sexta-feira, 30 de abril de 2010

Minas Gerais não tem mar...

Minas Gerais não tem mar...

1 victorvapf · Belo Horizonte, MG

7/12/2009 · 16 · 57
Minas Gerais não tem mar...

Vou fazer uma campanha
Pra que Minas, tenha mar
Vocês vão achar que é manha
Mas depois vão me apoiar

Vejam só que injustiça
Da nossa Federação
Todos da beirada, tem mar
Só Minas, que não tem não

A gente vê no mapa
Que ate' a Bahia impede
Minas ter uma saída
Pois nem corredor ela cede

O Espírito Santo podia
Um pedaço a Minas ceder
Mas você toca no assunto
Vê a coisa endurecer

Então viro para o Rio,
Que completa este cerco
Peço então uma fatia
Mas não ouvem e eu me perco

Apesar da oposição
Continuo a minha luta
Pois o mar... Ele é de todos
Mas o que eu quero...

Só se for na fôrça bruta!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os dias Santos...

Os dias Santos

Acho que estava de férias na fazenda de minha sogra. Porque tinha tempo de ajudar nos trabalhos diários.

Ela, viúva, batalhava sozinha, com cinco filhos pra criar, menos uma, que agora era minha esposa...
Mas eu estava ali sem fazer nada, não custava me prontificar, oferecendo meus préstimos, pois fiquei sabendo, numa daquelas rodadas de cerveja e pinga no Sapecado, que tinha uma comunidade no Cedro, ali perto, que se ofereciam para capinar aqui e acolá.

Naquela manhã de domingo acordei cedo, peguei meu jipe e rumei para o Cedro, que ficava a umas boas aceleradas do meu carango...
O lugar era espalhado, quer dizer, via-se um campo de futebol, com o pessoal jogando, e umas casas em frente, destacando-se a do designado chefe daquela comunidade...
Não me lembro o nome de quem comandava os moradores do lugar, mas era um velhinho de fala mansa, educado, que me chamou para entrar...

Sua sala parecia uma sucursal do Vaticano, tinha santo espalhado por todas as paredes e entre olhar para eles e para aquele senhor, disse-lhe da razão de minha visita:

Queria marcar com uma turma, para trabalhar numas tarefas no Café de minha sogra...

-Ah! Dona Sílvia, muié do Tião Rodrigue, conheço, trabaiadora, ficô viúva cedinho, criô a famia toda, muié de valor...
-Mas cê queria o quê mess..?

-Queria que o senhor arranjasse uma turma pra levar pra fazenda de minha sogra. O mato tá dando na cintura...

-Ê, Vitinho, vou vê procê o que posso fazê...

Segunda num vai dá, purque é dia de São Benedito...
Terça nóis guarda dia santificado, mas na quarta feira nóis imenda porque quinta é dia de Santa Emengarda...

Vitinho, só na segunda que vem messs...

Combinado! Então, espero a turma, doze né? Lá no bambuzal do Zé Reis, seis e meia da manhã, né?

-Combinado! Cê aceita um licorzinho?

Depois do licor, rumei todo alegre pro Sapecado, encontrar com o Vantuir, cuja venda fica lotada lá pro meio dia.

O Vantuir é quem fornece mantimentos para os trabalhadores da fazenda, depois de um mês, minha sogra acerta as “ordens” que ela dá nos despachos de sábado...

Às vezes ouvia ela dizendo que as contas não estavam batendo...

Entre uma cerveja quente e uma pinga, me despedi e fui dar a boa nova :
-A turma já está combinada lá no Cedro, será segunda que vem...Doze enxadas...Falei todo entusiasmado.

Ah! Tá bom...

Achei meio estranho minha sogra não compartilhar da minha alegria, mas que fazer, pensei...

Aquela semana demorou passar, não sei se pela aflição de vir logo executada minha obrigação...
Mas, segunda feira estava aí, eu no bambuzal à espera, pois eram seis e meia e minha parte cumprida do combinado...

Sete horas, nada! Oito horas, nada! Volto pra roça sem saber o porquê do desencontro...

Da fazenda mesmo, num impulso de revolta pelo “bolo” tomado, resolvi ir até aquela comunidade, apurar o que ocorrera…
Lá chegando, a turma jogando futebol, numa animação sem tamanho, como se nada tivesse acontecido...

Observei incrédulo: Esta é a turma que ia capinar pra mim? Achei até um pouco de graça.
Quase me esquecendo do que vinha fazer ali...

