sábado, 29 de maio de 2010

Tarzan e Jane...

Tarzan e Jane

Fui à casa do Luiz Gonzaga... Assustei-me!
Tinham cortado a machado, o velho e imenso abacateiro
Ele sombreava a entrada...

No chão, a galhada; fora cortado inteiro!
Brincávamos nos "túneis" ainda verdes

Sua prima, carioca, moreninha, estava lá
Ela disse: -Estou numa selva...

Eu, muito afoito, logo concordei :
-Sou Tarzan, você é a Jane!

Ela envergonhada não disse nada...

Ia gritar como nos filmes...

Desisti!

Brinquei calado!

domingo, 16 de maio de 2010

As ameixas douradas...

"Ontem", eu estava descendo a rua " Quintiliano Silva", no meu carrinho de guia.
A descida era íngreme, usava o freio, apesar de querer chegar logo na casa de minha avó...
Lá, entrava carregando o carrinho de quatro rodas, nem dava bom dia.. Ia direto para o pé de ameixas...

Subia, iria chupar todas, mas todas mesmo!
Limpara o primeiro galho, o segundo,só casca e caroço que caia...
Era docinha...mas enjoara...
Desci do pé, olhei para cima, cheio de ameixas douradas me desafiando...
Tive uma sensação de derrota.
Amanhã voce vai ver, eu chupo todas!..
Mas difícil mesmo, era voltar...

Subir aquela ladeira ,até a minha casa!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A noiva...

A noiva

O mar, quando quebra na praia
Tece as mais belas rendas na areia...
Por um breve momento
Ela se veste de noiva

E casa com o mar...

Bernard Palissy e seus vasos

Bernard Palissy e seus vasos

Resolvi moldar vasos com argila.
Que aqui na fazenda tem de sobra
Coisa difícil, que me parecia fácil!
Fazer um vaso, um simples vaso...

Enquanto amassava, me lembrava de uma lição
"Bernard Palissy", de Victor Hugo
Ele recobre seus vasos com esmalte, levando-os ao forno
Como resistia fundir, ele queimou toda sua mobília

Achavam-no louco e ele se sentia desprezado
Só o sucesso era capaz de o justificar
Que por fim aconteceu cobrindo seus vasos
Com um esmalte belo e único!

Minha esposa sabe da estória, pois conto pra ela
Em francês mesmo que decorei...
Brincou dizendo pra não fazer o mesmo aqui
Na hora de por fogo no forno!

Engraçado que antes dela falar
Eu me peguei sem querer olhando estranho
Para aquela estante velha
Que tem aqui no meu quarto!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ontem, fui dormir na casa de minha avó...

Aquele dia, não desci de "carrinho de guia" ate' a casa de minha avo', porque queria dormir lá.
Tinha pedido pra minha mãe, que deixou, me dando o pijama...
Chegando, fui direto pra "ameixeira" e depois no pé de "fruta do conde", que nascia no vizinho e atravessava o muro!

Já anoitecia, pois tinha chegado 'a tardinha lá em baixo,onde morava, na rua Quintiliano Silva!
Jantei e repeti, macarronada e feijão socado, que minha avó, de Diamantina fazia 'a moda de lá...Dizia ela, que feijão tem que "socar" porque o miolo sempre fica cru, só depois de "agarrar" no "soquete" é que está bom pra por caldo...Cheirinho de alho!
O quarto que minha avó me deu, era o "da frente", não tinha vista, pois ela morava, "lá em baixo".
O problema era dormir: Como fazer?
Urinar na cama era meu tormento! Mesmo depois de esvaziar a bexiga, acontecera de mijar ... mas na casa de minha avó, nunca! Também, nunca tinha dormido lá!.. Dormi com medo...

De madrugada, acordei molhado, tinha mijado até não poder mais! Acendi a luz, com cuidado, virei o colchão, arredei a coberta e dormi de lado, porque a urina tinha vazado!
De manhã, um "trisco" de luz do sol, atravessou a veneziana, indicando que era tarde...Ouvi vozes, minha tia já estava na sala...
Levantei, com cuidado, arrumei a cama direitinho e saí...
No alpendre ainda ouvi minha tia dizer:

-Isto sim, menino educado, "fez a cama" direitinho, não e' como seus primos não!..

Os "Pastéis"

Quando eu morava no Prado, bairro de Belo Horizonte, eu tinha mania de ganhar dinheiro.Vendia jornais, fazia caixa de "engraxate", que cheguei a usar, fazendo o pano "estalar"no sapato do freguês!
Mas não deu muito certo, porque meu pai me proibiu, não sei porque!
Mas um dia, pedi para minha mãe fazer uns pastéis,para poder vendê-los. Insisti tanto que ela fez...
Aqueles pastéis com caldinho dentro e batatinha com carne que só minha mãe sabia fazer!

Numa bandeja, corri mesmo para a barbearia que tinha na esquina e fiquei plantado lá dentro esperando...

Vai um pastel? Nada! Tava difícil vender...
Fiquei vendo a tesoura do "barbeiro" triscar no ar cortando, triscava e cortava...
Quase cochilando, tive uma ideia!!!
Moço, compra um pastel aqui para mim?
-Como? É só você pegar aí na bandeja, ora!
Respondeu o homem, admirado!
Mas não posso, a "Dona" leva tudo contadinho e eu trabalho pra ela, se tirar um, eu tenho que pagar...

O moco me olhou, acho mesmo que ficou com pena, e resolveu comprar:
Tira dois, um pra você e outro pra mim!
Mais que depressa, servi o dele e tirei o meu,comendo com uma "boca boa".

Os outros que estavam esperando, resolveram comprar pastéis, limpando a bandeja!

Aquele dia, fui pra casa ficando com o dinheiro todo pra mim!

O " Cineminha"

Tinha um "cinema" lá perto do campo do "Cruzeiro," que eu ia quase todos os domingos, com meu irmão .
Antes do filme, passava na tela o "jornal" , com noticiário da semana!

Aquelas notícias, jogos e uma voz inconfundivel no fundo, que dificilmente a gente "sintoniza"na memória, devido as inúmeras "interferências"do tempo!

Mas eu gostava tanto, que resolví fazer um "cineminha"!
Iria mostrar para os meus amigos...Eram tantos meninos, tinha gente da rua Rubi, da rua Esmeralda, e' aquí, só da rua Rio Claro mesmo, somente daquí,iria encher a garagem do Jairo e Jasiel! Isto e', se eles deixassem passar o cinema la'...
Mas eles gostaram da idéia, e até sugeriram cobrar entrada!
Dinheiro, nem pensar, ninguém tinha! Então ficou estabelecido que seriam cobrados dois paus de fósforos", sem acender...preço justo, afinal quem não tinha fósforos em casa?

Peguei uma caixa de sapatos, cortei um quadro na frente, colocando uma manivela de arame duro em cima e outra em baixo, rodei! Funcionava!
Só faltava a "edição" do filme.
Me lembro de ter "recortado" os "gibís" do meu irmão mais velho, na sua ausência, lógico, de manhã, ele ia para escola, pois neste horário tinha que executar e acabar o projeto, antes de sua chegada!

Recortei também as minhas estórias "em quadrinhos" "Pinduca" e "Capitão Marvel" que eu gostava!

O "schazan" ficava bem a mostra, porque para virar Capitão Marvel ,tinha que dar um espaço grande pro "raio" furando a nuvem ,ficar bem destacado...
Mas deu um filme imenso,! Pois acrescentara o "Jornal".
Recortei o "Minas Gerais", jornal que meu pai recebia, orgão oficial do Govêrno, onde saiam as "nomeações" e outras coisas importantes que ele guardava com cuidado!
Enrolei tudo, ficando o "jornal" primeiro, pois cinema que se prestasse na çépoca, tinha o noticiário"!
Ah! A cortina, fiz de uns panos ,que minha mãe tinha, na "máquina de costura" .
Achei meio esquisito, parecia que a caixa de sapatos, quer dizer, meu "cinema " estava de saias!
Avisei pro Jairo ,que confirmasse com o pessoal o horário, antes do almoço, no sábado, na sua "garagem" .
Debaixo da minha cama, escondí pra ninguém achar, pois no outro dia, tinha um compromisso sério, também, para dormir tranquilo!

Quando acordei, fui procurar o Jairo e o Jasiel, pra arrumar a "sala de projeção".
O cineminha ficava em cima de uma mesa, e algumas cadeiras, bancos,foram distribuidas em frente! Não demorou muito, chegava um,ia ficando, chegava outro, pois ninguém queria saber do horário,queriam ver o "espetáculo",,,

Projetado, assim para uma turma, era inédito! Reuniu o pessoal num instante, que já estava reclamando, pois tinham pago na entrada, e a mão do Jairo, eu vi, tava cheinha de fósforos!
Comecei então:
Girava a manivela de baixo, porque a de cima com o "rolo" pronto, rodava sozinha...
E passa "jornal" rodavava, era quase um metro de recorte que eu fiz!
A turma antes curiosa, comecou reclamar:
O que e isso? Cade o filme? Eu paguei! ...
Calma gente! Isso é o jornal, que sempre passa nos cinemas de verdade, uai!
Esperem as estorinhas, tem até Capitão Marvel...
Passei uns desenhos do "Pinduca" e na hora do artista principal, eu fiz até barulho com a boca, imitando o trovão, quando o dito cujo se tranformou!...
Daí a pouquinho o filme terminou...
O pessoal foi saindo, saindo .
Recolhi minha parte que entreguei pra minha mãe por na cozinha!

Agora era só enfrentar meu irmão, pois eu tinha destruido toda sua coleção de "Gibis"!...

(

Mãe Montanha...

Lá esta ela!
Pariu tantos carros!
Seus filhos?
Não são como a mãe...
Eles poluem...
Ela, prostrada, oca, qual cenário,
Tenta se manter
Altiva, pura e bela!

O Cachimbo vermelho

Todo dia, na saida da escola, eu passava na vendinha, que tinha em frente ao Grupo Escolar, que eu estudava, lá no bairro Santa Thereza, para admirar o cachimbo vermelhinho, de madeira e tampinha de lata, toda desenhada!
O prêço dele, já tinha perguntado, 40 centavos. Correspondia a duas passagens de bonde, que eu usava para ir e voltar pra casa!
Era um dinheirão!
Mas resolví, economizar, indo a pé para o Grupo, seguindo a linha do "bonde" como minha mãe dizia.
Dois dias eu economizei, só na volta é que não dava, cançado, quatro horas de aula, a volta era sagrada.
Negociei com o "português" dono da loja:
Dois "cupons" de bonde, que correspondiam ao valor do objeto de meu desejo!
Conversa vai, conversa vem, ele aceitou a proposta, pois o dito cujo tava encalhado mesmo.
De posse dele, foi fácil usá-lo, voltei neste dia a pé, catando bingas de cigarro caidas no chão:
Tirava o fumo, socava no cachimbo, e dava um jeito de acendê-lo.
Ia fumando, na maior pose, rua abaixo, até em casa, na rua Dores do Indaiá, numero l5.
O problema era escondê-lo, achar um esconderijo, que ninguém nem pensasse em acha-lo.
Olha daquí, olha dalí, e finalmente achei um lugar ideal, ninguém nunca iria descobrir!
Na chaminé de casa, tinha uma abertura, que poderia colocar o cachimbinho, era so puxar a lingueta que regulava a chaminé e coloca-lo lá! Quem iria achar!

A noite, minha mãe chamou meu irmão mais velho, pedindo para ele olhar o que havia:
O fogão estava voltando muita fumaça e o fogo do fogão 'a lenha, estava apagando, não firmava...
Meu irmão, foi para a chaminé, regular... e abrindo a lingueta, deu de cara com o cachimbinho, que caira na sua mão...

Naquela noite o meu castigo foi, não ir ao "seriado" que passava dia sim dia não, no cinema do bairro.

Fiquei sem saber o que acontecera com o Flexa Dourada, se o pilão o matou ou não, porque ele estava todo amarrado!

Passava "O Vento Levou"

Eu tinha uns seis anos, quando estava na porta da "bilheteria" do cinema!

Tinha observado, nas minhas idas, num "seriado" que passava no "Cine Santa Thereza", meninos pedirem, na fila, um " trocado " para "inteirar", quem sabe, a entrada...E eram sempre atendidos..

.Aquilo ficou na minha cabeça, que não titubiei em ficar ao lado da fila, pedindo também, para "enteirar" e comprar minha entrada, pois o filme deveria ser bom, a fila era imensa.

Não me importava, se podia ou não entrar, eu queria era "enteirar"...

Minhas mãos já estavam cheias de "trocados", quando sentí meu irmão me puxar pro lado, repreendendo-me!
Eu me justificava, mostrando o dinheiro!...

Ele me pegou pelo braço, ainda olhou para cima dizendo:

É "O Vento Levou"... Nem que voce quisesse, não poderia entrar, além do mais, a sessão termina 'a meia noite !
Xingava! Tomou o dinheiro, dizendo que ia contar para o meu pai, me puxando e largando, puxava e largava...dando arrancos!...
Fomos assim, descendo a rua, em direcao 'a minha casa .
Subito! Parou frente um bar, que vendia sorvetes...
Entrou, me puxando, pediu um "pé-de-moleque" e um picolé!...

Aquele dia, meu irmão não contou nada para o meu pai e ainda foi bonzinho comigo, voltamos conversando...

Ele comendo doce e eu chupando picolé!

Um "Milagre" em Diamantina...

Certa vez, tomando café, na casa de minha avó, ela me contou uma estória sua, com minha mãe, quando era bêbê!

