixa, mas ele insistia dizer que chuparia uma dúzia de ovos, falava enfaticamente batendo na caixa, com uma varinha. Eu não tirava os olhos dela...Década de 50.

Zug Pitz Artistes...

Zug Pitz Artistes

A Praça Raul Soares estava lotada
Os equilibristas alemães esticaram um cabo de aço
Ia de um prédio a outro, atravessando a Praça toda
A gente ficava olhando para cima

Acompanhava minha bonita prima Therezinha
A motocicleta passava pelo fio de aço
Equilibrando, o artista se mantinha com a vara
Uns andavam, clareados pelos holofotes

Minha prima reclamava!
Não entendia, estava tão bom o espetáculo
Cheio de gente, todos se apertavam, ela achava ruim...
Saiu me puxando, xingando!!!

Olha, eles com bandeiras coloridas na mão!
Veja, Therezinha! Estão "plantando bananeira" la' em cima...
Não quis saber de nada...
Foi me puxando, puxando e xingando...


Sobre a obra
Zug Pitz Artiste, equilibristas alemães, estiveram em Belo Horizonte, na Praça Raul Soares.Praça lotada, um encosta, encosta danado, todos queriam ver. Esticaram um cabo de aço de um prédio a outro. Década de 50. Depois voltaram fazendo a mesma coisa, desta vez no centro da cidade... Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

A foto mostra a loucura de uma época. Eles desafiavam o perigo equilibrando,(isto deve ter sido na década de 30) e virou mania no mundo, aí surgiram. creio eu, os artistas alemães ...

O Segundo Milagrre

O Segundo Milagre

Meu avô era Juiz, morava em Diamantina
O pai dele, chefe político. Em política com o filho não combinava.
Arranjou uma nomeação para ele...
Foi pra Bocaiuva, norte de Minas

Minha avó se chamava Eufrosina, por ele chamada de Flôr
Um dia ele chegou nervoso em casa
-Flôr voce estava na janela a tarde toda!
Naquela época mulher não podia ficar muito tempo na janela

Não estava, Sales! Retrucou minha avó para o marido desconfiado...
A discussão ficou acalorada:- "Não acredito em voce!
-Pois é,passei a tarde toda lendo um livro, uma coisa parecida,,,
Um milagre aconteceu, para fazer valer a palavra!

-Pois então Flôr, eu só acredito em voce se acontecer algo!
Acabando de falar, as cortinas da sala começaram pegar fogo!
-Veja Sales! As cortinas pegando fogo, a casa vai queimar!!!
Gritou minha avó muito assustada...

Meu avô, tentando apagar o fogo, gritava:
-Eu acredito em você Flôr!!!
-Eu acredito em você!..


Sobre a obra
Meu bisavô, morava em Diamantina, era Chefe Político. Meu Avô, seu filho, não combinava com o pai, pois pertencia a partido opositor ao dele. Criava muitos problemas na região. Meu bisavô arrumou uma nomeação para ele em Bocaiuva, resolvendo dois problemas num só ato. Meu avô então assumiu o posto de juiz em Bocaiuva, Norte de Minas. Pra lá foi com a familia...

Eu, ela e a Argentina...

Eu chegava na casa dela as nove horas
Da manhã, ora pois, pois...
Começava a namorar na saleta de televisão
Da poltrona eu via meu cunhado vigiar

Como eu chegava cedo, eles faziam rodízio
Ora minha cunhada, e os seus três irmãos
Ficava vendo televisão
Júlio Rosemberg e a " jovem guarda "

Cantava o Ronnie Von, com os cabelos soltos
De repente! A tela da tv dá interferência...
Aparece uma imagem de outra tv:
-"TV ROSARIO CENTRAL, Argentina."..

Durou uns trinta minutos a transmissão...
Continuei namorar assistindo o programa..,
Dalí eu via, ora um cunhado, ora outro.
A interferência alí, vinha da cozinha!!!


Sobre a obra
Eu trabalhava em Lavras, ia de carona pra cidade visinha aonde namorava. Chegava cedinho na casa dela. Os quatro irmãos dela faziam a "vigia" na sala: Ora um ora outro, minha sogra é quem controlava tudo. Mas as vezes dormiam...Sul de Minas, Brasil.

A Cobaia de Harvard...

