sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Cachimbo vermelho

Todo dia, na saida da escola, eu passava na vendinha, que tinha em frente ao Grupo Escolar, que eu estudava, lá no bairro Santa Thereza, para admirar o cachimbo vermelhinho, de madeira e tampinha de lata, toda desenhada!
O prêço dele, já tinha perguntado, 40 centavos. Correspondia a duas passagens de bonde, que eu usava para ir e voltar pra casa!
Era um dinheirão!
Mas resolví, economizar, indo a pé para o Grupo, seguindo a linha do "bonde" como minha mãe dizia.
Dois dias eu economizei, só na volta é que não dava, cançado, quatro horas de aula, a volta era sagrada.
Negociei com o "português" dono da loja:
Dois "cupons" de bonde, que correspondiam ao valor do objeto de meu desejo!
Conversa vai, conversa vem, ele aceitou a proposta, pois o dito cujo tava encalhado mesmo.
De posse dele, foi fácil usá-lo, voltei neste dia a pé, catando bingas de cigarro caidas no chão:
Tirava o fumo, socava no cachimbo, e dava um jeito de acendê-lo.
Ia fumando, na maior pose, rua abaixo, até em casa, na rua Dores do Indaiá, numero l5.
O problema era escondê-lo, achar um esconderijo, que ninguém nem pensasse em acha-lo.
Olha daquí, olha dalí, e finalmente achei um lugar ideal, ninguém nunca iria descobrir!
Na chaminé de casa, tinha uma abertura, que poderia colocar o cachimbinho, era so puxar a lingueta que regulava a chaminé e coloca-lo lá! Quem iria achar!

A noite, minha mãe chamou meu irmão mais velho, pedindo para ele olhar o que havia:
O fogão estava voltando muita fumaça e o fogo do fogão 'a lenha, estava apagando, não firmava...
Meu irmão, foi para a chaminé, regular... e abrindo a lingueta, deu de cara com o cachimbinho, que caira na sua mão...

Naquela noite o meu castigo foi, não ir ao "seriado" que passava dia sim dia não, no cinema do bairro.

Fiquei sem saber o que acontecera com o Flexa Dourada, se o pilão o matou ou não, porque ele estava todo amarrado!

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