-"Eu estava em casa sozinha, tinha acordado com o choro de sua mãe, no berço, numa escuridão danada...luz não tinha!

O lampião ficava no "criado-mudo" e eu procurava, tateando na cama, os fósforos ,que não achava!
Podia ser tudo, aranha, escorpião, lá aparecia demais...O mêdo tomou conta!

Salles (meu avô) não estava, tinha ido novamente fazer seresta, só voltava de madrugada.

Abrí a janela, noite sem lua, iluminação a gas, fraquinha na rua...

Voltei apavorada rezando, falei:-
"Valei me Nossa Senhora de Fátima"!!!

Ajoelhei rezando, quando apareceu uma "luz" no fundo do corredor comprido que dava pro quarto.!
A Luz era bem branca e iluminava tudo em volta, foi vindo, suspensa no ar, até perto do quarto, iluminando tudo...
Eu achei os fósforos e a luz voltou do jeito que chegou...

Minha avó, tremia ao contar, o ar chegava a faltar no seu peito ofegante...e continuando :

"Contei para o padre, meu confessor, lá na Matriz em Diamantina."..

Na missa daquele domingo, no sermão, o padre falou que tinha acontecido um milagre em Diamantina!


Ficha técnica Caso ocorrido em Diamantina em 1912, mais ou menos...O casarão ainda esta lá...Foi "doado" pela família para uma entidade de caridade, depois vendido, não sei!. A luz naquela época, era a gas, nas ruas, que eram acesas 'as 6 horas da tarde...

Dona Gercina a "Bicheira"

Toda vez que eu passava, em frente a casa, da "Dona Gercina" eu "batia o pé" para o "Peri," o cachorro dela...
Aí, o "Peri" latia, com ódio, eu via...

Eu ia pra aula, batia o pé, voltava, batia...Todo dia!

Era um sábado, estava com calça "comprida." das primeiras que começara usar, lembro-me bem, meu pai me dera, e era de lã!

Quando passei em frente ao muro do jardim, o "Peri," passa pelo portão entreaberto, corre mais que eu, morde! Rasga de cima embaixo! Morde! Tento correr... continua a morder até "a esquina!

Alguém o espanta! Fui salvo! Volto pra casa ensanguentado, todo rasgado...

Meu pai me acode! Fica sabendo, e grita:

-Dona Gercina! Dona Gercina! Bicheira!

Nunca mais jogo com você !!!



Ficha técnica Bairro do Prado, lá pelos idos de 1950. Rua Esmeraldas com Rua Rubi.
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Grupo Escolar "Caetano Azeredo"

Realmente eu estava "conversando" muito na sala de aulas...
Quando Dona Neide chegou na minha "carteira", eu já sabia:

Está de "castigo", vai escrever depois da "aula", 200 vezes:
"Eu nao devo conversar na sala de aula"...

Pedi um lápis emprestado, ao Afonso, colega do lado e amarrei no meu lápis!
Deu o sinal, todos sairam e eu fiquei...

Dona Neide, chegou, repreendendo-me mais uma vez, dizendo:
Agora você vai ficar aí, até acabar de escrever...

Comecei então, com dois lapis bem amarradinhos...
Escrevia em cima e em baixo da linha do caderno ao mesmo tempo:

"Não devo conversar na sala de aula"!

Quando escrevi cem vezes, já tinha acabado!

Daí para frente, resolví me comportar na sala, porque senão a "professora" acabaria descobrindo o "truque" que o Afonso, o mais "encapetado" da sala, me ensinara!


Ficha técnica Grupo Escolar "Caetano Azeredo" Belo Horizonte (MG). Terceiro
ano primário...

A Briga ..."Pai Alonso"

Na esquina de Rua Esmeradas com Rubi, tinha uns meninos
diferentes.
Chamavam o pai deles, de "Pai Alonso"...Ao invés de todo mundo, que fala "meu pai,ou " "papai"!

Eu ficava curioso com aquilo:

" E' porquê "pai Alonso " me disse, "pai Alonso" falou...Dava uma

coisa na gente, que eu não sabia explicar...

Num sábado, quando chegava da Capela "Menino Jesus", fui pra esquina, ver o jogo de "bolinhas" de gude!...

Meu irmão estava lá também!

Conversa vai conversa vem, o Élcio, resolveu se indispor comigo!

Eu não queria brigar, mas meu irmão atiçava! Nem parecia meu
irmão! Atiçava sem parar!

Quando a gente já tava cuspindo no "risquinho", eu pensei bem , olhei pra turma, com cara de espanto dizendo:

- Gente! Não posso brigar não, porque eu "confessei" agorinha mesmo!

Senão, não posso "comungar" amanhã!

Saí, sem olhar pra trás, subindo a rua Rubí...


Ficha técnica Gravado na memória: Rua Esmeraldas com Rua Rubí, Bairro do Prado, Belo Horizonte.Década de 50. (MG)

Eu "apaguei" a chuva

Acordei, de madrugada
Ouvi barulho de chuva!

Que bom que está chovendo
Chove bastante!
Molha as plantas!
Apaga a poeira!
Chove mesmo, torci! Faça barulho, bastante barulho!
A "florada" agora abre!
Estava precisando, não chovia há dois meses,

Virei na cama, esbarro no "radinho", tava ligado!
Chiando, apaguei o rádio!

"Apaguei "a chuva!...



Ficha técnica Fazenda "Andrelucy", sul de Minas...Seca brava, sem chover há dois meses.O "Cafezal" já "abortou uma "florada"...nunca mais durmo com o "radinho" ligado debaixo do travesseiro!

A Missa

Descia com cuidado, todo arrumado

Tinha chovido, devia ser mês de Dezembro

Pelo atalho do "buracao"

Passava pelo "retiro" do Seu Pimenta

O leite caia no balde espumando

-Oi seu Pimenta!

-Oi

Lá ia eu para missa, de terno,

Paletó e calça curta, sapato e meia,


Desviando dos bezerros...

A "pinguela" era um mourão torto!

Devia ser missa das sete horas,

Porque o "Seu Pimenta" nunca tirava leite tarde...


.
Ficha técnica: "Buracao" como era chamado um desnível de terreno no Santo Antonio, Bairro de Belo Horizonte. As vacas passavam pelas ruas, para o "pasto " do "buracao". O Leite era entregue numa corrocinha, pelo"cabo 15". Deixava o leite na porta... Tinha até um "coqueiro" no meio da rua que a Prefeitura ficou com "pena" de derrubar. O ônibus passava raspando nêle...ninguém reclamava!Os anos passavam bem mais devagar!

O passeio de carro...

Nunca tinha andado de carro!
Naquele dia, estava com uma dor de cabeça!
Estalava, que me lembro até hoje!

Meu tio parou o carro me convidando para dar uma volta.
Tio "pao-duro"! Nunca tinha me dado níquel furado!

Que bom, vou dar uma volta no carro dele!

Olhava lugares que nunca tinha visto!
Como Belo Horizonte era grande!
Subidas e descidas, uma beleza!

De repente: Meu tio parou o carro e mandou:
-Bata palmas, naquela casa!
Quando atender, pergunte pelo "seu Bené,
Diz pra ele me pagar o dinheiro que me deve!

"Seu Bené, o meu tio quer que o senhor lhe pague um dinheiro...

"Seu Bene" bateu a porta com força, fazendo barulho,

Tanto barulho, que minha cabeça até latejou...


Ficha técnica: Eu morava no Bairro Santo Antônio e a "cobrança" foi no Bairro "Floresta", em frente ao cinema do mesmo nome, década de 50. Meu tio era dentista.O passeio de carro foi meu primeiro e último...

Os mamões...

Minha avó se chamava "Flôr"

Tinha um pé de mamaão, na beirada da copa de sua casa...

Eu subia no pé, até no alto

Os mamões eram docinhos...

Minha avó dizia:

Estes mamões são doces assim,

Porque eu jogo borra de café no pé dele!

Eu não entendia, como uma coisa tão amarga,

Podia fazer outra ficar tão doce!




Ficha técnica: Casa de minha avó,Rua Quintiliano Silva, Bairro Santo Antônio, Belo Horizonte...(Minha mãe sofria pra tirar a nódea de mamoeiro da minha camisa...

A Chuva ...(Grupo José Bonifácio)

Cheguei sequinho no grupo...

Bateu uma chuva daquelas, de repente!

Mas era tão forte, que caía uma enxurrada pela calha

Alguns, ainda chegavam molhados no Grupo

Já ia dar o sinal de entrada para as salas de aula

Mais que depressa, entrei debaixo da calha

Molhei da cabeca até dentro do sapato

Nunca tinha molhado tanto, nem em banho

Quando entrei na sala, a professora espantada

Mandou que eu voltasse pra casa

Voltei, atalhando caminho, todo alegre!



Ficha técnica Grupo "Jose Bonifácio", Bairro de Santa Thereza, Belo Horizonte (MG)

"Fazes uma carro para Arthur"?..

Quando meu pai comprou a nossa casa,
Lá no Bairro do Santo Antônio, rua Nunes Viera, 99
Tinha nos fundos, uma carpintaria do "seu Munhoz"
Aquele cheiro de serragem ou da madeira cedro, não sei,
Madeira macia...
Fiz um "carrinho de guia", faltavam as rodas...
Na Imprensa Oficial, era onde arranjei,
Quase uma dúzia de rodinhas de madeira...

Carro pronto, untado com "banha"...
Desci a rua "Quintiliano Silva".

Rua empinada, o carro corria, mas o freio era bom...'
Parei quase aos pés de minha prima Léa
Léa, com seu "sotaque sulista": Tinha morado na fronteira com o pai militar...

"OH, que beleza"! Victor,
Fazes um carro para Arthur?


Ficha técnica: A serraria era do antigo dono da casa que meu pai comprou, e ficou desativada no quintal, aonde eu fazia os carrinhos. Seu Munhos era espanhol, e tinha outra residência alí perto.
Rua Nunes Vierira, 99 Bairro Sto Antonio, BH.Brasil.

O Carnaval...

Ontem, minha mãe me levou para brincar carnaval

Pegamos o bonde, fechado, daqueles modernos

Lá no desvio, que tem perto da padaria "Excelcior"

Eu tinha um balão amarelo

Um saco de confete

Um rôlo de serpentina


O salão do Clube Belo Horizonte estava bem encerado...

Eu escorregava! Bastava dar uma corridinha e parar

Deslizava nos confetes com uma fantasia


Minha mãe assentada numa cadeira, conversava

Brinquei tanto, suava, estava vermelho mesmo!

Tinha orquestra e salão cheio


Cheiro de perfume

Cheiro de alegria...


Ficha técnica: Da casa de minha avó, fomos a pé até o desvio na rua da Bahia.Passamos pela av. do Contorno vendo uma "turma" jogar futebol no canteiro central, perto da Igreja de Sto Antônio. De bonde, fomos até o Clube. O cine Guarany, ficava em baixo do clube...

Suco de Montanha...

Pegue cento e cinquenta metros de montanha...
De preferência, que seja de Minas
Triture o ferro até virar pó
Coloque tudo, diariamente em 70 vagões

Leve tudo ao porto de Vitória
Entregue no Japão
Derreta tudo, separando o ouro, "subproduto"
Construa muitos carros

Mande-os para o Brasil
De preferência para

Minas...

O picolé...

Um dia comprei um picolé

Fui andando para o Grupo

Um menino maior, bem grande

Disse: "Olha lá ! Olha lá !

Olhei, ele passou a mão no meu picolé

Saiu correndo, só via as pernadas dele

Nem deu vontade de correr atrás...

Meu primeiro terno...

Na rua dos Caetés tinha um alfaiate...
Meu pai me levou para fazer meu primeiro "terno"

Ele mediu dos pés a cabeça
-Semana que vem, está pronto...

Semana demorou passar,
Fomos buscar o terno

-Não ficou pronto, meu vizinho atrapalhou tudo...
Ele é comunista, comunista seu "Pinto" !

Falou para o meu pai...

Era assim, toda semana, com esta desculpa.

Seria um terno de calça comprida
Não sei o que aconteceu com ele...

Só sei que passei a detestar comunista!


Ficha técnica: Rua dos Caetés em Belo Horizonte, ainda guarda algumas construções daquela época, mas casa com portão no jardim, não tem mais!

A "Guerra"...

Todo mundo estava levando "ferro velho" para ajudar na "guerra"

Era na "Praça Sete", em volta do "Pirulito"
No montão de ferragens, meu pai jogou meu velocípede!

Vão fazer muito "canhão", meu pai dizia!

Meu "velocípede" ficou lá, junto com outros ...
Eu ainda usava aquele brinquedo!

Voltei pensando, pensando no velocípede!

O canhão deve ser uma coisa muito boa...

Porque senão meu pai

Não iria jogar meu melhor brinquedo fora!



Ficha técnica: Belo Horizonte recolhia o ferro velho, para ajudar os "Aliados" na 2a. guerra mundial. Praca Sete, Centro da Cidade, Belo Horizonte, Brasil...

O Jardim de Infância...

O sinal de "saída" era o mais desejado

Lembro-me correndo ao sair do portão do grupo

Como "passarinho" fugindo da gaiola

Passava alegre todos os dias

Onde tinha um jardim de infância

Não sei porquê a gente gritava:

"Jardim de Infância, pinico da cagança"

A briga...

O bonde parou em frente a casa do "Thie"

Um senhor ia descer, o bonde sái, ele cái !