Depois que perdi aquela promoção da American Airlines,
Por receio de voar, pois pouco tempo fazia do atentado do WTC...
De ir a Londres, pacote de dois dias, sábado e domingo
Hotel incluido, pela bagatela de 189 dolares

Resolvi pesquisar com minha filha, se havia na Universidade...
Alguma coisa que poderia fazer para passar o tempo
E quem sabe, ganhar alguns dólares...
- Olha! Tem uns experimentos que usam voluntários...me disse

De todos os que ela me falou, o melhorzinho era este:
Ficar num quarto escuro, sozinho o dia todo com eletrodos na cabeça
Estudavam as reações do indivíduo durante uma semana
Pagavam 500 dolares...

No apartamento de minha filha, tinha vinho, cerveja e tira gosto
Realmente não fazia nada o dia inteiro...
Liguei a televisão, mudei de canal até achar uma tv espanhola
Virei pro lado, deu sono, dormi...sem eletrodos na cabeça!


Sobre a obra
Eu passei uns 30 dias em Boston para visitar minha filha que fazia Pos-Doc de imunologia em Harvard e ficava no seu apartamento, sem fazer nada. Bolava muitas idèias, andava de metrô, mas fui enjoando, queria algo mais...então me ocorreu pergunta-la se havia alguma coisa para fazer naquela Universidade. Ela me disse que tinha experimentos com volunta'rios e pagavam por semana. Quase embarquei num deles so' pra ver o que dava...Minha filha morava do outro lado em frente ao seu trabalho, era so' atravessar a linha do Metrô. Boston MA. USA.

Os Silvos...

Quando trabalhava na Cacex
Antiga Carteira de Comécio Exterior
Me detive a pensar sobre uma importação
Mil Silvos para pássaros espantar

Eles levavam uma pilha só comum
Emitiam uma onda sonora
Imperceptível aos ouvidos humanos
Mas feriam demais os dos pássaros

A construtora que importava da França
Alegava que em suas fazendas
As plantações de arroz eram as toneladas
Pelos pássaros consumidas

Mais que depressa, enquadrei a importação
Dentro das normas regulamentares
Passei-as imediatamente para emissão
Numa época em que sobrava

O arroz nosso de cada dia...


Sobre a obra
Uma grande Contrutora fez uma importação de Silvos (apitos) para espantar pássaros. Alegava que em suas fazendas, a plantação de arroz estava sendo atacada por milhares de pássaros. O aparelho era bem simples e equipados com uma pilha comum, emitia um sinal sonoro, imperceptível aos ouvidos humanos mas ferinos aos dos pássaros, mantendo-os afastados da lavoura. Cada aparelhinho cobria uma grande área da plantação. A importação foi a primeira feita no Brasil, depois disto nunca mais tive notícias do resultado da operação. Fica aqui o registro, nesta época em que se discute a falta de alimentos... Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

O "Geraldo ticundo"...

Eu era viciado em "gol a gol"
Jogava sempre com o Wagner, vizinho de casa
No campinho da esquina
Os gols eram marcados com duas pedras

Eu chutava, o Wagner defendia
Ele chutava, eu defendia
Era jôgo duro, a bola não entrava
A gente sempre "irradiava o jôgo"

"Defendeu Aldo..." eu gritava!
"Defendeu Geraldo Ticundo" o Wagner gritava!
Não entendia que goleiro era aquele
Que time jogava o Geraldo Ticundo, pensava?

Custei descobrir:
O Wagner tinha a língua presa
O goleiro que ele falava era o do Cruzeiro
O famoso Geraldo Segundo...

Sobre a obra
Nós gostávamos de jogar "gol a gol". A bola era feita de meia. Cheia de panos bem socados no final davamos um nó com um barbante reforçado e apertavamos chamando este nó de "cu de pinto"...Quem é desta época, confirma. O Wagner tinha a língua presa, e falava engraçado, custando ser entendido. Queria dizer Geraldo II (segundo)grande goleiro do Cruzeiro, e saía, Geraldo" Ticundo".Que me desculpem os de língua presa, mas eu não poderia deixar de registrar este caso.O Aldo era goleiro do Ame'rica, de'cada de 50.
Rua Esmeraldas com Rio Claro, Bairro do Prado, BH, Minas Gerais, Brasil.

As eleições...