O velhinho, veio ao meu encontro na porta de sua sala, convidando para entrar, muito amável, se desculpando, pedindo para assentar...
Traz um café pro Vitinho aqui muié…

-Ce me discurpe Vitinho, mas esquici que nóis guarda o dia de São Leopoldo e caiu justinho na segunda feira, dia do combinado...

Disse aquilo, enquanto eu olhava as parelhas de bois vermelhos do Joaquim Boaventura, com seu carro de boi cantando pelo trilho da estrada, vestido com seu terno de linho, bem arrumado, tocando os bois,com vara na mão e devidamente descalço:

-JUSTA “Tranquilo”!, ARRUMA “Pião”! VAI, VAI !!!

- Ô juntas danadas de bonita, estas do Boaventura, hein Vitinho?

O blecaute

O blecaute

Eu era bem pequeno
Ouvia meu pai falar:
Blecaute! Blecaute! Vão apagar todas as luzes!
Ouvia barulho de aviões. Caças, falava!

A cidade toda escura
Da janela eu via, ninguém nas ruas...
Vôos rasantes
Meu pai dizia:

Estão soltando sacos de fubá
Imitando bombas...
Fubá e' leve, não faz mal, pensava!
Exercício de guerra! Prevenção!

Da janela eu queria ver...
Imaginava sacos de fubá estourando no chão
Seria verdade o que meu pai falava?
Até hoje não fiquei sabendo,

Nunca perguntei!

O grito sem eco

O grito sem eco

Eu moro aqui
Todo dia gritava
O eco respondia
Na montanha...

Agora as máquinas vieram
Levaram o minério
A montanha minguou
A poeira chegou

O eco acabou...

As piabas

As piabas

Eu, com a peneira na mão
Pegava piabas
Todos os dias, não sei
Só sei, que pegava piabas no poço

Ali, bem perto de casa
No Bairro do Prado
As piabas pulavam tentando escapar
Mas o cambão eu enchia

Me banhava na água
Voltava por uma trilha
Que hoje é uma rua
Cheia de casas, de prédios...

O asfalto se espalhou
Tomou conta de tudo
Até do meu poço!
Onde eu pegava piabas

Que pulavam da peneira
Tentando escapar.

Eu "apaguei" a chuva!

Acordei, de madrugada,
Ouvi barulho de chuva!

Que bom que esta' chovendo
Chove bastante!
Molha as plantas!
Apaga a poeira!
Chove mesmo, torci! Faca barulho, bastante barulho!
A "florada" agora abre!
Estava precisando, nao chovia ha' dois meses,

Virei na cama, esbarro no "radinho", tava ligado!
Chiando, apaguei o radio!

"Apaguei "a chuva!...

Ontem fui dormir na casa da minha avo'...

Ontem fui dormir na casa da minha avo'...

Aquele dia, não desci de "carrinho de guia" ate' a casa de minha avo', porque queria dormir la'.
Tinha pedido pra minha mãe, que deixou, me dando o pijama...
Chegando, fui direto pra "ameixeira" e depois no pe' de "fruta do conde", que nascia no vizinho e atravessava o muro!..

Anoitecia, pois tinha chegado tardinha la' em baixo, onde morava, na rua Quintiliano Silva!

Jantei e repeti macarronada e feijão socado, que minha avo', de Diamantina fazia a' moda de la`.
Dizia ela que feijão tem que "socar" porque o miolo sempre fica cru:
Só' depois de "agarrar" no "soquete" e` que esta' bom pra por caldo...Cheirinho de alho!
O quarto que minha avo' me deu, era o "da frente", mas não tinha vista...

O problema era dormir: Como fazer? Urinar na cama era meu tormento!
Mesmo depois de esvaziar a bexiga, acontecera de mijar ... Mas na casa de minha avo', nunca! Também, nunca tinha dormido la’!..
Dormi com medo...

De madrugada, acordei molhado!Tinha mijado ate' não poder mais! Acendi a luz, com cuidado, virei o colchão, arredei a coberta e dormi de lado, porque a urina tinha vazado!

De manha', um "trisco" de luz do sol, atravessou a veneziana, indicando que era tarde... Ouvi vozes, minha tia já estava na sala...

Levantei, com cuidado,deixando a cama bem arrumada e sai'...

No alpendre ainda ouvi minha tia dizer: -

Isto sim, menino educado, "fez a cama" direitinho, não e' como seus primos não!..
Este blog é um conjunto de lembranças...