Grita! O Bonde pára.
Xinga ! Grita! O "motorneiro" calado olha assustado!

Tenta sacar o revólver
Preso pela coronha, não sái!

Discute! O motorneiro atônito espera, não sabe o que!

O motorneiro movimenta o bonde
O bonde sái, ele continua tentando sacar a arma presa...

Não sabia que era difícil sacar um revólver...

Nos filmes de cauboi, o "Buck Jones" sacava rapidinho...




Ficha técnica: Rua Dores do Indaiá... Parada, em frente a casa do "Thie'"(ele revisava filmes de cinema)...Bonde Santa Thereza.Bairro Sta.Thereza,Belo Horizonte, MG.Brasil.

As "Minas" estão secando..

Cavam em baixo,
Cavam em cima

Tiram do rio
As "gemas" diamantinas

Da montanha, já magra, estéril
Que não enxerta mais...

O ouro vira jóias
O ferro "limousine"

Os tesouros que brotam
Dos veios escondidos


Estão se exaurindo...

Cavam em baixo
Cavam em cima!

Tiram do rio o ouro,
As "gemas" diamantinas!

As férias na fazenda...

José Ribeiro, tinha uma fazenda
Na divisa de Minas com Estado do Rio...

O Rio "Preto",é que separava e passava na porta da fazenda
A "Estação" de "trem" era lá dentro e se chamava "Zelinda...
Zelinda, fiquei sabendo, era uma das filhas do velho "Coronel" Ribeiro,

Era uma beleza!

Todos me tratavam muito bem. Almoço e "janta", era frango direto, com batatas cozidas...

Eu repetia umas três vezes...

Um dia, andando a cavalo, dei uma volta pelo morro.
Demorei chegar, já estava escurecendo...

Quando vinha vindo, avistei o "Seu Ze' " com uma pessoa,
que pareciam me esperar...

Quando cheguei, "Seu Zé " perguntou?
-Como é, gostou do cavalo?

Gostei! Respondi, mas meio "trotão" né ?

Atrapalhara o negócio!

Naquela noite, jantei, mas não repeti...

Ficha técnica: Fazenda Zelinda- Estação de Trem do mesmo nome,fica depois de Andrelândia, antes de Passa Vinte e Falcão...

O Bonde...

Quando eu andava de bonde
Eu gostava de me assentar na beirada, em frente, vendo o "motorneiro"!

Ele tinha um uniforme, parecia policial
O boné arrumado, gravata preta

O condutor ao passar sempre falava:
"Faz favor! Faz favor!, quando cansava, dizia: "Faz, Fazzz"...

Entre seus dedos, muitas notas dobradas
Cobrava e marcava, puxando uma cordinha

O "motorneiro" rodava a "manivela" para correr
Apertava uma alavanquinha pra freiar!

Eu tinha certeza, que conseguia conduzir um bonde...


Ficha técnica: Belo Horizonte era a Capital (Mundial) dos "bondes".Tinha bonde:Santa Thereza,Floresta, Cachoeirinha, Concórdia, Parada da Abadia ,Saudade,Santa Ephigenia,Pampulha, Carlos Prates,Padre Eustáquio,Bonfim,Santo André, Prado,Calafate,Gameleira,Cidade Jardim, Lourdes,Santo Antônio, Funcionários, Carmo-Sion,Serra,Cruzeiro,Sagrada Família, Renascenca...Centro-Circular / PS.O condutor tinha uma vida difícil: Cobrava, marcava as passagens, olhava, dava o sinal de partida,ia por fora ,dependurado no "balaustre" e com uma das mãos, tirava dos bolsinhos o trôco ...e não perdia dinheiro! Era "ajudante" do "motorneiro", quer dizer, ganhava menos!

Fazenda "Soledade"

Madrugada, ainda escuro
Escuto um apito de trem
Estarei sonhando?

Escuto novamente.Acordo!
O apito vem lá da fazenda "Floresta"
É o Zé Rodrigues...

Me disseram que ele tem uma locomotiva



Idêntica, só faltando as rodas...
É para "tocar" a limpa do café.
Deve ser 5 horas, já está trabalhando.

Apita para descarregar a pressão que é muita na caldeira
É muito bom, sentir a sensação de que se está numa estação, com o trem apitando...

Dormi novamente, desta vez, sentindo o cheiro do vapor saindo, premido na caldeira...

A lembrança é assim:Quando é demais, traz o cheiro junto!


Ficha técnica: A Fazenda "Soledade" fica em Nepomuceno MG(Sul de Minas) ...
perto de Nazaré de Minas(represa de Furnas)

"Copacabana Princezinha do Mar"

Copacabana, princesinha do mar...
Pelas manhãs tu levas a vida a cantar..."

A música tocava no rádio
Me lembro, como sonhava:
"-Como devia ser o Rio de Janeiro"

Entre "gibis" do "Pinduca", "Capitão Marvel"
Eu deitado na cama:

"-Como devia ser a praia,
Copacabana
E o mar?
Como devia ser o mar"?



Ficha técnica: A música de Dorival Caymi, tocava, eu queria conhecer o mar..(a tardinha)
Morava na rua Paracatu 15, Bairro do Barro Preto, Belo Horizonte MG.

Os anzóis

O pai do Ney fazia anzóis...
Queimava os pneus
Retirava o arame de aco

Lixava bem, até brilhar
Com alicate, ele ia cortando um a um...
Entortava anzol por anzol

Usava uma "lima" e "fogo"
Só sei que no fim do dia
Tinha uma caixa de anzóis
De todos tamanhos,

Não sabia que os anzóis vinham dos pneus velhos!



Ficha técnica: O "Pai do Ney" morava no Prado, na rua Rubi, Bairro de Belo Horizonte (MG). O Ney era meu companheiro para jogar "botao"...

"Rabo de Gato"

Quatro preguinhos num carretel...
Lã da boa, meio grossa
Uma agulha grande
Rodeia os pregos
Passa um por cima do outro

Puxa embaixo
Vai saindo um "rabinho"...
O meu chegou a medir uns dez metros

A gente tecia em cima de umas "manilhas"

A Prefeitura tirou as manilhas...

Paramos de fazer "rabo de gato"



Ficha técnica: Rua Rio Claro, esquina de Rubi. As manilhas de cimento, foram
usadas para encanar esgoto e córregos.

O Catecismo na Igreja São José...

Todo sábado tinha "catecismo" na Igreja São José
Eu morava há tres quadras da Igreja
Num prédio na rua Olegário Maciel, segundo andar.

O Padre avisou: Quem não faltar, vai ganhar presente no final!
Ficávamos nos bancos da frente...
Tinha meu livrinho e tudo

No último dia, também, era o capítulo final do seriado que assistia com meu irmão, lá no cine Paissandu

Faltei ao catecismo!

No outro sábado eu fui...
O Padre me chamou e me mostrou:

Aqui está o presente que você ia ganhar
Se não tivesse faltado no último dia!

Voltei pra casa, pensando naquele revólver, pretinho,
pretinho, que dava tiro com "espolêta" !..



Ficha técnica: Igreja São José, Centro de Belo Horizonte ,Minas,Avenida Olegário Maciel, fica no Centro de BH. ( O prédio ainda esta lá)

O "Americano"...

Meu avô morava numa casa,na esquina da rua Carijós com Paraná...
Tinha uma escada em curva de mármore e um jardim com bonecos
O Zé Vieira estava lá, namorando minha tia Pina

-Que time você torce?
Ia responder que era o América
Mas, talvez por falta de confiança na resposta
Meu futuro tio antecipou: América!

-Toma quatrocentos réis... Colocando o dinheiro no meu bolso!
Meu irmão que assistia a tudo calado
Atleticano que era, achava que eu também fosse
Não me perdoou;

Até hoje fala, que eu vendi o Atlético por quatrocentos réis...




Ficha técnica: A casa antiga, foi derrubada e contruiram um prédio no lugar.Rua dos Carijós com Paraná, fica no Centro de Belo Horizonte -Minas.

A Varicela...

Luiz Gonzaga fazia aniversário;
Dona Maíta convidou a gente,
´A tardinha, quase noite,meu pai sem jeito, disse pra mim:
-Você vai na casa dêle, não entra, porque ele está com "varicela"
-Meu filho!Varicela pega!

Dá uma desculpa, entrega o presente e volta!

Apertei a campainha da casa do Luiz Gonzaga
E Dona Maíta sua mãe, atendeu:

-Entra meu filho, entra...
Não, só vim entregar o "presente", não vou ´a festa não...
Está aquí o "presente", entrega prá ele

Eu não vou ´a festa,
Mas não é prá senhora ficar pensando
Que eu não vou, por causa de alguma coisa não...


Ficha técnica: Aniversário do Luiz Gonzaga.Ele estava com varicela! Vizinho meu na Rua Rio Claro, Bairro do Prado,Minas Gerais, Brasil.

O Trigo

Entrega o Trigo
Integra a terra
Serpenteia o terreno
Aguarda
Aguarda
Aguarda!
Tres meses se passam
O sol relutante
Teima sair
As nuvens se formam
O pretume é belo!
Um ráio rabisca no horizonte!
Explode no fim da aração!
A chuva agora cai

Serpenteia de novo!

O Prado Mineiro

Estava com meu futuro tio Zé Vieira


O "Prado Mineiro" cheio
Com governador e tudo...

Tomava laranjada no copo de papel em cone
Chupava pela ponta e a laranjada ia enchendo minha barriga

Zé Vieira, prá se gabar
Fez sinal para o governador, lá no meio da multidão
E o governador acenou; fiquei impressionado!

Puxa vida! Ele conhece o Zé Vieira

Demorei muito, até saber, que o governador, político que era,

Iria acenar naquele instante, para todo mundo...




Ficha técnica :Prado Mineiro em dia de "corrida de cavalos".Lotava. Uma "poule" custava um cruzeiro...as vezes a "ponta" pagava 3, 4 até 40 por 1!
Neste dia, Doutor Milton Soares Campos, Governador de Minas, estava lá
presenciando uma festividade no hipódromo. (Localizado no Bairro do Prado, Belo Horizonte , Minas

O Cupon de Bonde...

Vinha do colégio "Anchieta"
Fome apertando...
Tinha perdido meu dinheiro

Teria que voltar a pé

Passava todos dias na Igreja "São José"

Rezei pelo caminho prá Deus me ajudar!
Antes de entrar na Igreja...

Estava lá:

No fundo, ví pela "grade" que tem na entrada,

Um "cupon" de bonde!

Que eu "pesquei" numa vara,
Com chicletes que trazia na boca...

Ficha técnica: Estava fazendo "Admissão" no Colégio Anchieta.
Passava todos os dias na Igreja São José, caminho do "ponto" do bonde" Santo Antônio", que era na rua da Bahia... BH,Minas,Brasil.

"Isal" "Noboro" e "Titomo"

Perto lá de casa, na rua Rio Claro
Moravam três japonezinhos
Isal, Noboro e Titomo!

Não sei porquê me lembrei deles
Talvez eu saiba, quem sabe, quando estiver escrevendo sobre eles...

Um dia, eu fui na casa deles
O pai não estava

Me mostraram num quarto, depois de uma cozinha
Um grande "gramofone"
Deram "corda" e colocaram um disco
Ouvi uma cantora cantar em "japonês"

Depois, voltei pra casa pensando naquela voz engraçada!
Demorei muito esquecer...
Mas não tirei mesmo da memória foi o nome deles:

"Isal" "Noboro" e " Titomo"

O Purgante...

Era mês de dezembro, eu sabia...
Porque chupei jabuticabas até não poder mais
Lá no sítio de minha tia Réha Sílvia
Estava "entupido", fazia 3 dias
Meu pai, preocupado, trouxe um purgante para tomar...

Quando ele abriu a garrafa, bonita até,
Veio um cheiro mostrando o que viria depois...
" Cristel ! " Dizia meu pai, é "tiro e queda"!
Virei a boca pro lado evitando o copo cheio

Meu pai nervoso disse:
É Cristel ou lavagem...
Cruz credo! lavagem não, já tinha tomado, sem saber e detestei!
Aquele argumento foi demais...

Engoli meio copo porque o resto vomitei...
Meu pai deixou pra lá, porque decerto sabia o que estava dando
Virei pro lado esperando passar o gosto ruim
Pensei...
Como pode uma coisa que escorrega tanto, caroço de jabuticaba...
Ficar agarrado!


Ficha técnica Morava no Bairro do Prado. Belo Horizonte Minas Gerais.Todo mes e dezembro a gente ia no sitio, em Betim, cidade proxima a BHte, chupar jaboticabas.Era um costume da familia...
Re'ha Si1via,nome bi'blico,de minha tia, bem como dos outros tios de Diamantina...Semi'rames Mourao,Amilcar, Lucius Manio Vulsus,Pu'blio,Je'sus, Maria Salom'e,Maria Zeneida(minha mae)...Francisco Salles Correa Mourao, Eufrosina Miranda Mourao, meu avô e avó...

A Febre...

Estava debaixo dos cobertores, uns três...
Ainda assim, batia o queixo...
A febre estava alta..39 e meio!

Tinha pesadelos...Sonhava lisinnnnhhhoo! Depois áspero!
Lisssssssnho, áspero!

Ficava entreacordado...ouvia um cantar:
" A treze de maio, na cova da Iria"

A procissão lá na rua denunciava:
Era mês de maio, friozinho chegando!

Meu pai me deu remédio!

A febre era alta...tinha medo
De hoje não passo!

Dormi sonhando, acordei ensopado...

A febre tinha passado!