Muitas cédulas eu tinha
Colecionava as que achava
Era de deputado, senador e presidente
Fazia bloquinhos com elas

Auto falantes nos carros anunciavam
Dutra, Brigadeiro, Fiuza...
O movimento era grande
Agitação no ar

Tinha modinhas com os candidatos
Não me lembro delas
Porque somente uma guardei
A gente imitava o barulho da locomotiva:

Lá vem o trem de ferro
"Dutra...Dutra...Dutra!!!"
"Brigadeiro...Brigadeiro...Brigadeiro!!!"
"Fiuuuuuzzzzzaaaaa...Fiuuuuuuzzzzzaaaaa!!!!

Sobre a obra
As primeiras eleições depois da ditadura Vargas. O Marechal Eurico Gaspar Dutra, que vinha de uma campanha dita gloriosa na segunda guerra mundial, ganhou a eleição . O candidato opositor era o Brigadeiro Eduardo Gomes, das elites. Atribui- se a ele, ter dito que os trabalhadores eram "marmiteiros" o que fez com que sua candidatura perdesse muitos votos na última hora, perdendo portanto a eleição. Bairro de Santa Thereza, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

"Panmunjon...Coreia...

Meu pai tinha comprado nossa casa
O bairro era novo para mim
Saí pelas ruas pra conhecer o lugar
Queria fazer amigos, minha preocupação

No rádio de casa o" Reporter Esso "dava as últimas
A música característica antecedia a notícia
"Panmunjom, Coréia", era a guerra da Coréia!!!
O primeiro amigo que conheci tinha um apelido

Como tinha a cara cheia de furos e pintas...
Chamavam-no de "Coréia" ou "Panmunjom, Coréia"...
Um dia a guerra acabou, alívio para todos
Não para o "Coréia", meu amigo...

Sobre a obra
A guerra da Coréia era o assunto da época. O Reporter Esso, o primeiro a dar as últimas notícias, com seu slogan, entrava toda hora no nosso rádio para falar da guerra. Todo mundo chamava meu amigo de Coréia, as vezes como o noticíario sempre informava: "Panmunjom, Coréia... Panmunjom, foi a cidade na qual foi assinada a paz entre o norte e sul. A guerra foi de 1950 a 1953.
(Bairro do Santo Antonio. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.)

A primeira cola eletrônica...

A minha rádio "perereca"
Que meu irmão trouxe de Montes Claros
Funcionava muito bem

Eu transmitia de minha casa
Lá no centro da cidade, meu amigo avisava pelo telefone:
Ta pegando ok!
Os primeiros rádios porta'teis foram lançados na época

Duas faixas, made in Japan, com anteninha
Apelidaram de "tijolo baiano"
Mas coloquei dentro do bolso interno do paletó
O rádio transmissor, na casa em frente ao colégio

Prova de fi'sica, parcial, mês de junho
Frio ajuda colocar cachecol tapando o fone de ouvido
Pela janela da sala eles pegavam os problemas
Eu ouvia as soluções pelo fone de ouvido

Compenetrado, copiava tudo que mandavam
Sei que foi uma coisa feia...
Como foi feia, a dor no cotovelo numa posição só!
Quase não compensou o 7 que tirei na prova!!!!

Sobre a obra
Prova parcial de fi'sica do terceiro ano cienti'fico no Colégio Afonso Celso, em Belo Horizonte, a noite, quando as propagações sonoras são bem melhores. Creio que foi a primeira cola eletrônica feita nas três Américas, quiçá do Mundo. A rádio perereca era novidade e o rádio portátil tambe'm, aliás o tamanho dele, se fosse um pouquinho maior, não caberia no bolso de dentro do paletó de lá, pois era mês de junho, com o frio que fazia, justificou tambem o cachecol enrolado no pescoço, escondendo obviamente o fone de ouvido. Meus amigos montaram o rádio transmissor numa casa em frente, aonde funcionava o Consulado Português.Tive que manter uma posição com a mão esquerda no ouvido, fixando o egoísta, pois o mesmo não firmava dentro do ouvido. Foi assim a prova inteira, o que me valeu uma dor terrivel no cotovelo e no braço todo. A nota não foi estas coisas, um 7, mas foi melhor que nada. Foi desonestidade cometida que confesso e me penitencio, mas tenho que relatar. Junho 1962 BHte. MG

A invenção...