Ficha técnica Rua Rio Claro 331, Prado, Belo Horizonte, Minas. A gripe atacava todo ano.

Açougueiro Ladrão...

Quando queria arrumar dinheiro fácil,

Apelava para os jornais...

Eu vendia tudo no açougue da rua Esmeraldas

Dei uma busca em casa e não achei muitos
Uma quantidade razoável, mas queria mais!

Tinha muitas idéias, e vez por outra adotava uma delas

Vou juntar todos os jornais, dobrar um por um
Ao invés de vendê- los espalhados ...

Amarrei bem aquela pilha!

O dobro em altura do que estava acostumado vender...

Daria na certa o dobro do dinheiro que costumava receber...

Levei os jornais e entreguei olhando pros lados, despistando...

O açougueiro conferiu o peso e me pagou...

Sai correndo sem conferir...


Na esquina vi o dinheiro:


Muito menos do que estava acostumado ganhar...

Ladrão esse açougueiro, garanto que roubou no peso!



Ficha técnica: Açougueiro que tinha na rua Esmeraldas, no Prado.bairro de Belo Horizonte

Tarzan e Jane...

Fui 'a casa do Luiz Gonzaga... assustei -me!
Tinham cortado, a machado, o velho e imenso abacateiro
Ele sombreava a entrada...

No chao, a galhada; fora cortado inteiro!
Brinca'vamos nos "tu'neis" ainda verdes

Sua prima, carioca, moreninha, estava la'
Ela disse: -Estou numa selva...

Eu, muito afoito, logo concordei :
-Sou Tarzan, voce e' a Jane!

Ela envergonhada nao disse nada...

Ia gritar como nos filmes...

Desisti!

Brinquei calado!



Ficha técnica Um abacateiro imenso, foi cortado em baixo, caiu de um tombo so', deixando as galhadas para que brinca'ssemos nele, como u'ltima despedida!Rua Rio Claro 331 Bairro do Prado Belo Horizonte MG

Quando o mundo ia acabar...

La' fora, todo mundo tava dizendo que o mundo ia acabar
Fiquei preocupado ate'...
Tudo acabaria
Nao veria mais "seriado no Santa Thereza"
Nem chuparia mais picole'...

Minha mae nao parecia preocupada
-Mae: - O mundo vai acabar?
Nao meu filho, nao vai, e' mentira deste povo!
Mas o Paulinho me disse, o sapateiro falou...

Andava do quarto pra' sala

Estava preocupado...na du'vida!
Fui pr'a cozinha, abr'i uma lata de sardinhas...
Comi tudo com pao...ainda lambi o caldinho!

"Sabe la':

E se minha mae estiver mentindo"...


Ficha técnica Bairro Santa Thereza, Belo Horizonte Minas...Acho que um cometa estava passando pelos ce'us, ou ia passar nao sei bem...So' sei que nao falavam noutra coisa!

Parque de Diversões...

Toda "tardinha-noite", ia ao "Parque de diversoes"
Que todo ano se instalava em terrenos aqui do Bairro!
Tinha um brinquedo que desafiava: "Dangler"
O medo era grande: Nunca andaria naquilo!

Cadeirinhas, rodando, rodando dependuradas por correntes...
Inclinavam cada vez mais, com o aumento da velocidade
Mas via, meninos rirem...a cada passada!
Tomei coragem, comprei "entrada"

Rodei...rodei...o mundo girava...girava...nao acabava!
Peço pra parar? Nao! Que irao pensar...
Foi parando...foi parando...
Desci tonto!

Atr'as da bilheteria...

Vomitei!

A Tempestade de granizo...

Olhava da janela do meu quarto, a tempestade...
O vento se lançava em golfadas...
Dava "curto-circuito" na fiação do vizinho!
A chuva engrossava, começando cair pedrinhas de gêlo!

Muitas....muitas, só pedras de gelo...
No passeio já montes de gelo!
A rua foi toda tomada pelo branco
Uma beleza sem par!

Abrí a janela, queria ver tudo...
A rua até no final, só gelo...
Os fios da casa vizinha,estavam pegando fogo!
Coitadas...

Eram duas velhinhas.

Que moravam sozinhas...


Ficha técnica:Chuva de granizo, caiu em Belo Horizonte. Nunca tinha acontecido cair tanto! Deu enchente, depois do ocorrido! As duas velhinhas, chamaram os "bombeiros" que ajudaram na religação dos fios de luz. Rui Rio Claro, 331 Bairro do Prado.belo Horizonte Minas...1950.

O Sapateiro

Na rua Dores do Indaia' numero 15, eu morava!
Casa alta, com comercio em baixo!
Um sapateiro ocupava um comodo...
Nao saia de la'!

Ficava vendo ele bater a sola molhada ...
Para espichar, dizia,

Observava a mezinha de trabalho, cheia de preguinhos...
Colocava o sapato na forma, e batia com o martelo!
Martelo com a cabeça redonda...

Punha um monte de preguinhos na boca!
Ainda conversava.

Ficava com medo que engolisse...

Esperava pregar todos...
Ficava calado!

Parava de puxar assunto!


Tinha certeza que tinha aprendido o "oficio "de tanto observa-lo trabalhar! Bairro Santa Thereza, n, 15. Belo Horizonte Minas.

Papai Noel...

Nao sabia porque meu irmao vivia me perguntando...

Voce acredita em Papai Noel ?
Claro que acreditava...

Ele duvidava...Papai Noel e' o pai da gente!

Mentira, pensava!Meu pai nao ia dar presentes pra todo mundo!!!

Mentiroso! Falava...

Numa noite, dia 24 eu vi em cima do guarda roupas uns embrulhos!
Tinha um monte de embrulhos...

O que seria aquilo?

De manha, conferi, os mesmos embrulhos e abri!
Tinha bola, carrinho, tudo que pedi...

Meu pai passou perto, me abraçando...

Abracei...

Fingi que nao tinha descoberto nada...


Ficha técnica Rua Dores do Inadaia', numero 15. Bairro Santa Thereza, Belo Horizonte Minas. O dia em que comecei a "acordar"...

O Confessionário...

Tinha feito primeira comunhao, "em festa" no Grupo Jose' Bonifacio
Todo sa'bado me confessava, e aos domingos mantinha minha comunhao "em dia"

Os pecados sempre eram os mesmos!
Decorei -os...
Quando o padre perguntava
Ja' ia dizendo tudo na ponta da lingua...

A penitencia era 10 Padre Nossos e 10 ave Marias...
Queria diminui- la...

Mal iniciava a semana
Começava memoriza los para sa'bado contar
Um dia segurei... segurei ate' sexta feira!
Este pecado nao faço mais

A noite...noitinha nao deu

Fiz " indecencia sozinho" !



Ficha técnica Comunhao todos domingos na Igreja la em Santa Thereza, Bairro de Belo Horizonte Minas.

O jantarado...

Aos domingos, minha mae fazia "jantarado"
Era um almoço bem tarde !
Geralmente era "macarronada" e "galinha"
-Amanha vai ter "galinha dizia minha mae...

Ficava preocupado...
Sera' que vai matar a galinha "So", pensava!
Nao pode! Ela acompanha a gente desde o Barro Preto!
Ale'm do mais, sou amiguinho dela...

Mae, a senhora nao vai matar a galinha "So" nao, ne?
Nao meu filho, vou matar a galinha "indio", muito briguenta!
Coitada, briguenta ela e', nao deixa as outras comerem...
-Mae a senhora vai ver, nao vou comer nada amanha...

De manha, vi depenarem a galinha "indio"
Passarem na a'gua quente, queimarem as penugens
Fui pra areia da construcao, brincar...
Eles vao ver, nao vou comer nada!

Fome apertou, fui pra casa
Mesa arrumada!
Macarronada, feijao, arroz, pra mim coxa da galinha...
Dei uma lambidinha, modida, comi tudo,

Ate' chupei os ossinhos...


Ficha técnica No quintal tinha um galinheiro com um galo e dez galinhas, estavam ficando velhas

Apanhei no banheiro com arco de flexa...

A Maria era uma cozinheira que nos acompanhava havia muito tempo
Ela estava aguando o jardim
Eu cheguei por tra's e encostei nela, "ajudando aguar"
Ela ficou quieta, eu ajudava...ajudava...ajudava!!!

A noite estava dentro da banheira tomando banho...
Minha mae chegou brava, com o "arco" na mao
Comecou bater e xingar...xingar...
Eu gritava! Quanto mais gritava, mais apanhava...

Fiquei com marcas pelo corpo...
Nao sabia por que apanhava
Minha mae nao falou nada, so' bateu

Tive uma leve desconfiança do por que^....


Ficha técnica Rua Rio Claro, 331, Bairro do Prado, Belo Horizonte Minas. O Arco de Flexa era uma brinquedo para acertar o alvo com flexas de pontas de sucçao...Nao sabia que eu serviria de alvo tambem...

Tia Lili e Tio Arthur...

Minha tia e madrinha morava na rua Carijos
Terceiro quarteirao, depois do "Pirulito da Praça 7"
Na frente da casa a relojoaria do Tio Arthur, marido dela!
Eu passava la', depois do Colegio Anchieta

Meio dia, as vezes, fome apertava...
Chegava, logo dizia : Vem,vou fazer um mexido pra voce
Deve estar com fome!
Nao quero dar trabalho, precisa nao...

Vinha aquele pratao, quentinho e com um ovo frito!
Comia ate'! Nunca vi tia tao boa!
Depois, mais "calmo", ia ver os relogios no conserto com tio Arthur
Ele olhava com uma lentinha agarrada no olho!

Via a maquina parada do relogio...
Dava uma mexidinha, tava consertado!

Despedia com dois abracos...

Voltava pra casa de Bonde!
Ate' ia olhando as paisagens...


Ficha técnica Rua Carijos, terceiro quarteirao...depois do "Pirulito" da Praça 7, Centro de Belo Horizonte, nao existe mais casas de morada, so comercio...Naquela epoca tinha ate galinheiro la, como na casa de minha tia!(O galo cantava em pleno centro de BH),Minas Gerais.

A invenção da televisão...

Ali no bairro ningue'm falava noutra coisa
Inventaram a televisao!
Ela poderia ver todo mundo
Fiquei preocupado!

Como sera' ?
Eles poderao ver tudo?
Mulher trocando de roupa,
A gente no banheiro?


Nao gostei nada desta coisa que estavam falando
Inventa que o pai e mae vao poder nos ver
Aonde for vai ser visto!
Ah! deve ser mentira daquela turma do Calafate

So' pra' gente ficar preocupado!


Ficha técnica A noticia da Televisao chega ate nossos ouvidos, como uma coisa perigosa, que iria ver tudo...Rua Rio Claro 331, Bairro do PradoBHelo Horizonte Minas.O Bairro do Calafate divide com o Prado(existia uma rixazinha entre os dois bairros...)

O ouro roubado em Diamantina...

Minha avó, tinha em seus guardados um bauzinho
Cheio de ouro, jóias, moedas , uns dois quilos dizia...
Herança, pertences de familia...
Naquela época, guardava- se os valores em casa

Alertada por parentes, que trabalhavam na Coletoria
Ficou alarmada, pois ladrões poderiam rouba- la
-"Na Coletoria é mais seguro" diziam:
-"Tem cofre forte, e a gente trabalha lá "

Foram entao lá depositados seus tesouros,
Garantido agora estava contra ladrões!
Vários dias se passaram até que então
O lugar foi assaltado e saqueado.

Levaram tudo, primeiro roubo! Fato inusitado!
O parente, apareceu muito assustado para ajudar;
Mas nada do fato investigado fora apurado
Meu pai, funcionário fora pra lá averiguar,

Pois tinha um cargo na Coletoria da Capital
Vasculha tudo, provas não acha pra incriminar
Só desconfianças, que não bastavam pra acusar

Coincidência, dias antes na jogatina
O parente querido que alertou a minha avó
Tinha perdido o que tinha e dívidas fez.
E meu pai, sem provas deu por encerrada a investigação

Mas no jornal que escrevia, deixou seus versos
Dando sua versão numa escrita bem ritimada
Todos leram o caso e ficaram sabendo
Foi indiciado pela razão e sutilmente condenado!




Ficha técnica Fato contado por minha mãe e avó, acontecido em Diamantina. Meu pai trabalhava na Coletoria em Belo Horizonte, e fora designado para apurar o fato em investigação interna...Como nada tinha a provar, ficou o fato na dúvida fortemente apoiada pelos indícios. O parente perdeu um valor grande em jogatina que era muito comum naquela cidade!

A Onda de Hipnotismo...

Eu estava em Montes Claros, passando "fe'rias"
Meu irmao trabalhava la'!
Tinha me dito, que fizera uma apresentacao de hipnotismo...
Lia direto o livro do" Kal Weismman," sobre hipnose

Peguei o livro, nao tinha nada pra' fazer...
Li ate', coisa que nunca fiz, pois lia so' Gibi!
Depois, me achei o Mestre!
Meu irmao me deu umas dicas...

Quem era suceptivel...e que o segredo nao e' o hipinotizador...
E sim o hipnotizado, porque se nao for susceptivel, neca!
Me disse tambe'm, que a "menininha" que morava perto da praça
Era "facinha ": So' forçar que ela dormia...

Fui direto `a casa dela, ja' conhecia!
No alpendre mesmo eu comecei a sessao:
-"Concentre-se num estrela brilhante...so' ela no ce'u"!
Durma! Durma!...A medida que eu for falando, voce vai dormir...

Voce vai voltar a idade de 7 anos...
Esta' agora com mais de 70 anos, ta' faladeira...
Danava a falar! Tava bem hipnotizada...
Foi assim, antes de acordar eu disse:


Quando eu falar :"A chuva molhou a grama, voce vai dormir novamente"!


Acordou, e a primeira coisa que disse:
-Voce nao me hipnotizou nada:

Ai' eu disse: "A chuva molhou a grama"

Ela dormiu novamente!





Ficha técnica Esperiencia feita em Montes Claros, Minas Gerais. Fiz ela retroagir ate a idade de 6 anos, e depois a levei ate' 70, hoje so' posso faze la retroagir...(Eu tinha mais de 17 anos, na e'poca!A apresentaçao que meu irmao fez, foi no Clube de Montes Claros...Meu irmao tabalhava no Banco do Brasil...)

Cigarrinhos de chuchu...

Nos fundos de casa, tinha um pe' de chuchu!
Aqueles galhos secos eram os que me interessavam
Cortava-os em pedacos, do tamanho de cigarros!
Levava os pedaços nos bolsos

Ia pra' casa do Paulinho, morava em frente...
Mostrava para ele!
I'amos para os fundos do terreno de sua casa;
La' nos fundos, atra's de bananeiras,

A gente acendia os cigarrinhos.
Ia fumando, fumando...
A li'ngua ardia...
Mas mesmo assim a gente soltava fumaça pelo nariz!


Ficha técnica O chuchuzeiro da' uns galhos secos, furados que servia para ascender e puxar fumaca...ardia demais a lingua!...Bairro de Santa Thereza

A colheção de marcas de cigarros...

O meu pai as vezes,de manha me falava:
-"Meu filho, vai comprar um maço de cigarros!
"Caporal Douradinho", eu ja sabia...
Ia pela rua, olhando perto dos bueiros

Marcas de cigarro, para minha "colecao"
Tinha de " Elmo" ate' "Yolanda"
Ficava com as maos cheias de "maços"
No bar, comprava os cigarros, a 'ultima coisa que eu fazia!"

Voltava procurando, marcas que nao tinha!
As mais difi'ceis que eu queria
Procurava e nao achava...

Os "mata ratos" eu vinha chutando...


Ficha técnica Bairro Santa Thereza, Belo Horizonte, Minas Gerais.
"Mata ratos": Quando a "marca" de cigarro forte e barato...havias aos montes ...

Mãos limpas...

O Pedro era meu vizinho!
O pai dele tinha o braco direito na "tipo'ia"
Tinha sofrido derrame, endurecendo os dedos...
A gente jogava bolinha de gude

Observei suas maos, como eram limpas!
Limpas mesmo!
Fiquei com inveja!
Lavei bastante minhas maos...

Mas, lavei mesmo! Toda hora lavava...
No outro dia chamei o Pedro pra' jogar
Olhei bem as maos dele, enquanto jogava
Estavam mais sujas que as minhas...



Ficha técnica Rua Rio Claro, 331, Bairro do Prado. Belo Horizonte Minas. Deu mania de limpeza...minhas maos nao eram nada limpas

Os santinhos...

Padre vinha subindo a rua Esmeraldas...
Da esquina, jogando "gol a gol" a gente via
Parava o jogo...
Ia chegando perto do padre

Ele agarava no Missal !
Acelerava !
A gente: -"Padre me da' um santinho"
Puxava a batina dele!

Padre! Padre! Ele parava, metia a mao no bolso
Distribuia os santinhos
Padre! Padre! Eu nao ganhei ainda, deu pra' todo mundo...
Entregava o resto que tinha...

La' ia o Padre, subindo a rua
Segurando o Missal
Batina preta
Bolsos vazios...


Ficha técnica Rua Esmeraldas, esquina de rua Rio Claro, na esquina tinha um "campinho" que limpamos e fizemos um campeonato de "gol a gol" com bola de meia. Bairro do Prado, Belo Horizonte

O galo abandonado...

caminhao de lenha despejara tudo no passeio!
Meu pai contratou dois que passavam, pra' guardar
Eles levavam os feixes de lenha
Empilhavam tudo perto do galinheiro...

Os dois trabalharam na hora do almoço
Minha mae deu dois pratos de comida
Eles almoçaram
Ainda deram restos pra's galinhas, eram dez e um galo!

Naquela manha, surpresa!
As galinhas foram levadas
O galo foi deixado sozinho no galinheiro!
Ninguem notou que o canto dele se tornara triste !





Ficha técnica Rua Dores do Indaia', n.15...a casa ainda esta la'...Bairro Santa Thereza, Belo Horizonte Minas.

O Trinômio...

Eu, Edmar e o Henry, resolvemos fundar um "jornalzinho"
A escolha do nome, foi na hora: "Trinomio"
Ja' tinha o "Binomio" circulando ha' tempos em Belo Horizonte
A gente se inspirou nele...

Cada um, faria a manchete da semana
Solucao democra'tica!
O Henry fez a dele
O Edmar, tamb'em

Eu fiz a minha: "Grande desfalque no Minas Tenis Clube"
Em letras garrafais, chamava a atençao!!!
Todo mundo queria ver o tal "desfalque"
E realmente aconteceu:

O Minas iria jogar a final de "voley"
Com o desfalque de um de seus melhores jogadores...


Ficha técnica O Jornal foi por n'os fundado. Eu estou aposentado, morando na roça, O Henry e' um exelente escritor e o Edmar ' competente economista, um dos "pais" do plano Real...

Domingo no Parque...

Eu dava a mao para meu pai...
A pe' mesmo, no's fomos ate' o Parque Municipal
A gente morava bem perto, ali' na Av.Olegario Maciel
Parque cheio de gente

Andamos ate' uma ilhazinha, com um barzinho
"Ilha dos patos"
O garcon veio serviu a gente
Tomava um guarana' geladinho

Ficava brincando com uma "rodelinha de cortiça"
Juntei um monte delas...
Meu pai estava alegre
Mas nao deixou eu levar nenhuma delas!


Ficha técnica Parque Municipal, Belo Horizonte Minas...A Ilha dos patos esta la, mas sem o barzinho...Morava na Av. Olegario Maciel,predio de tres andares, ainda esta la`...Belo Horizonte

Areia...

Sempre quando eles limpavam um terreno
Eu ja sabia, vao construir uma casa
Acompanhava desde o comecinho
Via eles cavarem os alicerces

As pedras, imensas...
Os tijolos, as paredes...
Os rebocos, o telhado!
As portas, janelas

A areia, nao podia faltar
Era dela que eu gostava!
Pulava! Pulava...Depois com um tijolo
Eu fazia estradas, tu'neis!

Que as vezes, desmoronavam...


Ficha técnica Qualquer bairro eu procurava uma obra, um monte de areia para brincar! Belo Horizonte Minas

O Índio Maybi...

Na Radio "Inconfidencia" tinha um programa ...
Todas sextas feiras eu ouvia:
O "Indio Maybi", amigo das crianças comportadas!
Dizia o nome dos meninos para procurarem presentes...

Meu pai me ensinara seguir o programa todas sextas...
Um dia ouvi' meu nome!!!
Dizia, que eu tinha me comportado bem naquela semana!
Que o presente estava escondido, poderia procurar!

Procurei por toda casa!
Achei um carrinho de "dar corda"!
Que eu tinha falado pro meu pai comprar...
Mas o "I'ndio Maybi " adivinhou e me deu!


Ficha técnica Morava na Av. Olegario Maciel, no Centro de Belo Horizonte MG. O programa de radio era na Inconfidencia, todas sextas feiras, antes da "Voz do Brasil" e depois da "Hora do Fazendeiro", que era apresentado por Jairo Anatolio Lima.

Viagem interdimensional...

minha nave ja' esta' a velocidade da luz
Ainda e' pouco, preciso acelerar mais!
Duas vezes, dez, cem, mil vezes! Agora sim!
Quero atingir o começo de tudo!

Quero ver a luz da explosão do começo!
Da ponta do Universo eu vejo
Explosões mil!, Tudo esta' em fogo
Li'nguas imensas de fogo, cospem para todos lados

Um nu'mero infinito de mega explosões
Mas continuo na viagem, não paro!
Atinjo agora uma calmaria...
Saio de um material, uma pedra!

Ela esta' em outro planeta
Descansa nele!
Minha nave para!
Vejo o planeta que abriga a pedra, onde esta' meu Universo!

Viajei, viajei e continuei no mesmo lugar!

Machucado no pé...

A gente andava so' descalço...
'Era melhor, dava mais agilidade...
Calçado, so' pra' dia de missa!
Mas como machucava! Corte no pe' então...

Meu primo morava perto de casa
Tambe'm machucava, `as vezes andava com chinelo e um sapato!
Vez por outra dormia em casa
A gente deitava, um pra' cima, outro pra' baixo

Meu machucado no pe', coçava muito!
Eu falava:
-Coça meu pe' que eu coço o seu...
A gente dormia assim: Um coçando o pe' do outro!

O "Tarol"

O "tarol" repicava, no compasso do hino...
Nos marcha'vamos pra' entrar na sala
Um dia, quem tocava faltou
A Diretora D. Suzel de Pa'dua pediu:

Se algue'm sabia tocar o instrumento
Um afoito gordinho se apresentou...
E o "Ze' Pereira " tocou
Do jeito que a gente sabia tambe'm

A Diretora logo o interrompeu
Dizendo que daquele jeito ela tocava !
O aluno sem graça pro lugar voltou
Ai', em silencio todos pra' sala marcharam...

Viram a falta que fazia
O experiente colega que tocava!
As "baquetas" na sua mão eram ma'gicas

Mas, que so' na sua falta notaram..


Ficha técnica Grupo Jose' Bonifacio. Diretora: D. Suzel de Pa'dua. Tocava se o Hino Nacional, o "Tarol" ritmava a marcha antes de entrar para salas de aula. Todos os dias...

O papagaio (pipa) morcego

Papagaio" dificil de fazer era o "Morcego"
Tinha duas taquaras cruzadas...
Linha amarrada ao redor
Cola no papel de seda.

A "barbela" bem calibrada
O "bambolins" equilibrados
A "manivela" com "cordone" comprado no Centro!
Com poucos "arranquinhos" a gente empinava

"Pipa" para alguns, "papagaios" pra no's
Mas o que importava era ficar no prumo
Bem no alto, pedindo "linha"
Com "puxadas", mandava "bilhetinhos"

Fazia "folha seca" e dava "laçada"
E "buscada" nos outros tambe'm
Ouvia o barulho das "barbelas" roncando
No vento forte que agosto fazia...





Ficha técnica A gente soltava "papagaios" nos lotes vagos do Bairro do Prado. O "Morcego" roncava, a gente colocava o ouvido na linha para escutar o ronco.Barbela era a linha que amarrava as taquaras.Bambolin, era o papel de seda cortado em tiras finas que ficava colado dos lados. Manivela, guardava a linha.Folha seca era quando se dava arrancos na linha e o papagaio parecia que caia e subia...Bilhetinhos a gente punha na linha e com arranquinhos ele ia ate o papagaio! Belo Horizonte, Minas Gerais...

Um olhar, um simples olhar...

Estava na janela do Hotel
Conversando com um novo conhecido, vendedor de livros...
Quando vi ela´passar...
Olhou pra' mim, sera'?

Olhei pra' ela!
Olhou pra tra's, uma, duas vezes...
Acompanhei com um olhar ate' sumir na distancia...
Vou me casar com esta moça! Falei para o amigo...

Me convida pra' padrinho, retrucou!

Nao vi mais este o amigo
Nem o convidei para padrinho...

Mas me casei com ela!!!


Ficha técnica Grande Hotel de Lavras . Ja' nao existe mais o Hotel, mas meu amor continua...(Grande Hotel, Cidade de Lavras, sul de Minas. O predio foi demolido, mas não as lembranças...

O primeiro foguete brasileiro...

Padre "mamão" ensinava fi'sica como ningue'm!
A gente no anfiteatro via tudo que ele fazia
As roldanas com peso de um quilo levantava dez !
E as ondas sonoras na areia mostrava tambe'm

Um dia com o colega, fizemos um foguete
Tubo de aluminio bem grosso
Colocamos parafina ralada misturada na po'lvora pra' não explodir
O "Sputnik" tinha sido lançado, queriamos tambe'm

Lançar, não em o'rbita, mas um passeio fazer
Uma abelha na cabine improvisada subir
A contagem regressiva foi feita, escondidos nas pedras!
O foguete partiu num impulso veloz

Atingiu as alturas
Caiu na estrada Belo Horizonte- Rio

Tinha razão, quando o "Toni Tornado" cantava:

"Tudo acontece...na BR 3"...




Ficha técnica O lancamento do foguete foi feito as margens das BR3, estrada que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Hoje com outro nome. A abelha foi recuperada na ponta do foguete. A cabine era pra desprender do foguete e descer de paraquedas, mas ocorreu uma falha, nao se soltando. A abelha resistiu ao baque sendo solta...As margens da estrada so tinha mato e pedras, lugar bem deserto.... O Padre "Mamao" era professor de fisica no Colegio Arnaldo.

O dia que ganhei minha Gulivette...

Quando meu pai me disse para buscar a Gulivette não acreditei
Era o que eu mais queria, uma motoneta!
Fui na "Bemoreira" buscar!
Era vermelhinha, tinha pouca gasolina, fui no posto colocar!

Enchi o tanque ate' na boca..
Lustrei com paninho
Fui tocando la' pra' casa
Pros amigos mostrar...