Aflito que ficava, vendo a "Fórmula Um"
Nos Boxes os carros paravam
Pra trocar pneus e abastecer
Eu pensei numa maneira mais prática

Mandei um email para equipe do Senna
Pra mudar a maneira de abastecer
Ao invés de perder tempo
Colocando gasolina

Criar um refil, já com combustível
Quando nos boxes o carro chegar
E só empurrar a cápsula de plástico
Que a outra cairá

Não levará mais de um segundo
O tanque cheio se colocara'
Três segundos, não mais demorará
E a corrida por certo ganhará

Sobre a obra
Eu tentei mandar o email para equipe do Ayrton Senna, mas na verdade não conseguí. Achei uma boa idéia mudar a maneira de abastecer nos boxes da formula um. Evitaria o perigo de incêndio que sempre acontece, pois os mecânicos usam um uniforme para se protegerem deste tipo de acidente. Passo a idéia para o Overmundo, à avaliação de meus amigos. Seriam criados vários refis já cheios de combusti'vel, o carro chegava, sendo trocado imediatamente, o recipiente cheio pelo vazio,não durando mais que 2 segundos a operação...Belo Horizonte, MG.Brasil, 1990.

A invenção...

Aflito que ficava, vendo a "Fórmula Um"
Nos Boxes os carros paravam
Pra trocar pneus e abastecer
Eu pensei numa maneira mais prática

Mandei um email para equipe do Senna
Pra mudar a maneira de abastecer
Ao invés de perder tempo
Colocando gasolina

Criar um refil, já com combustível
Quando nos boxes o carro chegar
E só empurrar a cápsula de plástico
Que a outra cairá

Não levará mais de um segundo
O tanque cheio se colocara'
Três segundos, não mais demorará
E a corrida por certo ganhará

Sobre a obra
Eu tentei mandar o email para equipe do Ayrton Senna, mas na verdade não conseguí. Achei uma boa idéia mudar a maneira de abastecer nos boxes da formula um. Evitaria o perigo de incêndio que sempre acontece, pois os mecânicos usam um uniforme para se protegerem deste tipo de acidente. Passo a idéia para o Overmundo, à avaliação de meus amigos. Seriam criados vários refis já cheios de combusti'vel, o carro chegava, sendo trocado imediatamente, o recipiente cheio pelo vazio,não durando mais que 2 segundos a operação...Belo Horizonte, MG.Brasil, 1990.

A mudança nos costumes...

Hoje vou viajar
Minhas malas já estão no destino!
Agora viajo com a roupa do corpo
Não tem filas nos aeroportos

Tudo foi organizado
Existem empresas aéreas só de cargas
Apanham nossa bagagem em casa
Entregando no seu destino

Os espaços das bagagens nos aviões
Foram usados para passageiros
Aumentando a capacidade de transporte
Com os lucros financiando nossa comodidade

O terrorismo e o sequestros acabaram
Parece até que a sociedade mudou
Não, é que tudo ficou organizado
Organizando também as cabeças...



Sobre a obra
Texto sugestão para mudar o sistema aéreo: O mundo globalizado, tem que se organizar. Não se concebe, sequestro, terrorismo e esta demora nos aeroportos com a burocracia ...Se as nossas bagagens fossem levadas com antecedência para o seu destino, por empresas credenciadas para tal, economizaria tempo e dinheiro. As empresas cargueiras seriam pagas pelas empresas aéreas, pois com o aumento da capacidade de passageiros nos aviões, parcela deste lucro seria usado para pagar o novo serviço. Seria difícil, quase impossivel, um ataque as aeronaves, pois os passageiros viajariam somente com a roupa do corpo... Belo Horizonte, Minas Gerais Brasil

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Belo Horizonte MG poesia
informações
Autoria autor: victorvapf
Ficha técnica Sugestão para mudar o sistema aéreo: Seriam melhor utilizados os dois tipos de transportes: Transporte de passageiros e transporte de carga...O sistema usado hoje é o de 90 anos atrás...
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comentários
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victorvapf · Belo Horizonte (MG)
Mudança nos costumes...

Parabéns Amigo e poeta Querido.
Boa Viagem.
Eu Acho que com estas idéias bacanas,
Daqui a algum tempo vocé estara viajando para Brasilia.
Abração Amigo.
Seu Texto e Proposta já ganhou meu Voto.
Parabéns


azuirfilho · Campinas, SP 7/6/2008 17:56
sua opinião:
Azuir, grande amigo, obrigado pelo comentario.As malas levariam um chip e nunca se perderiam...Abracos

victorvapf · Belo Horizonte, MG 7/6/2008 18:06
sua opinião:
Boas sugestões meu bom amigo. Abraços

Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 7/6/2008 20:15
sua opinião:
Victor, um sonho compartilhado por todos, meu caro amigo!
Será que ainda vivenciaremos isso??
Até mais, querido!

brigitte · Goiânia, GO 7/6/2008 21:48
sua opinião:
Boa sugestão, meu menino! Tomara desse certo! Beijos

Lena Girard · Belém, PA 7/6/2008 22:12
sua opinião:
boa ideia, meu amigo. Seria extraordinário! Abraços e votos.

graça grauna · Recife, PE 7/6/2008 22:18
sua opinião:
Oie!!
Gostei sim. Apesar de nunca ter pisado em um avião. Mas o que ouço e vejo de reclamações... Nossa!!! Imagino viu.
Gostei do texto.
Beijinhos poeta.

Ilia Noronha · Manaus, AM 7/6/2008 22:20
sua opinião:
Estou indo nessa Victinho ... rsrsrs ... Vou embarcar ... Gostei!

Beijos_Meus*
*

Lili_Beth* · Rio de Janeiro, RJ 7/6/2008 23:29
sua opinião:
Aviões....o céu já não dá conta...mas a idéia é brilhante...
Parabesn Victor Vicent

Cintia Thome · Rio de Janeiro, RJ 8/6/2008 11:53
sua opinião:
É realmente muito interessante essa nova iniciativa. Meus sinceros aplausos amigo pela dica e abraços.
Carlos Magno.

carlos magno · Rio de Janeiro, RJ 8/6/2008 15:25
sua opinião:
Carlos Magno, poderia ser criado aqui no Overmundo uma secao de ideias e invencoes, que seriam julgadas pelos nossos overmanos. O poeta e antes de tudo um inventor, porque esta sempre criando e acho que temos um potencial muito grande aqui dentro ...Mas isto e pra eles ai, agora agradeco sua visita, abracos

victorvapf · Belo Horizonte, MG 8/6/2008 17:22
sua opinião:
Cintia, ja pensou? Voce vai viajar, dois dias antes eles vem buscar sua bagagem e as deixam no seu destino, na sua casa...Voce no dia, so tem o trabalho de ir pro aeroporto e entrar no aviao, sem espera e praticamente na hora do voo. Ai voce pergunta? Minhas malas nao extraviam? Nao, porque elas terao um chip de localizacao, mesmo que extraviem serao localizadas e dirigidas ao endereco que voce colocou...O aviao ira somente com passageiros, nada de carga que pode conter bombas e outras armadilhas, acabando de vez o interesse por atentados, como voce vai com a roupa do corpo e obvio que tera seguranca interna... No mais, obrigado pela presenca da minha amiga Cintia, Gardner...bjs

victorvapf · Belo Horizonte, MG 8/6/2008 17:29
sua opinião:
Falcao, obrigado,Brigitte, e um sonho que pode virar realidade. Lena, obrigado amiga., ajude a divulgar a ideia.Graca, Ilia e Lili, obrigado amigas pela visita, beijao

victorvapf · Belo Horizonte, MG 8/6/2008 17:33
sua opinião:
Viajar é tudo de bom,conhecer outros lugares,outras pessoas outras culturas´sempre nos acrescenta muito
Quando fico mais de tres meses sem ''meter o pé na estrada'' ja fico estressada,,rs
Boa viagem

Ailuj · Niterói, RJ 8/6/2008 17:48
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Ai se assim fosse... Tudo tranqüilo, sem esperas e apenas voar...
Mas nada nos impedem de desejar.
Enquanto isso, continuemos a viagem...
beijos

Branca Pires · Aracaju, SE 9/6/2008 09:56
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Me leva nessa viagem....
Deixo meu carinho e voto.

clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 9/6/2008 11:14
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meu carinho e meu voto!

beijos

celina vasques · Manaus, AM 9/6/2008 20:05
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Oie!
Minha marca.
Beijosssssssss

Ilia Noronha · Manaus, AM 9/6/2008 20:21
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Sei não, preferia menos cadeiras e mais espaços nas aeronaves, além de mais competência nos administradores.