Levei pra' dentro de casa
Mais limpeza e brilho nela dei!
Um sujinho aqui e ali, tirei
Agradeci meu pai, falando da alegria que me fez sentir

Pro meu quarto fui com ela dormir!


Ficha técnica A Motoneta era uma Gulivette, 50 cc.vermelha, Casa Bemoreira , o deposito era em Santa Efigenia, Bairro de Belo Horizonte, Nao existe mais a firma...Morava no Bairro do Santo Antonio BH

A Antiflogistina...

catarrada agarrada no peito
Era irradiada pela tosse continua
Ja' sabia! Meu pai na cozinha
Esquentava em banho-maria aquele unguento pegajoso

Esquentava demais! Sempre!
No meu peito descoberto, com a colher
Passava sem do' aquela coisa de cheiro forte
Cataplasma! Dizia minha mae: E` tiro e queda!

Me lembro muito bem da latinha
Ate' bonita, da tampa lustrosa
"Antiflogistina", desde pequeno ouvia falar...

O santo reme'dio pra' tosse curar


Ficha técnica Tosse renitente usava se fazer compressas quentes no peito para descongestionar o pulmão...usava se, angu quente e remedios, implastos poroso Sabia', Antiflogistina...Coberta em cima ate' desagarrar o catarro, resultado de gripe mal curada. Bairro do Barro Preto, Rua Paracatu, n15. Belo Horizonte Minas. O Medico da familia era o Doutor Navantino, que vinha atender em casa!

Album de Figurinhas

Eu colecionava "figurinhas"
Ia naquele abrigo de bondes Santa Thereza
O pessoal vendia e trocava fa'ceis e difi'ceis...
A gente abria, as balas jogava fora

Sai'a de la' com muitas pa'ginas do album completas
Tinha de "Torre de Pisa" a "Catedral de Milão"
"Cobra Coral" era dificil, nem meu pai conseguiu comprar!
Enchia os bolsos de repetidas...

Usava pra' jogar tapão...
Album bem feito, das cidades do mundo
Animais, Aves," Piramides" , "Colosso de Rodes" e "Farol de Alexandria"!

Tudo isto eu colava com grude bem feito

As premiadas saiam, fulano contou...
Bicicletas, bolas, aparelhos, muitos premios, mil !
As carimbadas não vi', ningue'm nunca tirou!
A exploracão era aceita e vista em todo o Brasil!!!


Ficha técnica Colecionava figurinhas.Comprava as "balas" nas bancas de jornais de Belo Horizonte. O Abrigo de Bondes Santa Thereza era o "foco" das trocas . Tinha profissionais do ramos que vendiam as dificeis por uma f'a'bula...ainda mais as que faltavam pra completar a colecao.Meu pai muitas vezes ia comigo comprar as faltantes. Gastava se muito com isto. Bairro do Prado, Belo Horizonte.MG

Urna do ano 2.000

Banco da Lavoura, criou uma urna pra' ser aberta no ano 2000
Filmou todo mundo
Eu trabalhava nas pranchetas e nos projetos de arquitetura
Era desenhista!

Pediram pra' escrever o que seria aquele ano
Escrevi que seria de muito progresso e descobertas
Que o homem teria seu carro voador
E que os planetas seriam conquistados!

Na urna colocaram todas as previsoes
Quarenta anos era uma eternidade
A urna foi enterrada num lugar que não sei

Quem sabe pra' ser aberta num planeta qualquer...


Ficha técnica O Banco da Lavoura criou esta urna que foi aberta no ano 2000. Continha as previsoes mais otimistas com relacão progresso cientifico da humanidade, ia de exploracao de planetas ate' carros voadores...E o Banco Real atualmente. Nossa previsão andou muito ale'm da realidade...
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Biju

Eu ouvia a matraca a um quarteirao
Vinha vindo batendo ritimado
Como na sexta feira da paixao... Ja' ia preparando o trocado


Carregava uma lata redonda pra' todo mundo ver
Com a mão direita ele ia matracando
Parava bem perto de mim, abrindo a lata e mostrando
Um monte de bijus que queria vender...

Comprava o que desse com aquele dinheiro
Comia um por um ali mesmo na hora
Sumia na boca as casquinhas com bom cheiro
Com pena olhava, eu via no chão...

Mais pedacos daquilo que eu tinha na mao!


Ficha técnica O matraquer dele era esperado! Nao passava todos os dias, muito espertamente para nao enjoar o fregues, Rua Dores do Indaia, 15. Santa Thereza. Belo Horizonte.O biju era um enrroladinho torrado que era vendido em lata redonda porque era muito delicado, quebrava atoa!. Era anunciado pela matraca. A mesma usada nas procissoes de sexta feira da paixao

Miss Minas Gerais...

Eu estava com um blusão "furtacor"
O Minas Tenis estava lotado: Escolha da Miss!
Passarela no meio da piscina...
Quando passei pelas arquibancadas ouvi:

"JT", esses ai são "Juventude Transviada"!
Estava estreando meu blusão!
Mas "JT" era a primeira vez que ouvia!
Anunciaram quem ganhou!

Moça bonita de Montes Claros...
Stael Abelha!
Eu ia descer com os amigos, para ve- la de perto!
Mas fiquei assentado la' em cima

Com meu blusão debaixo do braço!!!





Ficha técnica Final do concurso de Miss Minas Gerais...Stael Abelha ganhou ! Minas Tenis Clube...arquibancadas lotadas. Na epoca existia uma designacao pejoratoria para a juventude. Vestiu blusao diferente, era transviado...JT como diziam... Belo Horizonte Minas...Depois ela se casou com um famoso construtor, incorporador na epoca: Mucio Athaide...

O Nascimento do Milton...

ano de 66 corria lascado!
Eu estava em Tres Pontas
Festa da escolha da "Embaixatriz da Televisao"
Minha namorada representava sua cidade

Estava naquela noite, antes do evento, numa cantina!
Um "neguinho" queria que eu ouvisse seu cantar
Os versos eram dele, o violão tambe'm!
Tocou para no's, eu e o Dolor

Dolor era primo torto de minha namorada!
Cantou tão bem, tocou tão bem
Que eu, empurrado pela alegria "estimulada"
Falei, que o lugar dele não era ali

Que fosse pro Rio, procurasse o Ziraldo!
Gente boa, que ajudava todo mundo, la' no o "O Cruzeiro" O "Neguinho" magrinho, não foi pro Rio
Perdeu um pouco de tempo

Mas apareceu la' como previ!
Foi nascendo, foi nascendo e nascendo !

Mas eu vi o nascimento,

Do Milton Nascimento!!!



Ficha técnica Ano de 1966, festa de escolha da "Embaixatriz da Televisão", promovida pela TV Tupy de São Paulo. Cada cidade do Sul de Minas mandou sua representante, e minha namorada foi representando Nepomuceno. Estavam varios artistas presentes. Jerry Adriani, Rosa Maria Murtinho e o elenco da TV Tupi. Milton Nascimento estava na cantina, nao tinha mais que 17 anos e o Dolor que me alertou para o fato de que aquele "moreninho" era o pro'prio. Se o Mestre Milton fizer um exercicio leve de memoria vai se lembrar do fato.
Tres Pontas, Sul de Minas...

O Quarto Centenario de São Paulo...

trem ja' estava apitando...

O frio era intenso dentro do vagão
Eu coloquei a minha blusa de lã por cima da farda
A gravata eu coloquei pra' fora
Aquela gravata pra' fora, chamou atencão do Chefe:

"Tira a blusa, porque esta' descaracterizando a farda do Escoteiro"
Tirei! Batia o queixo de tanto frio...
Pelo vagão adentro, aquela famosa "garoa" entrava pelas janelas!
São Paulo ja' era vista!

Em Interlagos nos acampamos
Junto com outras duas mil barracas de escoteiros do mundo todo!
No meio dos bambuzais no's ficamos
"Sub-Campo Nobrega"

No lugar de encontro, debaixo de um lonão
Um aparelho de Televisão!!!
Mostrava ja', a Hebe Camargo, num banco de uma Praça!
E as comemoracões do Quarto Centena'rio de Sao Paulo!



Ficha técnica Acampamento Internacional de Patrulhas, em Interlagos, Sao Paulo, em comemoracao do seu Quarto Centenario. Escoteiros do mundo todo acamparam por duas semanas ali. Verdadeira "cidade" de lona.A Televisao era novidade, e vimos pela primeira vez as imagens em um aparelho que ficava num local de econtro...Todas as noites tinha o " Fogo do Conselho" reunia todos em volta de uma fogueira...Mes de junho ou julho, frio era intenso! Fomos de tresm de Belo Horizonte ate Sao Paulo, nas comemoracoes

O aeromodelo...

"Aeromodelo" que comprei em Sao Paulo
Ja' estava arrumando para montar
Em cima da mesa , la' na copa
As varetas e as pecinhas espalhadas, não daria conta!

No "basculante" do vizinho, vi' a Marilda
Menina linda, me olhava...
Eu trabalhava na montagem e olhava tambe'm
Senti diferente!

Naquela noite, me lembro, as varetas ficaram espalhadas
Nem a cola eu abri!
Desenrolei a "planta" do " Piper Club..."
Olhava mais pra' ela do que pra' "planta"

Fiquei muito tempo, tentando começar a montagem

Era meu primeiro "aeromodelo" (?)

O " Batata" e o "Laranjeiras"

Quando no's acampamos em "Interlagos"
Do nosso lado, ficaram os "escoteiros do mar"
Portugueses, que vieram pra' festa!
Me lembro do "Batata" e do "Laranjeiras"

De manhã, ia na " Intendencia" pegar
Pão, chocolate, leite, ovos e manteiga
Para o cafe' da manhã...pegava o que pedia!
Gasta'vamos um pacotinho de manteiga por dia

O "Batata" levava duas du'zias de ovos...eu via!
Consumia tudo que queria levar !
Num "estaleiro" de madeira e bambu
La' no alto, aonde ficavam os escoteiros do mar

Da minha barraca eu ouvia:
"O "Laranjairas" estais a comer os ovos todos"...

O "Laranjeiras" não respondia!
So' comia!


Ficha técnica :Acampamento Internacional de Patrulhas, em Interlagos- Sao Paulo, em comemoracão ao seu IV Centena'rio ! Escoteiros do mundo todo, acamparam naquele local. Mais ou menos umas duas mil barracas. Toda manhã tinha inspeccao no acampamento para verificar se tinha algum objeto extranho, como, papel, ponta de cigarro e outros elementos alheios ao meio ambiente ! Quem mantivesse o acampamento mais limpo, ganharia o primeiro lugar e medalhas! Toda tarde dava o resultado, dizendo a colocação das "Patrulhas". Depois do jantar, reuniamos em volta de uma grande fogueira, o" "Fogo do Conselho". ia at'e 'as 22,00 horas...

Domenico Modugno e o Iate Clube...

Meu tio Amilcar me emprestou seu "Smoking"
A calça era grande, um palmo acima do umbigo
O "colete" tapava a feiura da pose
Com paleto' abotoado ningue'm veria

Camisa branca, de pura seda, bem arrumada
Destacava a gravata "borboleta" pretinha
Com leves toques de "Glostora" no cabelo eu dei
Não podia a "carona" no carro da turma perder

O Iate estava cheio, trasitava pra' la' e pra' ca'
Pois mesa não tinha!
O "Domenico" cantava "Nel blu Dipinto de blu"
O pessoal nas mesas nem atenção prestava

Cantou "Volare", o barulho aumentou...^^
No intervalo , o caminho de casa tomou
Plate'ia dificil, a de Belo Horizonte...
Nem cantor famoso ela respeitou

As tres da manhã, pra' no's a festa acabou
No "Palhares" na volta o carro parou
Um "Kaol" foi pedido em pe' no balcão
Para os quatro de smoking, agora prestando atenção!


Ficha técnica: Domenico Modugno, fora convidado para se apresentar numa festa no Iate(aniversario, nao sei).A plate'ia no começo prestou atenção, mas foi conversando, conversando ate' incomodar o cantor que decidiu ir embora no intervalo da apresentaçao! Eu e meus amigos esta'vamos transitando pra la' e pra ca', pois não ti'nhamos mesa, convite arranjado de u'ltima hora(como sempre).O "Cafe' Palhares" e' famoso pelo seu "Kaol", prato feito na hora, com arroz, feijão farofado com couve, ovo, linguiça e molho de carne. Foi muito citado na novela "Hilda Furacão"da TV Globo

O "ET"da fazenda SOLEDADE

João Antonio, administrador da Fazenda
Era um sujeito se'rio, se'rio ate' demais
Cortava serviço do seu filho, quando faltava
As "ordens" no sa'bado, eram dadas, mas ele quem mandava!

Um dia, pra' dizer o certo, numa noite
Contou um caso que guardei
De manhã cedinho, indo pra' tarefa tirar
Viu de longe, debaixo do pe' de cafe'

Um "disco" dependurado, e um homenzinho...
Pegando nos galhos sem colher
Viu de longe e' certo, mas que depressa
Correu pra conferir!

La' chegando so' viu marcas
De um" tripe", feitas no chão
Não viu pegadas, não viu mais nada
Mas no pe', a colheita, tinha sido feita adiantada!!1


Autoria Autor:Victorvapf
Ficha técnica Fazenda Soledade, sul de Minas, de'cada de 70. O "objeto" foi visto pelo Administrador Senhor Joao Antonio, que era uma pessoa seria e honesta, o que faz com que seu caso seja levado a serio, principalmente por mim. Vinte anos depois, nao sei bem quando, apareceu o ET de Varginha, que ficou famoso e muito divulgado.
"Ordens", sao vales que eram dados aos sabados aos trabalhadores rurais, uma especie de "vales" para compras na "venda" do lugarejo mais proximo..."Cortar serviço" era quando o administrador dizia quantos dias o Estavam com o Joao Antonio: Jose David,Antonio Passarinho,Joao Mane,Vantuir, Gessy,Tulina, Calina, Ressolina.