Marcos Pontes · Eunápolis, BA 9/6/2008 20:57
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voltando

Ailuj · Niterói, RJ 9/6/2008 21:39
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Retornando e votando. Abraço

Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 9/6/2008 21:46
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Isso é que é voar. parabéns meu caro

j.alves · São Paulo, SP 9/6/2008 22:30
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Vamos fugir...vamos voar...vamos ...pra qualquer lugar...
Parabens Victor!

Cintia Thome · Rio de Janeiro, RJ 9/6/2008 22:33
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Admiro demais pessoas criativas, Victor. Estas suas idéias me fizeram lembrar meu pai... Vivia tendo idéias brilhantes, inventando, investigando. Um visionário, como você.
bjos.

Nydia Bonetti · Campinas, SP 10/6/2008 15:13
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Nydia, sou mesmo! Acertou na mosca!Obrigado amiga pela presenca, beijos

victorvapf · Belo Horizonte, MG 10/6/2008 15:52
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victorvapf · Belo Horizonte (MG)
Mudança nos costumes...

Com todo carinho votando.
Caprichou e mereceu.

Parabéns Poeta
Abraço Amigo e mérito total.


azuirfilho · Campinas, SP 10/6/2008 23:46
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VO(L)TANDO!!!

Beijos_Meus*
*

Lili_Beth* · Rio de Janeiro, RJ 11/6/2008 00:50
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Só mesmo a cabeça de poeta, tem a capacidade de atentar a tudo. Nada lhe escapa.
Parabéns victor.

Pedro Monteiro · São Paulo, SP 12/6/2008 23:12
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Pedro, obrigado pelo poeta, caro amigo, abracos,

victorvapf · Belo Horizonte, MG 12/6/2008 23:14
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Victor, parceiro.
grande idéia. Gostei. E no rumo que as coisas caminham um dia viajaremos pelados, com as mãos no bolso.
Grande, Victor.
Abraços
Noélio

Noelio Mello · Belém, PA 16/6/2008 18:44
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Agora fiquei sabendo que o Fedex esta usando a minha ideia, chama se "Porta a Porta " depois que mandei esta ideia para uma agencia de ideias americana...

victorvapf · Belo Horizonte, MG 25/12/2008 08:51
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"Toroba" não ganhou "guinguiça"...

Alí, bem do lado da casa do meu primo
Existia um casebre, bem pobre...
Aonde morava o Toroba, como era conhecido
Meio abobalhado, coitado, sem maldades

À tarde, quase noite, saía da casa de meu primo
Ouvia, lá do barraco, o Toroba gritar:
"Toroba num ganhou guinguiça"
Arroz e feijão, era o prato deles

Linguiça, temperava a mistura
Toroba não tinha ganho, talvez depois...
Era assim a comida dos pobres
Arroz e feijão, vez por outra linguiça

Hoje, se tivesse o Toroba nas humildes casas
Gritaria por certo na hora do jantar:
Minha marmita ta vazia:
"Toroba num ganhou a janta"!...

Sobre a obra
Ano de 1948, Bairro do Prado, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Eu ia na casa de meu primo brincar, voltava pra casa na hora do jantar, quase sempre ouvia o Toroba gritar lá dentro do seu barraco. "Toroba num ganhou "guinguica", cantalorando, era a linguiça que esqueceram de colocar na sua marmita, só arroz e feijão...Ficava com muita pena dele...pensava sempre no Toroba, as vezes chorava de pena... A maneira dele pedir cantalorando ficou gravado na minha memória.

O Homem de 500.000 anos

O Homem de 500.000 anos

Estou aqui, neste bar
Comemorando meus 500.000 anos
Não sei se vivi contente
Só sei que a vida é muito sem graça
Depois que isolaram o gene que controla o relógio biológico

Eu entrei na fila dos cobaias
Realmente me senti bem
No começo, mas quando foi passando o tempo
1.000, 2.000 anos, comecei a enjoar
Vendo todo mundo morrer

Só eu restei vivo
Ninguém querendo a vacina
Dizem que a morte desperta
A vontade de viver
Como eu não tenho

Fico só a meditar
Meditação longa
Meditação infinda...
Fiquei gênio, conheço tudo
Mas continuo a meditar...

Sobre a obra
Os cientistas estão tentando isolar o gene responsável pelo relógio biológico, se conseguirem a vida será infinda, não haverá degeneração celular, mais ou menos, eles estimam que o homem viverá 500.000 anos, se não sofrer acidentes... BH, MG.Brasil.

Dr. Janot Pacheco e sua chuva artificial...

Dr. Janot Pacheco e sua chuva artificial...

Belo Horizonte nao chovia há va'rios meses
Uma bruma seca tomava conta da cidade
Foi contratado um engenheiro pra fazer chover
Usava sais de prata, produto caro...

Pegou o "teco-teco" cheio de produtos
Dizem que tinha gelo seco também
Voava várias vezes num céu sem nuvens
Aos poucos elas foram aparecendo

O céu comecou a escurecer
Uns pingos eram sentidos
Que não chegaram a aumentar
Mas a bruma seca sumiu

Uns falavam que não conseguiu fazer chover
Eu tenho certeza que chegou a respingar
Depois de quase um ano sem chuva
O tempo estava bravo

Nem o Doutor Janot deu jeito...

Sobre a obra
Belo Horizonte estava numa seca brava, quase um ano sem chover. Uma bruma seca tomava conta de tudo, foi chamado o cientista Engenheiro Doutor Janot Pacheco para tentar fazer chover artificialmente, pois havia experimentos feitos com sucesso em outro lugares. Aqui em Belo Horizonte o tempo mudou, chegou a escurecer e fez nuvens. Comecou a respingar, alguns lugares choveu. Conseguiu espantar a bruma que tomava conta da cidade ha vários meses. Década de 50, BH, Minas Gerais, Brasil.

Dr. Janot Pacheco e sua chuva artificial...

Dr. Janot Pacheco e sua chuva artificial...

Belo Horizonte nao chovia há va'rios meses
Uma bruma seca tomava conta da cidade
Foi contratado um engenheiro pra fazer chover
Usava sais de prata, produto caro...

Pegou o "teco-teco" cheio de produtos
Dizem que tinha gelo seco também
Voava várias vezes num céu sem nuvens
Aos poucos elas foram aparecendo

O céu comecou a escurecer
Uns pingos eram sentidos
Que não chegaram a aumentar
Mas a bruma seca sumiu

Uns falavam que não conseguiu fazer chover
Eu tenho certeza que chegou a respingar
Depois de quase um ano sem chuva
O tempo estava bravo

Nem o Doutor Janot deu jeito...

Sobre a obra
Belo Horizonte estava numa seca brava, quase um ano sem chover. Uma bruma seca tomava conta de tudo, foi chamado o cientista Engenheiro Doutor Janot Pacheco para tentar fazer chover artificialmente, pois havia experimentos feitos com sucesso em outro lugares. Aqui em Belo Horizonte o tempo mudou, chegou a escurecer e fez nuvens. Comecou a respingar, alguns lugares choveu. Conseguiu espantar a bruma que tomava conta da cidade ha vários meses. Década de 50, BH, Minas Gerais, Brasil.

Zé Carrapato e o futebol...

Aquele sa'bado, saimos cedinho...
O ônibus deixou nosso time no bairro Taquaril
Subimos a pé, lá no alto, o campo
Sem grama, chão estéril, coberto de pó

Como não tinha vestiários, fizemos a rodinha
Uns trocaram de roupa, outros já vieram de uniforme
Nosso time era o "Liberdade"
Eu jogava de meia direita

O "Ze' Carrapato" era da defesa
O jogo começa e lá pelas tantas
Uma bola e' chutada e " Ze'" cabeceia
Cai no chão perguntando onde ele estava...

Que dia era hoje? Perguntava também...
Saiu de campo para ver se melhorava!
Acabou o jogo, pegamos o ônibus
O "Ze' Carrapato" estava sentado perto de mim

Parecia que tinha melhorado...
Foi calado até o ponto de chegada...
Quando chegamos perguntamos como estava
Estou bem respondeu, mas...

O que estou fazendo aqui, que dia e hoje?..