O "Brilhantina"

No intervalo das aulas no Colegio Anchieta, de manhã
A gente ia no bar, que tinha em frente
La' estava o" Brilhantina", rapaz bem afeiçoado
De paleto' marrom animado, conversando

Não era meu conhecido, mas dele sabia va'rias estorias
Uma delas e' que seu pai, certa vez lhe tomara o carro
Como ia todos as tardes na "Elite," famoso bar da rua da Bahia
Não pensou duas vezes:

Pegou o trator, maior que tinha
Na Construtora famosa de seu pai
De "terno" branco "panama"
Estacionou o veiculo em frente ao" afrancesado" cafe'

Todos viram, ele descer com cuidado da ma'quina roncadoura
Assentou se calmamente, conversou, se serviu
Foi embora, na hora de sempre!
O vigia deve ter se aliviado, ao ver chegar ao pa'tio

O patrãozinho e seu "carro" improvisado...


Autoria Autor:victorvapf
Ficha técnica Elite era uma famoso bar cafe' que ficava na rua da Bahia em frente a Kopenhagen. Ele deve ter estacionado a ma'quina em frente a "bomboniere", porque do outro lado passava o bonde, muito rente ao passeio do cafe'.Eu não presenciei nada, ouvi contar !Achei interessante a lembrança deste caso contado. BH, MG.

O aquecimento global...

Eu vi
Uma andorinha em Roanoke
Não queria migrar
Estava quente
Mes de dezembro

Não iria nevar

Pra' que migrar!
Voar, voar, voar
Voar, passar pelo Me'xico
Caribe, Amazonas, parar no sul de Minas?

Pra'que? Cansativo demais...
Ainda bem, que agora tem o aquecimento global
Vou criar familia aqui mesmo e
Avisar pra' todo mundo

Que a migração acabou


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Belo Horizonte MG poesia textos-literatura
informações
Autoria Autor: victorvapf
Ficha técnica Roanoke, Virginia Usa

O Padre Anchieta

Encontrei o Henry, nos fundos da redação do "Estado de Minas"
Trabalhava na Editoria de Pesquisa...
Estava escrevendo sobre a vida de Padre Anchieta
Umas quatro pa'ginas, batidas â ma'quina

Observava o "cachacinha", amigo la' do bairro
Me disse que estava dificil escrever...
Para que todos tivessem interesse em ler
Que teria que inventar alguma coisa

Como inventar? Questionei, nao e' pesquisa?
E', mas se colocar frio, frio, ningue'm le
Coloquei que o Padre Anchieta estava com um tosse louca
Que foi na farma'cia comprar um xarope...




Ficha técnica :Se alguem por acaso leu, que Padre Anchieta tomou Xarope, e` bom desconsiderar, porque realmente nao teve nada disto. E', porque, de repente cai at'e uma pergunta destas numa prova de algum vestibular...Cachacinha era o apelido dele, gostava de um "rabo de galo". (rabo de galo: Cachaca com Cinzano

A "ra'dio perereca"

Quando meu irmão voltou pra' Montes Claros
Ele deixou a pequena ra'dio que de la' trouxera
Fiz a antena como mandava a te'cnica
Usando um bastão do meu tempo de escoteiro

Estiquei ate' no alto do telhado o fio
Que nao podia de jeito nenhum dar "barriga"
Puxei a "antena" para o barracão
O transmissor tinha uma va'lvula famosa: A " 117 L7 GT "

Liguei o ra'dio transmissor, iria "entrar no ar"
Aqui fala a "PYPE a emissora do trabalhador"
Transmitindo numa faixa de 40 metros
Ola 40, ola 40, ola 40...!


Ficha técnica Naquela epoca era muito comum o uso de radios chamadas "pererecas", o problema era o Dentel que de vez em quando pegava uma delas...Mas a gente entrava no ar por no maximo 30 minutos...A va`lvula 117L7 GT era o que havia em materia de valvula, diziam, eu mesmo nao entendia nada...Belo Horizonte, Minas.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A carroça de leite...

De madrugada eu escutava quase dormindo
O barulho da carroça do "Cabo Quinze"
"Matraqueando" nos "pe's-de-moleque" da calçada
Ate' parar na porta de casa

As garrafas de leite batiam umas nas outras
Deixava o litro no alpedre de casa
La' com certeza, ja' estava o pão...
Meu pai, conversava baixinho, eu ouvia

Esperava o jornal que era jogado la' da rua
O barulho agora era o jornal que batia na porta
Meu pai mais que depressa levantava
Queria saber das noticias do dia

Viro na cama
Puxo as cobertas
Ainda bem que hoje e' s'abado
Durmo novamente!

O projeto arquitetônico...

Conversava com a Selma no momento em que o Britto
Arquiteto do Banco da Lavoura, me entregou um papel, dizendo:
Toma a planta de "ensolação" do terreno
Projeta uma Loja, Sobreloja e tres apartamentos por andar

O predio tera' onze pavimentos, no centro de Uberlândia!
Me entegou o papel e sumiu pro Rio de Janeiro
As medidas estavam nele e localização do terreno
Me senti um Niemeyer...

Esbocei o projeto, deveria ter uma marquize que chamasse atencão
Um "Livro aberto" era a idéia
Duas colunas perfurariam o" livro", que ficaria" suspenso no ar":
Projetei Loja e Sobreloja, os elevadores e tres aptos. por andar

O Arquiteto aprovou o estudo, autorizando a execução
Desenhei definitivo...oito pranchas de papel "linho" inglês!
O prédio foi construido, está lá: ll pavimentos, ate' hoje!
Em Uberlandia...

Eu mesmo nunca vi', sempre tive vontade de ver...


Ficha técnica: O arquiteto era muito ocupado e passava as obrigações para a gente, depois aprovava ou nao... e o servico ia saindo...Banco da Lavoura, Centro de Belo Horizonte MG.

A árvore...

Eu sou a árvore
Dou sombra, dou frutos
Dou galhos secos parar queimar
Dou brotos para brotar

Dou sombra pra' sombrear
Os frutos, não precisa roubar
Quem quiser pode levar
Apurar as sementes para plantar

Se vai arar, pode arar
Com minhas sementes
Também semear...
So' peço que cuidem...

Não arem e deixem a terra secar!!!

Pois as sementes podem matar
Mas se quiserem podem voltar
E novas sementes podem levar!!!

Seria bom , muito bom também, não me podar!

"Fidel e a Sierra Maestra"

Minha pequena moto roncava pela Av. Parauna
Parava nos gramados do meio, na Av, Afonso Pena
A turma estava reunida todos os dias ali'
Turma boa, tinha músicos e compositores e se discutia política...

Nunca fui chegado nessa de compor
Ouvia, participava cantando, porque violão, neca!
O Beto , numa noite, daquelas normais
Me chamou no canto, sério me disse:

Voce, tenho reparado, suas posicões políticas
Estamos arregimentando um pessoal ai'
Para ir prá "Sierra Maestra", em Cuba!
Tudo pago, pra' ajudar o "Comandante Fidel"

Ele ta' embrenhado na montanha no meio do mato
Muita gente ja' foi
Cê quer ir também?
Vou ver, amanhã te dou a resposta:

No outro dia não fui la'
Mas tomei uma séria decisão:

Nunca mais discutiria política!!!

"Hilda Furacão"

O "Bar do Miro" ficava em frente ao ponto de ônibus...
Eu jogava "sinuca"
Quando disseram:
IH! A noiva largou o noivo no altar!

"Sumiu no mato"
Como? Sumiu???
E', deixou ele sozinho !!!
Saiu devagarinho, segurando a ponta do vestido...

Deu uma "corridinha" no final da "passarela vermelha"
Desceu as escadas e pegou o primeiro taxi que apareceu!!!
A escadaria ficou cheia de gente!
Gente que estava la' dentro!

A notícia chegou

No primeiro ônibus que veio do centro!


Ficha técnica: Fato acontecido em Belo Horizonte, somente depois da novela Hilda Furacao da Rede Globo é que ligamos um fato ao outro.
Novela escrita por Gloria Perez, baseada no livro "Hilda Furacão" de Roberto Drumont.

Uma sueca no meu caminho...

A matinê do Minas estava lotada naquele carnaval!
Meu irmão me alertou, na entrada:
Tem uma loirinha te esperando la' na "roda"
Entrei na roda, era uma linda, fantasiada de "Grega"

Chamei-a pra' dançar...
"Ai lourinha deixa eu gostar de voce", cantava!
Ela deixou!
Encontrei -me com ela por nove meses...

De manhã, de tarde e de noite...
Naquele ano, tomei "bomba"!..

Conheci o amor mais puro...

Brigamos! Ela chorou por mim e eu chorei por ela!

Não sei como duas pessoas que se gostavam tanto, se separaram...

Conheci o amargo do fel...

'As vezes, quando o amor e' demais, não da' certo!!




Ficha técnica: Ainda bem que não deu certo, porque vivo muito bem com minha esposa e filhos... O fato aconteceu no Bairro Santo Antônio.BH.MG
Jânio Quadros iria falar em BH
A União dos Estudantes Secundaristas, fez a convocacão
A " Praça Sete" estava com propagandas do " Lott"
"Torres de petróleo", com dizeres:" O Petróleo é Nosso!"

Ele era o candidato da situação, retratos do Getúlio e tudo!
O comício seria na "Praça da Estação"
Nos reunimos na "Praça Sete"
A Polícia chegou, perfilada, batendo no peito!!!

A correria foi total...A cavalaria avançou em cima
Montes de "rolhas" jogadas no chão
Cavalos caiam com o pisoteio
Bombas de gas lacrimogeneo

"Quebra-quebra" geral, Onibus, Banco Mineiro...
Voltei pra' casa...
Dormi! Quando acordei, fiquei sabendo:
Quebraram o açougue que tinha perto de casa!!!!


Ficha técnica: O Comício era do Jânio Quadros, com o slogam: "Jânio Vem ai com a vassoura na mão"...Os estudantes estavam com ele...BH Minas, Praca Sete e o Quebra quebra. O comicio foi realizado na Praça da Estacao, na presença de uma verdadeira multidão!

A teoria da relatividade de Einstein e o caipira...

O sol está se pondo atrás da serra!

"Oia sô, que beleza! Pena que vai esconde!!

Vá `a cavalo na serra e voce verá ele de novo!...

Uê é mesmo, daqui eu vejo de novo o sol se pondo!!!

Vã atrás da outra serra 'a cavalo que voce continuara' vendo!

E' mesmo, tô veno ele ainda, e' so' corrê atrais dele!!!

Pois e', você corre atrás, que ele nunca vai se por!

E' assim: Se a gente correr atrás, o tempo pára!

Quer dizer que se eu andar atrais do sol o tempo p=ara?

E lo'gico, quando voce" anda" o tempo "pára"
Quando você para, o tempo "anda"!
E' relativo!!!

Uê, num precisava um cientista genial descobri isso não uê!
Qualque um de no'is descobria isso!

E', mas ele descobriu primeiro! E' gênio então!

E', próxima vez, vou pensa numas coisa assim!!!

A Adil e o "Che Guevara"...

Adil morava na rua Leopoldina, no Bairro Sto Antônio
Fui numa festa na casa dela.

O "Che Guevara" fora convidado pelo Jânio para ser condecorado
Quando voltasse da reunião da OEA, no Uruguai

Eu vou a Brasília só prá ver o "Che" e pegar um autógrafo dele!
Ninguém acreditou na Adil...

A Adil foi em Brasília
Esperou a condecoração prometida:"Ordem do Cruzeiro do Sul"

Foi no Hotel que ele estava hospedado
Viu ele de perto!

Pegou o autógrafo dele
E dormiu por lá também...


Jânio Quadros , dizem, atendeu um pedido do então Presidente Kennedy... para aplicar no Brasil os investimentos provenientes da Aliança para o Progresso...Jânio convidou Che Guevarra, na volta da reunião da OEA, que viesse em Brasilia para receber esta alta comenda, o que realmente aconteceu...A Adil, dizem foi a Brasília e se encontrou com o Che...
Quanto ao Jânio, dizem que foi um "desabafo" etílico do nosso mandatário maior, a sua renuncia...

Meu amigo"Candinho"

Quando fui procurar o "Chefe do Funcionalismo"
Eu estava com um cartão na mão
Do "Seu Candinho", secreta'rio do "Superintendente"
Que me dera uma ajuda, a meu pedido...

Não conhecia, pois apareci sem querer em sua sala!
O Chefe olhou assustado o cartão:
Quem disse que tem vaga em Lavras? A vaga vai abrir ainda...
Pois e', o "Seu Candinho" disse sobre esta vaga e eu quero ir pra' la'!

Meia hora ele ficou calado e eu tambe'm, esperando ...
Vou lhe mandar pra' la', como exedente, não tem vaga, vai abrir!!!
Obrigado Seu Dercely, obrigado! Fiquei euforico, acalmado por ele!
Leva este memorando, apresenta ao Gerente la' em Lavras!!!

No dia da posse, fui conhecer primeiro a Cidade passeando...
Dia 19 me apresentei ao meio dia no Banco
Mas era ontem o dia! Tenho que dar posse com data atrasada!
Não tem mesa pra' voce assentar...

Quem nomeou voce pra ca' como exedente?Pergunrou o gerente
Foi o "Candinho", secreta'rio do "Superintendente"
AH! o "Candinho"...?
Dai' pra' frente, comecei a ser tratado como gente!!!

Brasil e Hungria...

Estava indo pela estrada de Nazareth de Minas
Pra' fazenda de minha sogra
O jogo estava 1 a zero pra' Hungria
Copa do Mundo de 1966

João Saldanha comentava pelo ra'dio
Esse time da Hungria não e' de nada!
O Brasil vira este jogo...
Desce Puskas,passa por um´, por dois, entrega pra' Lantos...

Gool da Hungria! Gooool da Hungria, 2 a zero e' o placar!
Isso não da' em nada, e' sorte, o Brasil vira o jogo!
O tempo passa e o Brasil faz um gol!
Não disse! O Brasil vira este jogo!

Vai descendo Czibor, entrega pra Hidegkuti, pra Kocsis, pra Puskas
Goool da Hungria! Goool da Hungria!!!
Juiz apita! Fim de Jogo! Fim de Jogo! Hungria vence o Brasil 3 a 1 .!

Nunca mais levei a se'rio comentarista de futebol!!!

A república...

Estava em Montes Claros passando as férias
Na "república"de meu irmão
Ela ficava entre a Matriz e a "Zona Boêmia"
Virando 'a esquerda era a "Zona"

Virando 'a direita era a" Praça da Matriz"
Não que eu quizesse virar so' a esquerda...
Mas preferia, porquê de bicicleta era melhor na descida
Todos dias eu descia a rua que dava na" Zona""

As mulheres ficavam nas janelas
Eu cumprimentava quando passava pela manhã
Ia ate' a "Praça de Esportes" que era no final da rua
A casa da "Roxa" tinha uma luz vermelha

Aquelas ruas eram alegres e movimentadas
De dia e diziam que de noite muito mais...
Um dia, presenciei uma briga entre duas mulheres na rua:
Não e' igual homem não , a briga e' muito mais violenta!

O Trem para Montes Claros...

Ia de trem para Montes Claros de "Leito"
Era noite, e aquela mulher me convidou para jogar cartas
Eu comecei a jogar cartas com ela
Não sei, não me lembro qual jogo...

So' sei que era uma mulher casada, nunca tinha visto
Ela se insinuava, jogava, mas olhava muito
O trem balançava, nos baques dos trilhos...
Parecia um "batuque", um acompanhamento

Uma mu'sica que não tocava
Mas o "batuque" pedia uma mu'sica que não aparecia...
Eu bem que queria tocar a mu'sica
Mas não sei porque não toquei

Acho que devia so' ter o acompanhamento
Os trilhos e as rodas faziam muito bem...
Não tinha maestro, não tinha ningue'm, so' eu
Ela queria que eu tocasse a mu'sica

Porque o acompanhamento, ja' tinha de sobra....

O Parque Xangai...

De casa eu ouvia os auto falantes do" Parque Xangai"
Eles estavam instalados no terreno acima da Praça Raul Soares
Certa noite, meu pai me levou la'
O "Parque" era imenso, barracas, jogos, tudo!

Tinha um " foguete" que girava...
Visitamos va'rias "barraquinhas", o trem fantasma
"Alvarenga e Ranchinho" cantava e a multidão aplaudia
"Eram duas caveiras que se amavam ..."

Eles faziam o desafio em versos..
Meu pai prestava muita atenção
Dois "caipiras" no alto do palco
Uma multidão se espremendo ca' em baixo

Todos riam muito!
Alia's, todos estavam alegres...
Meu pai ria e batia palmas!
Tinha muita alegria no ar...

Ganhe um carro, usando sabonete Lifeboy...

O sabonete "Lifeboy " lançou uma campanha
Ache a chave de seu carro dentro do sabonete
Tinha uma estoria
De algue'm, que tomando banho

Se arranhou com uma chave
Tinha ganho um carro!
A propaganda foi bem feita
Pelo ra'dio, televisão não existia

Sonhava em achar uma chave do carro
Dentro do sabonete
Furava todos eles
Pela capinha mesmo

Agulha não era boa
Boa mesmo era faca
Pontuda afiada
Que o sabonete estragava

Silki, o faquir...

Era na Galeria "Dantes" em Belo Horizonte
Que Silki o faquir queria bater o recorde
Ficar sem comer 132 dias
Acorrentado numa urna de vidro

Deitado em cima de pregos
Cercado por mais de tres cobras
Usando uma tanga indiana
Um turbante...

Dois soldados se revezavam na vigia
Nada de comida, jejuar geral
Eu passava la' todos os dias
Na sai'da da aula do Colegio Anchieta


Olhava as cobras. deitado nos espetos
A placa dizia, 80 dias jejuando
Eu com uma fome descontrolada
Desde a hora do recreio sem comer...


Ficha técnica: O Edificio Dantes, fica no Centro de Belo Horizonte, o Colegio Anchieta era na rua Tamoios, perto do Centro. Como nao pagava pra entrar, ia todos os dias la'. O Faquir bateu o recorde mundial jejuando 132 dias, saiu debilitadissimo da urna, alias direto pro hospital.

Um ráio não cai duas vezes no mesmo lugar...

Furnas estende um dos seus braços
Separando Nazareth de Minas de fazendas
Do outro lado eu via o Sítio do Guinho que estava 'a venda
Ia vê-lo, mas armou uma tempestade, o céu escureceu

Tudo ficou negro...
Um ráio cortou o firmamento, caiu no terreno
Uma nuvem negra se formou em cima do lugar que ia visitar
Desprende outra faisca, explode no gramado!

A tempestade começou justamente naqueles belos pastos
Eu contei uns vinte ráios que caiam no mesmo lugar
Me contaram que tinha alguma coisa lá que atrai ráios
O espetáculo era belíssimo

Quem não devia gostar era o Guinho
Que colocou tudo 'a venda
Desistí de ir la'
Um ráio não ca'i duas vezes no mesmo lugar...

Cái vinte vezes!!!


Ficha técnica: Nazareth de Minas fica no Sul , e' conhecida como "Sapecado". depois dela e ' o Porto dos Mendes, que de barca atravessa a represa de Furnas para ir para Campo Belo.O Sitio do Guinho, ficou abondonado, ele se mudou prá outro lugar, depois é que alguém se arriscou e o comprou.

Põe Água na luz!..

tarde já ia embora, na fazenda "Soledade"
Primeira noite que iria passar la'
Namorava a minha futura esposa.
Fomos no final do rego d´a'gua verificar o di'namo

A correia estava bamba !
Meu cunhado entrou no fosso, viu a ponta da cetilha
Regulou a boca de sa'ida d' a'gua
Trocou o carvãozinho...

Correia esticada, carvão trocado,
Fomos na represa soltar a a'gua
A luz foi chegando aos poucos...
Clareou de vez !

Acendeu o ra'dio que chiava
Chiava mais do que falava
Era assim, toda noite na roça
As vezes, a gente, distrai'dos lá em baixo, ouvia a sogra gritar:

Põe 'agua na luz!..


Ficha técnica: A Fazenda Soledade fica pro'ximo ao Porto dos Mendes, Sul de Minas... Toda noite ti'nhamos que ligar a luz, soltando a 'agua no rêgo para tocar o di'namo que gerava luz para a Sede...Ouvi'amos o ra'dio chiando muito pela interferência do gerador...
Cetilha: boca que regula a sa'ida d`agua ...e toca rodas horizontais...

As férias no Rio...

E'ramos uns oito a passar fe'rias no Rio
O lugar não poderia ser melhor
A Pensão da Dona Dina...
Avenida Atlântica, de frente pro mar¨

Instalados la', surgiu um problema
Aonde guardar nosso dinheiro
Tive a ide'ia na hora, vamos depositar!
Porque deixar na pensão, nem pensar

Fui num dos bancos mais importantes, pertinho dali'
Abri' uma conta, recebi talão de cheques, cadernetinha...
Dinheiro ficou em lugar seguro!
So' que todo dia, ia na agência sacar o dinheiro da turma

O Gerente no inicio me atendeu muito bem
Mas depois foi desconfiando com aquele saque dia'rio
De tanto que entrava e sai'a, o homem desesperou ...
Pediu meu talão de cheques, mandou sacar o resto que havia

Depois de rasgar meu talão falou raivoso:
Cliente igual a você o Banco agradece...
Peguei o dinheiro no caixa...
Sai' devagarzinho, pisando naqueles tapetes chiques!!!


Ficha técnica: Ano de l960, Pensão da Dona Dina, Avenida Atlântica, posto 5...Uma das poucas casas grandes de frente para o mar, transformadas numa pensão. O Banco que eu fui, era o mais chique de Copacabana, e eu achei normal abrir uma conta para controlar nas fe'rias...So' que o gerente não contava que eu so queria segurança para meu dinheiro (tarifa zero ) .So' saque e trabalho dia'rio para o caixa...Realmente não esperava uma atitude como aquela, mas pensando bem, eu era um cliente bem desnecessario...

O Carneiro da Maroca...

Acho que corria o ano de 66, quando estava junto com meus cunhados, na venda do Vantuir, alia's, a 'unica do "Sapecado", lugarejo, aqui pertinho da fazenda de minha sogra.
Cavalo arreiado e amarrado à porta, garantia de volta. Me espalhei na poltrona da salinha do amigo, sorvendo uma da boa e beliscando o carneiro. Dali mesmo, via a cozinha da Maroca, esposa fiel, cumpridora de seus deveres, movimentando, soprando o braseiro, fazendo as panelas chiarem, tal qual maestro regendo sua orquestra!
Meus cunhados, mais chegados ao dono, metiam a mão nas panelas e via a Maroca toda risonha, achando graça nas liberdades ali tomadas e adquiridas...
Estava um pouco sonolento, para falar verdade, apesar do medo que sempre tive de bebida, estava deixando rolar, porque realmente o ambiente era de festa, pois, la' fora, não disse ainda, comia feio, o comício que o Doutor Dario estava fazendo...

Lugarejo sem luz, em cima de um caminhão iluminado por gerador, miravam o holofote para a multidão reunida, naquele, que era uns dos primeiros comícios permitidos pela "jovem" revolução...
A venda era iluminada por lampeões, pouca luminosidade, nos permitia na escuridão da saleta, algumas deselegâncias, tais como, comer com as mãos, tirando da travessa na mesa de centro, pedaços do carneiro, que só ela sabia fazer.

Quando tinha já tomado uns bons tragos, eis que chega um "mensageiro" afoito, dizendo, que o Doutor Dario me pedia para falar sobre a instalação de uma Agência do Banco do Brasil no Município que ele disputava a campanha. Ora, o que falaria? Se soubesse que seria convidado, teria preparado um "improviso", brinquei...
Tentava escapar deste incômodo convite, mas não deu, porque meus cunhados em coro, apoiaram a iniciativa! Pois, adoraram a idéia de me ver sair desta situação: Falar para o povo!
Mais que depressa, disse-lhe: direi algumas palavrinhas.Pedindo para avisar a hora, completei o recado com uma boa talagada, esta seria para me dar coragem pois, a sentia fugindo...
Nem pisquei, quando pelo alto falante, ouvi em alto e bom som, chamarem: -Agora daremos a palavra ao "Victor Silva"...
Como Victor Silva? Ah! E' por causa de sua sogra que se chama Silvia! Mas ela se chama Silvia! E não Silva... É engraçado o povo daqui, tem mania de ligar uma pessoa a outra, eu fiquei, parece, ligado `a minha sogra. Mas, isso não tinha importância, estava ligado era no que iria falar e como falar...
Subi na carroceria do caminhão...
Comecei a falar pausadamente, devagar, como manda o figurino,
aos poucos, aumentando o volume da voz...me empolgando...

Num relance, vi no foco do holofote, meu cunhando se atracando com sua namorada no bambuzal em frente! Quase perdi o fio da meada... Mas, como dizia, fui me empolgando e além de falar sobre o Banco do Brasil, onde trabalhava, resolvi por conta própria, enaltecer as qualidades do candidato, que realmente não me pedira isto. Estrapolei demais, eufo'rico que estava, estimulado pelas calibrinas, via no silêncio da multidão, um apoio não esperado às minhas palavras...Estaria agradando? Dizia: -Quem for meu amigo, devera' votar no Doutor Dario, candidato que apoio firmemente para Prefeito ... Nazareth de Minas, tem que votar em massa neste candidato, que e' o melhor dos três!
Tinha tomado o cuidado para não chamar o lugar pelo apelido: "Sapecado", como é conhecido, mas, ignorado pelos amantes do lugar, que não saberia dizer quantos, mas, sabendo, que meu novo apoiado perderia uns bons votos.
Finalmente, bateram palmas, sendo abraçado pelo meu novo aliado politico, que dizia: -Você foi bom demais para comigo! Não merecia tanto!
Mas o tempo foi passando e levado pela curiosidade , interessei- me pelo resultado da eleição: Qual seria o resultado, sera` que eles dariam bons votos para meu "candidato"?
As urnas foram abertas e so' queria saber do resultado .
O Doutor Dario perdeu em todas as urnas e fato ine'dito foi: Ganhara em Nazareth de Minas dos dois outros, dando- lhe, pelo menos esta satisfação...
Continuei levando minha vidinha, desligado da politica, pensando mais no carneiro da Maroca e, agora, com um novo amigo arranjado...